Peraí, os budistas não acreditam em reencarnação no sentido espírita do termo.
e onde eu afirmei o contrário, que acreditam em reencarnação no sentido espírita do termo???
só o fato do dalai lama ser "identificado"significa que alguém nasce dalai lama, não escolhe ser dalai lama. logo, é fatalismo...não há livre arbítrio, e é absurdo declarar que há liberdade quando a única liberdade que se tem é a de destruir o livre arbítrio. com isso, penso que provamos que o Budismo é uma religião fatalista e liberticida. é, em outras palavras, DETERMINISTA. A grande Liberdade do Cristianismo é que é uma religião que te diz: vá e não peque mais. Se uma religião é determinista - como é o Budismo - o pecador não existe sem o pecado. qual a única maneira de tratar o pecador? morte. O Islamismo herdou esse orientalismo, e a cadeia de raciocínio islâmica pro pecado é bem parecida. Noves fora que o Cristianismo estabelece o Homem Comum: o que é livre pra duvidar de Deus, mas também é livre pra acreditar.
isso vai longe. e, pra começar bem eu "evoco" o grande GK Chesterton: "Passei anos tentando criar uma nova Heresia, que libertasse o Homem. Quando terminei, vi que era a Ortodoxia". E a que eu mais gosto: "Os homens que acreditam em si mesmos estão todos em asilos de lunáticos".
e algumas "ground rules" (só por respeito à lógica): não dá pra falar que o Cristianismo é falso e continuar sendo Cristão, assim como não dá pra declarar que o Ateísmo é falso e continuar sendo ateu. Você escolhe. E escolher é limitar, no sentido que, quando se escolhe algo, não se escolhe a outra coisa, e limita-se os passos posteriores. logo, aquele que não quer rejeitar nada, quer destruir a escolha em si, a Liberdade. E é esse o ponto que atrai os "mudernos"para o Orientalismo, essa limitação que deriva da Liberdade. E, pra negar esse ponto insuportável, buscam o conforto "oriental".
Vamos lá. Diferença básica 1: há o pecado original no Cristianismo. Por conta disso, a Felicidade depende de se FAZER ALGO. Afastar-se do Pecado. Nos orientalismo, a FELICIDADE DEPENDE DE NÃO SE FAZER ALGO, buscar a inserção, o "equilíbrio".
Pra dar um doce, eu posso concordar em uma coisa: a Moralidade. Mas não pela Moralidade em si, mas simplesmente porque moralidade deriva de QUALQUER RELIGIÃO. Moralidade é o suproduto da religião. Não é um contrato - "eu não te bato se você não me bater" - mas simplesmente é uma conclusão: não devemos brigar no local sagrado. O asseio não é simplesmente "cultivado", mas a gente se limpa e se purifica para entrar no local sagrado. Então constatar que os pontos morais são iguais nas religiões é constatar que de todas as mulheres grávidas nascem crianças e não peixes em algumas e crianças noutras. Mais um erro lógico.
Pra não ficar no Budismo, vamos pro Xintoísmo, ou mesmo pro Islamismo, e como eles tratam o suicídio. Um kamikaze ou um homem bomba se matam por "dever". Pra uma pessoa de educação judaico-cristã, o suicídio não é um Pecado. Ele é O Pecado. Um homem que mata um homem mata um homem. Um Homem que se mata mata todos os homens, na sua perspectiva. Um suicida, no fundo, comete um crime de ódio contra toda a Humanidade, e o Ocidental entende isso.
Os proto-cristãos, os primeiros mártires, tinham esse pessimismo oriental. Mas a igreja evoluiu, porque foi permitido a ela que evoluisse. Os Ocidentais de cultura judaico-cristã são livres pra evoluir a própria religião.
O ponto crucial do Budismo: o caminho (chame de Deus) está dentro de nós. As pessoas que não curtem ir na missa adoram falar isso: Deus está em mim, é meu Deus interior. Se você adora um Deus que está em você, em última análise você adora você mesmo.
As religiões animistas são fenomenos de sociedades jovem. Se vc está à mercê do Trovão, vc adora o Trovão e o chama Tupã. Só que a Natureza tem a beleza do dia e as trevas da noite. Adorar a bondade do dia faz com que você necessariamente adore a crueldade da noite. Nas religiões naturais, de sacrifícios humanos, bebes mortos etc etrc, taí a sua resposta do porquê essa crueldade é aceitável. Porque é natural.
O judaísmo e o cristianismo separaram Deus da Natureza. Deus é o Criador. E toda criação é uma separação. Quando um artista cria algo, quando uma mulher dá à luz um filho, eles se separam da sua criação. Não estão nela.
Em essência, o judaico-cristianismo é a negação do MESON, do Caminho do Meio: Cristianismo não é equilíbrio, é CONFLITO. O ensinamento cristão é o conflito constante entre duas paixões. A coragem cristã é um desdém da morte. Você quer tanto viver que arrisca-se a morrer por isso. A coragem oriental (islâmica, chinesa, kamikaze) é um desdém da vida: você não se importa em morrer, você espera a morte. O cristão não pode, em uma situação limite, agarrar-se desesperadamente à vida, pois a INAÇÃO irá matá-lo de qualquer jeito. E não pode não se preocupar com a Morte, porque será um suicida, e morrerá do mesmo jeito. O apego à vida nos tira o medo da morte.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")