Cores em alta voltagem
Parece loucura, mas a indústria de
brindes inventou uma tinta elétrica
que faz até as camisetas falarem
Por Daniela Fernandes
Era só o que faltava: depois da tinta lavável, da tinta antimofo e da tinta imantada, inventaram a tinta elétrica. Isso mesmo. A tinta que conduz energia é uma criação da T-Ink, dos Estados Unidos, e acaba de chegar ao Brasil pelas mãos da australiana Creata Promotions, uma das maiores do mundo na fabricação de brindes. É algo surpreendente. A Creata já usou a tinta para estampar o famoso sapo da cerveja Budweiser numa camiseta. Coloque a mão no bicho e pronto: ele coacha em alto e bom
som – sem fios, sem tomadas, sem pilhas, sem chips. Há apenas um minúsculo
alto-falante colado na roupa.
Como toda engenhoca tecnológica que chega ao mercado, ainda é cedo para dizer o impacto que a tinta elétrica causará. Mas alguns já falam em “revolução na história do marketing”. Exagero ou não, o fato é que a tinta misteriosa (cuja fórmula é um segredo tão bem guardado quanto o xarope da Coca-Cola) tem um potencial inesgotável. Com ela, pode-se criar um mouse pad que emite o som de uma garrafa de cerveja se abrindo, um boné que exala perfume e por aí vai. Até o Exército americano está de olho na invenção. Segundo o site da T-Ink, o Pentágono estaria testando o produto em uniformes nos quais a tinta ativa rádios e displays de texto presos à roupa dos soldados.
Por enquanto, o setor de brindes, que movimenta R$ 2 bilhões no Brasil, é o maior beneficiado. E, por tabela, a Creata, que tem exclusividade mundial do uso da tinta. A companhia cuida do desenvolvimento e da produção de brindes distribuídos por empresas McDonald’s, Bic, Visa, C&A, Bradesco, Nestlé e Blockbuster. Com uma fábrica na China, onde emprega mais de 40 mil funcionários, ela produz três milhões de brindes diariamente, e só no Brasil desembarcam 45 milhões ao ano. Se a tinta elétrica pode turbinar os negócios? “Por causa dela, esperamos dobrar o número de clientes e brindes que distribuímos no Brasil. Podemos até montar uma fábrica por aqui”, revela Paulo Ferreira, vice-presidente da empresa para a América Latina. “O custo da tinta é muito baixo, e o valor agregado dos produtos em que ela é usada se torna algo fantástico”, diz o executivo.