52 Policiais Mortos num fim de semana

Notícias do cotidiano e outros assuntos que não se encaixam nos demais.

Postby mends » 19 May 2006, 09:58

BARBARA GANCIA

Igreja Católica também é culpada
"Aceita uma pizza?"
"Não, obrigado, doutor. Prefiro um X-picanha."
Haja sal de fruta para digerir a conversa ocorrida, no último sábado, entre o delegado-geral do Deic, Godofredo Bittencourt, e o chefe do PCC, o Marcola.
Depois de lamber a maionese do X-picanha dos beiços, Marcola informou ao dr. Bittencourt que pretendia matá-lo. E ainda enfeitou: "Eu posso entrar numa delegacia e matar um policial, mas um policial não pode entrar na cadeia e me matar, pois é obrigação do Estado me proteger".
Passada a onda de ataques e reestabelecido um mínimo de ordem no Estado, será que a classe média vai esquecer da queimação no esôfago, da ânsia de vômito e do gosto de podridão provocados pelo sanduíche do Marcola? Ou, como as enchentes de verão que só dão o que falar em dias de temporal, os ataques do PCC serão encarados pela população que não vive na periferia como um problema efêmero e, até a próxima transferência de presos de alta periculosidade ao presídio de Presidente Bernardes, não se fala mais nisso?
Em entrevista à Folha, o governador Cláudio Lembo disse que a culpa pelos ataques é da mentalidade da minoria branca. O presidente Lula, por sua vez, afirma que o problema começa na educação. Não me atrevo a discordar. Mas vale lembrar que a desigualdade também é fruto da falta de planejamento familiar, cuja inexistência continua a ser amplamente fomentada pela digníssima senhora Igreja Católica.
A saber: em 2000, John J. Donohue, da Escola de Direito de Stanford, e Steven D. Levitt, do Departamento de Economia da Universidade de Chicago, produziram "O Impacto do Ab*rt* Legalizado sobre o Crim*", um estudo mostrando que, nos EUA, o aborto legalizado contribuiu para reduzir o crime em até 50%. A tese é a de que filhos não desejados e/ou de mães solteiras são mais negligenciados e sofrem abusos maiores. Conseqüentemente, têm mais chances de se envolver com a criminalidade.
Só em São Paulo, são 3,4 milhões de jovens entre 15 e 24 anos, dos quais 950 mil não estudam ou trabalham. No Brasil todo, esse número sobe para 7 milhões de jovens sem nenhuma atividade produtiva. Some a isso uma geração de políticos que emergiu da ditadura com asco da autoridade policial e um poder público que não consegue nem sequer cumprir metas de saneamento básico e você terá a bomba atômica prestes a explodir que não saiu das manchetes da CNN e da BBC ao longo da semana.
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Postby mends » 19 May 2006, 10:10

Os autores do espetáculo

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 18 de maio de 2006



Não tenho razões para gostar do sr. Cláudio Lembo. No dia em que lhe fui apresentado – um encontro a que compareci na esperança vã de obter seu apoio para projetos culturais que teriam podido, talvez, desviar um pouco o Brasil do rumo de uma tragédia anunciada --, ele aproveitou a ocasião para fazer bonito ante uns esquerdinhas presentes, rotulando-me ultradireitista e recomendando-me a leitura da Bíblia para aplacar meus maus instintos políticos. Nada respondi. Limitei-me a tirar do bolso o velho exemplar do Novo Testamento e dos Salmos que me acompanha há anos, para mostrar que não tinha lições de religião a receber de um deplorável puxa-saco de seus próprios detratores.

No entanto, não posso assistir calado ao esforço geral da mídia para lançar sobre ele a culpa integral da desgraça ocorrida em São Paulo. Não se trata apenas de injustiça. É uma operação diversionista, calculada para ocultar da opinião pública os verdadeiros agentes causadores do episódio, cujas identidades, sem isso, saltariam aos olhos de todos, por ser demasiado óbvias. Para enxergá-las, basta juntar os fatos:

1º. Os bandidos rebelados confessaram ter recebido ajuda e treinamento do MST, entidade estreitamente associada à camarilha petista dominante e que por sua vez recebeu as mesmas coisas de outra organização amiga do governo, a narcoguerrilha colombiana.

2º. O presidente da República é pessoalmente responsável pela presença, nas ruas, dos doze mil delinqüentes que espalharam o terror e a morte entre a população paulista. Não tem sentido acusar o governo estadual de estar despreparado para a situação e ao mesmo tempo inocentar o governo federal que a gerou. Ao soltar os bandidos, sabendo que mantinham contato telefônico com seus chefes presos e que estavam preparados para ações terroristas de grande porte, a Presidência da República petista ateou fogo num Estado da Federação e ainda se aproveita das chamas para queimar nelas a reputação de um miúdo adversário local.

3º. É absolutamente inconcebível que uma operação de guerra de proporções colossais, envolvendo três entidades subversivas da importância do PCC, do MST e das Farc, fosse preparada sem que alguma notícia a respeito chegasse à coordenação estratégica da esquerda continental, o Foro de São Paulo, cujo fundador e presidente crônico, em licença temporária, é mais conhecido hoje em dia como presidente do Brasil mas jamais cessou de trabalhar por essa organização.

Como a única ocupação da mídia chique deste país, há quinze anos, tem sido ocultar ou minimizar a realidade para manter o povo sob o controle da gangue esquerdista a despeito de todas as intrigas internas que a dividem, a missão foi cumprida mais uma vez. Mas agora a realidade é grande e sangrenta demais para desaparecer por artes mágicas de copy-desk. Um ataque assassino de características nitidamente insurrecionais foi desencadeado com a cumplicidade direta ou indireta da Presidência da República, se não sob a sua orientação. Não há, no fundo, quem não saiba disso. Mesmo o cérebro de uma população entorpecida por décadas de “revolução cultural” não consegue cegar-se de todo para tamanha obviedade.

Isso não quer dizer, é claro, que o conhecimento público dos fatos trará algum dano a seus autores. Num país civilizado, qualquer ligação mesmo remota de um presidente da República com os autores daquela barbaridade implicaria sua imediata remoção do cargo e sua responsabilização penal. Mas o Brasil já foi domado e adestrado para responder com sorrisos de adulação a todos os insultos e agressões que venham de fonte ideologicamente aprovada. O país vai curvar-se, com servilismo boçal, a mais esta imposição cínica das elites iluminadas que o guiam infalivelmente para o abismo.

Quanto ao sr. Lembo, está sendo feito de bode expiatório porque tem a sonsice e até o physique de rôle apropriados para isso. Não entende o que se passa, nem sabe a quem serve com o grotesco espetáculo da sua impotência. É um bobo, mas não é culpado senão disso.
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Postby mends » 19 May 2006, 10:39

Palanque para Marcola
Por André Soliani
Os deputados que integram a CPI do Tráfico de Armas podem acabar por oferecer ao líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, um privilegiado palanque para a apologia do crime e para o projeto político da organização criminosa. Na próxima semana, a comissão decidirá o local e a data do depoimento de Marcola. Se depender da vontade do presidente da comissão, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), a sessão será aberta ao público e em Brasília, segundo o gabinete do parlamentar.

“Mais do que condições para ouvi-lo, nós temos o dever. Precisamos mostrar à sociedade que estamos decididos a debelar o PCC”, declarou Torgan, quando questionado se a Câmara estava preparada para receber o preso e líder do crime organizado.

Não será numa audiência de perguntas e respostas – em que o criminoso comparecerá como testemunha – que o Parlamento tranqüilizará a sociedade sobre a capacidade de o Estado fazer prevalecer o Estado de Direito. O deputado parece não se dar conta de que Marcola tem mais a lucrar com a audiência pública, que será transmitida pelas emissoras de TV, do que a CPI.

Não foi à toa que a Secretária de Segurança de São Paulo decidiu manter o líder do PCC incomunicável. Ele é tido hoje como o principal suspeito de organizar as séries de rebeliões e ataques contra alvos civis em São Paulo, que terminaram com mais de uma centena de mortos. Se foi mesmo Marcola quem deu uma entrevista à TV Bandeirantes, na quarta-feira à noite, há razões para ainda mais preocupações. Na conversa, o entrevistado diz que o PCC está preparado para organizar novos atentados. E fez um discurso em que os crimes perpetrados se justificariam porque os direitos dos presos não estariam sendo garantidos.

O caso Marcinho VP
A experiência da Câmara mostra que depoimentos de líderes de organizações criminosas não costumam ser muito úteis para as investigações. O traficante Marcinho VP, morto em 2003, depôs na CPI do Narcotráfico em 2000. Não forneceu nenhuma pista para o inquérito e ainda tripudiou dos parlamentares. “Poder só sobe no morro para pedir votos e depois desaparece”, afirmou na ocasião. Aproveitou a oportunidade para apoiar os movimentos guerrilheiros na América Latina. Em 2001, foi a vez de Fernandinho Beira-Mar. Mais uma vez, nada de útil.

O requerimento de convocação de Marcola foi aprovado antes da explosão da violência no último fim de semana. É de 3 de maio. A CPI avalia que ele pode colaborar revelando rotas usadas pelo tráfico de armas, ou fornecendo nomes de envolvidos com o crime. É pouco provável. Independentemente do que poderá ser revelado, para as investigações em curso na Câmara é indiferente tomar um depoimento aberto ou fechado, em Brasília ou em São Paulo.

Para a segurança pública, um depoimento aberto é um risco. O líder do PCC pode repassar recados para seus seguidores; fazer ameaças contra uma sociedade sobejamente assustada; talvez mostrar desdém e desrespeito pelo Congresso, que já carrega uma imagem bem combalida. Os parlamentares não podem nem ameaçá-lo com prisão em caso de desacato. Ele já está preso e condenado. Não seria surpresa se ele usasse o espaço para angariar apoio e votos para o PCC. Reportagens na imprensa revelaram que a organização se prepara para eleger representantes para a Câmara.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) considera que é de fato um risco, numa sociedade midiática, uma audiência aberta com o líder do PCC. Membro da comissão, afirma que vai aconselhar que o depoimento seja na penitenciária de Presidente Bernardes (SP), onde Marcola se encontra preso.

“A veiculação de conversas com integrantes de facções criminosas serve tão-somente para inflamar o ânimo sensacionalista, assustando a sociedade e prejudicando as investigações realizadas pelas autoridades competentes”, afirma a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, em nota em que critica a divulgação de entrevistas de supostos líderes do PCC às redes de TV Bandeirantes e Record. Numa audiência na Câmara, Marcola terá muito mais tempo para fazer apologia do crime e ameaçar a sociedade do que numa conversa com jornalistas.

[soliani@primeiraleitura.com.br]
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Postby mends » 19 May 2006, 10:52

usando o celular no presídio...
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Postby telles » 19 May 2006, 19:54

Só estao esperando passar a marca do carandiru... quem passar, ganha de brinde uma touca ninja!!!!

107 é pouco




"Estão escondendo os corpos porque é tudo execução"

Bia Barbosa - Carta Maior

Em entrevista à Carta Maior, o escritor Ferréz denuncia onda de matança na periferia: "Estão escondendo os corpos porque é tudo execução, com tiro na cabeça. Hoje os policiais estão desfilando aqui na rua com touca ninja e camisa Le Coq, que é um grupo de extermínio da polícia"

SÃO PAULO - O balanço divulgado na noite de quinta-feira (18) pela Secretaria de Segurança Pública do governo de São Paulo totaliza em 152 o número de mortos na onda de violência que atingiu o estado na última semana. Destes, 107 foram mortos pela polícia em supostos confrontos. Muitos ainda não tiveram seus nomes divulgados e dezenas de corpos estão no IML (Instituto Médico Legal) a espera de identificação. Na quarta-feira, tiveram início as primeiras denúncias de que a polícia estaria cometendo abusos no combate aos ataques do PCC, o Primeiro Comando da Capital. Casos que começaram a estampar as páginas dos jornais e que agora não pararam de chegar às organizações de defesa dos direitos humanos.

Na quinta-feira, o escritor Ferréz fez um apelo à população em seu blog, para que todos ajudassem a divulgar que "a Policia Militar e a Policia Civil, afetadas com a onda de matança, estão fazendo da nossa periferia um estado pra lá de nazista". "Não está acontecendo confronto, e isso é uma prova que todos vão ter em alguns dias, quando a mídia começar a ir atrás de novas notícias e decidir falar a verdade. Não adianta ofender, não adianta ameaçar, a boca só se cala quando a guerra não for injusta", escreveu.

Reginaldo Ferreira da Silva - o nome literário é uma homenagem a Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (Ferre), e a Zumbi dos Palmares (Z) - nasceu no Capão Redondo. O bairro, na Zona Sul de São Paulo, é considerado uma das regiões mais violentas da capital. Filho de um motorista e de uma empregada doméstica, ele escreveu os primeiros versos aos sete anos de idade. Trabalhou como chapeiro numa lanchonete, balconista em bar e padaria, foi vendedor ambulante de vassouras e auxiliar-geral numa empresa metalúrgica antes de publicar suas primeiras obras. É autor de Fortaleza da Desilusão, Capão Pecado e Amanhecer Esmeralda. Em 1999, fundou a 1DASUL, um movimento que promove eventos culturais em bairros da periferia. E, em 2001, lança a revista Literatura Marginal, em parceria com a revista Caros Amigos, que recebe o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte de Melhor Projeto de Literatura.

Firme e forte, como "um elo da corrente", como ele sempre escreve, Ferréz concedeu à Carta Maior a entrevista abaixo:

Carta Maior - Você denunciou em seu blog que a polícia matou quatro jovens inocentes esta semana no Capão Redondo. Como isso aconteceu?

Ferréz - Todos os dias de manhã, eu vou a um bar tomar café. O bar fica em frente a uma pequena loja de camisetas que eu tenho lá na rua. Todos os dias eu via esses meninos lá. Um deles vendia flor, o outro, produtos de limpeza. Estão sempre lá tomando café também antes de irem trabalhar. Na segunda-feira, cheguei no bar e estava um movimento estranho. E aí me falaram que os caras tinham atirado nos meninos no domingo à noite. Eles estavam tomando cerveja numa barraca de lanches. Isso foi numa rua próxima, onde todo mundo sempre vai. Um lugar conhecido no bairro. Chegou um carro preto - alguns moradores disseram que viram uma viatura também -, desceram cinco homens de touca ninja e atiraram nas pessoas na barraca. Até o dono foi alvejado. Quatro morreram e três estão no hospital ainda. Um se chamava Maurício e o outro, Brigadeiro. Mas a polícia não divulgou ainda o nome dos mortos. O mais velho tinha 27 anos e nenhum estava envolvido com o crime. Dos três que estão hospitalizados, nenhum tinha passagem pela polícia. No Parque Ipê, que é uma favela, colocaram fogo na moto de um menino que entregava pizza. Ele também morreu. Invadiram as casas das pessoas, uma por uma. Invadiram as casas no meio da madrugada.

CM - Nesta quinta-feira, a polícia realizou uma operação com 400 homens na favela do Elba, usando um mandado coletivo de busca. O que você acha dessas operações?

Ferréz - O estranho disso tudo é que não foi a população que declarou guerra à polícia militar. Foi o PCC. E quem está pagando é a população. A polícia recebe coação há tempos dos bandidos; ela criou este estado. E agora está guerreando com isso, porque solta as pessoas com alto grau de periculosidade. E quem paga é o povo, porque o cara do PCC não fica moscando na rua de bobeira. Aí a polícia pega o popular, confunde com outra coisa, e ripa o pessoal da favela. Tinha que ter mandado coletivo em Brasília, porque lá já foi provado que as pessoas são criminosas. Mas é mais fácil entrar na casa da população e bater num pobre do que olhar no olho de um ladrão, porque eles tremem quando isso acontece.

CM - Tremem por quê? Você acha a polícia despreparada?

Ferréz - A polícia tem vontade de fazer alguma coisa e acaba fazendo com as pessoas, por despreparo dos policiais. As pessoas que estão morrendo agora não são culpadas. Me revoltei por isso. Por que é assim, matou e enterrou? A vida do cara é isso? Espera aí! O cara foi assassinado e isso não vai ser investigado porque ele é pobre? A polícia científica esteve no lugar em que os meninos morreram e começaram a perguntar pras pessoas se eles eram "nóia". Ou seja, estavam procurando alguma razão pra justificar depois as mortes. Este é o único país em que o morto é culpado. Você morre e ninguém investiga. Estamos recebendo várias cartas de outras pessoas denunciando isso. Não é possível que todos estejam mentindo. Não é possível que fique assim. Estão escondendo os corpos porque é tudo execução, com tiro na cabeça. Hoje os policiais estão desfilando aqui na rua com touca ninja e camisa Le Coq, que é um grupo de extermínio da polícia.

CM - Mas não é de agora que há denúncias de grupos de extermínio agindo na periferia com a participação de policiais. Em que a situação atual diferente da de antes?

Ferréz - Apanhar da polícia não é novidade. A polícia sempre pega as pessoas, bate, espanca, não acha nada e fica nervosa. A PM pega as pessoas e diz que elas são lixo, dão bronca porque não têm roupa, porque estão "desarrumados". Muitas pessoas acham isso estranho porque moram do outro lado da cidade, onde os cidadãos são tratados como seres humanos. Aqui é diferente. Mas chacina não tinha há muito tempo. Um cara entrar na viatura e sumir sempre tem. Mas chacina do jeito que está não tinha. E a mídia não reportou a chacina. Como 107 podem ser mortos suspeitos? Depois que a pessoa morre, como é que você recupera a vida dela?

CM - Como está sendo a atuação da polícia esses dias no Capão Redondo?

Ferréz - Estão pegando qualquer um que tenha ficha. Se tiver passagem, apanha. Tenho um amigo que foi solto há dois anos, estava trabalhando, sossegado. A polícia pegou a ficha dele e veio atrás. No sábado, ele foi às Casas Bahia pagar uma conta e, quando voltou, a polícia o seguiu, o pegou, levou e bateu muito nele. Deu choque, bateu com pedaço de pau. Ele estava com outro amigo. Depois foi solto. Agora ele não sai de casa mais, está super nervoso, não conversa com ninguém. Está revoltado de novo, porque estava trabalhando sossegado. Mas é assim que você cria uma fábrica de fazer vilão, pegando pessoas que não tem nada a ver. A guerra é entre o PCC e eles, e não com a população. Não temos que pagar por isso, não lucramos nada com isso.

CM - Diante do quadro histórico do país, você acha que essa crise de violência demorou para explodir aqui em São Paulo?

Ferréz - Essa situação existe há muito tempo e as pessoas não queriam ver. Há quatro anos publiquei um artigo na Folha de S.Paulo que já falava isso. Era pela guerra e pelo terror ou pela arte. Ninguém tem arte, cultura, informação. A prisão não reeduca, só repreende. O caminho é esse, o Estado vai se fortificando e já era. Mas hoje o Estado está submisso. Tinha que fazer política pública de segurança de verdade, e não brincar com a população. O Furukawa [secretário de Administração Penitenciária] e o Saulo [Abreu de Castro, secretário de Segurança Pública] estão brincando há muito tempo, até com a vida dos policiais, que estão abandonados. O cara está na rua, no combate corpo-a-corpo e não tem preparo, não tem curso, não aprende. Aí fica um brutamonte contra o outro na rua, e nós no meio, desarmados, querendo trabalhar.

CM - As pessoas estão conseguindo trabalhar esses dias?

Ferréz - As pessoas estão arriscando a vida para trabalhar. Tenho dois cunhados que voltam de noite pra casa, se arriscando. Mas as pessoas têm que ganhar o pão delas. O comércio aqui está fraco, está um clima estranho, as pessoas não saem de casa.

CM - Os senadores e deputados em Brasília devem aprovar nos próximos dias um pacote de leis para aumentar o combate à criminalidade. Há propostas com forte linha repressora. Você acha que este é o caminho?

Ferréz - Acho que o Estado está fazendo corda pra se enforcar. A elite já é suicida há muito tempo e agora o Estado está sendo. Quando você reprime uma criança no primeiro dia, ela sorri pra você. No segundo, já faz uma cara de desconfiada. No terceiro, ela te olha de cara feia. Tenho um amigo que diz que diz que quando você prende um cachorro e todo dia o chuta um pouco, quando você o solta ele te morde, e não te faz carinho. O sistema carcerário é a mesma coisa. Ele tem que ser uma tentativa de restabelecer o convívio do preso, e não só a sua punição. Quando ele for pra rua, vai reagir. Acho que essas leis são um tiro na testa. A questão do Brasil é de educação, desde o primeiro ano. Só que ninguém faz nada. Todo mundo que é um pouco mais esclarecido sabe que o negócio é mais embaixo. Mas infelizmente a coisa vai sendo levada na brincadeira. Essas leis de agora são medidas políticas, que fazem um governo aqui brilhar mais do que o de lá.

CM - Você falou que a elite é suicida há muito tempo. Por quê?

Ferréz - Em um estado onde uma pessoa tem milhões e a outra não tem o que comer no dia, esses mundos acabam se encontrando um dia. E é claro que vão se encontrar, porque é a gente que limpa a casa deles, que cuida da segurança deles, que dirige o carro deles. Não tem como um cara carregar uma carroça o dia inteiro e ver um Audi ali do lado, com um cara no ar condicionado confortável, e dar tchauzinho. As pessoas vão tomando ódio, porque querem que o seu filho também tenha respeito e educação, querem que o posto de saúde funcione, que os policiais não entrem na sua casa. Não é brincadeira. O dia em que a população estiver conscientizada, não vai ter como conter isso. Vai chegar uma hora que o povo vai gritar. Falamos que o brasileiro é pacato, mas quando a bomba explode, olha o que acontece? As pessoas trabalham doze horas por dia e não têm pão pra colocar na mesa. Isso é culpa de quem, do pobre?

CM - O governador Cláudio Lembo deu uma entrevista para a Folha de S.Paulo em que responsabilizou a elite sobre o que está acontecendo. O que você acha disso?

Ferréz - Todo cara da elite retrata a elite como se fosse o outro. A elite sempre é o cara que tem mais do que eu. Eu tenho pouca terra, tenho pouca Mitsubishi, pouco Chrysler. Mas elite é o outro, que tem iate. A elite não se enxerga como elite. Ninguém é culpado...

CM - Você é de uma região que já foi considerada uma das mais violentas do mundo. Ainda há um estigma da classe média e da classe alta em relação à população da periferia?

Ferréz - Pra mim, muita gente da classe média e da classe alta também é ladrão. Vivem explorando os outros. Eu acho que tínhamos que abrir a conta dessas pessoas, fazer uma reviravolta no passado delas. Os bancos estão ganhando 60% de lucro por ano num país que é miserável. Algo está errado. Não é à toa que queimaram as agências bancárias. Depois falam que o crime não está politizado. Tem coisa mais politizada que queimar agência bancária?

CM - Há regiões da cidade em que a população diz que tem mais medo da polícia do que dos criminosos, porque não sabe que tipo de comportamento esperar dos policiais. Você concorda com isso?

Ferréz - Sim. A farda causa uma coisa estranha. Você conversa com um policial num dia e, no outro, se ele passa na viatura, nem fala com você. Tem uns policiais do bairro que vão na minha loja, pedem desconto, e no dia em que estão fardados nem me olham na cara. Não não existe polícia que sorri pra uma criança, que fale bom dia. A polícia comunitária é uma piada. Nunca vi isso, é um fracasso. É a mesma arrogância e prepotência; não mudou nada. Já os bandidos mataram apenas um civil, a namorada do policial, porque ele bateu o carro e ela estava dentro. Pelo lado dos policiais, quantas pessoas morreram? Acho que a máscara vai cair uma hora. Quando divulgarem os nomes, vão ver que muitas das pessoas não têm passagem, não têm nada a ver com a coisa. Isso se contarmos somente as mortes que foram assumidas, porque o IML falou que está cheio de cadáveres que não há como identificar. E os massacres que não entraram no índice? Além da morte desses quatro meninos, um outro morreu no Parque Santo Antônio e mais dois foram atingidos num campo de futebol. A viatura chegou, os caras saíram de touca ninja, mandaram os caras que estavam conversando no campo à noite se ajoelharem e atiraram nos moleques. Um morreu e o outro está no hospital. De dia são as abordagens pra bater. De noite, o bicho está pegando.

CM - Esta noite não houve mortes, pelo menos divulgadas. Você acha que a situação se acalmou?

Ferréz - Não sei. Estou como a população de São Paulo. Sem saber o que vai acontecer.


<a href='http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2006/05/19/ult2041u173.jhtm' target='_blank'>http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2...lt2041u173.jhtm</a>
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Postby mends » 20 May 2006, 11:12

Ferréz?? Aquele que escreveu dois livros sem nunca ter lido nenhum???

Olha: eu tenho raiva de nego que gosta de "aprender com o povo". O povo não tem nada a ensinar. Esse "mano" gosta de se apresentar como "livre pensador" porque nunca soube estruturar seus npensamentos sob nenhuma base.

Tem coisa mais politizada que queimar agência bancária?


ridículo.
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Postby Danilo » 20 May 2006, 21:17

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Postby junior » 21 May 2006, 10:20

Editoriais FdSP

Muita ousadia

Do ponto de vista político e institucional, pode-se afirmar que, entre mortos e feridos, não se salvou ninguém

MAIS DE 40 agentes de segurança assassinados pelo crime organizado, mais de cem suspeitos mortos pela polícia. Ainda não cessou a contagem -nem sequer a identificação- de todas as vítimas da onda de terror que atingiu o Estado de São Paulo a partir da noite de sexta-feira, 12 de maio. Do ponto de vista político e institucional, entretanto, pode-se dizer que, entre mortos e feridos, não se salvou ninguém.

Depois do escândalo do valerioduto, das absolvições dos mensaleiros e das revelações da Operação Sanguessuga, a sociedade, que já se sabia entregue à ação de verdadeiras camarilhas protegidas pelo manto da imunidade parlamentar, vê-se agora exposta a mais um espetáculo de oportunismo irrefreado, de omissões espantosas e de falta de decoro público.

Não houve, a rigor, autoridade constituída (omitam-se desta categoria desde logo os representantes do chamado "Primeiro Comando da Capital") que não tenha acumulado novas camadas de descrédito à própria imagem. Uma onda de miopia varreu governantes e políticos de diversas filiações, em todas as instâncias da Federação. Incapazes de ler o momento, não estiveram à altura dos acontecimentos.
Na esfera estadual, negou-se reiteradamente a existência de acordo com facções criminosas, quando ficou evidente a sua realização. Negou-se que a polícia estivesse retaliando as ações da quadrilha criminosa dos presídios -enquanto não menos do que cem mortes aplacavam, se é que tanto, as indignações mais agudas da corporação. Uma retórica emergencial responsabilizou "as elites brancas" na tentativa de encobrir a conivência com forças políticas que sempre descuraram da segurança e da educação.

Enquanto as declarações do governador de São Paulo, Cláudio Lembo, transitavam do inacreditável ao espirituoso, da sociologia "hip hop" às pequenas mas certeiras farpas contra seu antecessor, vinham dos arraiais tucanos -temporariamente transmigrados aos confortos de Nova York- circunspectas declarações de que não se negocia com o crime organizado. O inconfundível tom professoral do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não foi capaz de ocupar plenamente o vácuo deixado pelo ex-prefeito José Serra, todavia pré-candidato do PSDB a governar um Estado que se consumia na conflagração.

O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, foi aparentemente tragado pelo mesmo vácuo durante a crise. Pouco importa; a inação do governo estadual diante do crime organizado é comparável somente às omissões do governo federal, cujos representantes mais desassombrados aproveitaram a crise para jogar sobre o PSDB e o PFL o custo político de uma irresponsabilidade de que também compartilham.

Não bastasse sentir-se desprotegido diante do crime, o cidadão se vê agora afrontado pelos representantes do poder público; a estes tampouco falta ousadia.
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Postby mends » 22 May 2006, 08:58

Coincidências

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 2 de março de 2006



O crescimento do banditismo veio junto com a ascensão política da esquerda, mas isso é mera coincidência. As gangues do morro foram adestradas em técnicas de guerrilha urbana pelos terroristas presos na Ilha Grande, mas é mera coincidência. Hoje são treinadas pelos guerrilheiros das Farc, mas é também coincidência. As Farc e o PT têm uma estratégia comum traçada nas assembléias do Foro de São Paulo? Coincidência. Toda prisão de narcoguerrilheiros ou seqüestradores estrangeiros vem seguida da imediata formação de um círculo de solidariedade e proteção entre seus correligionários da esquerda local? Coincidência, é claro. Se a epidemia de violência urbana cresceu junto com as ONGs de defesa dos direitos dos delinqüentes, alimentadas por poderosas fundações internacionais, quem verá algo mais que uma estúpida coincidência? Acossada pelos ataques da mídia e temerosa de infringir o decálogo politicamente correto, a polícia recua e entrega as cidades ao império dos bandidos, mas, uma vez mais, é pura coincidência. Todos os teóricos do comunismo ensinam que fomentar um estado de desordem e anomia é a melhor maneira de concentrar o poder nas mãos de um partido revolucionário, mas, se tudo se passa exatamente assim no Brasil, é coincidência, coincidência, coincidência e nada mais.

As mais patentes conexões entre atos e resultados, enfim, nada significam. Tudo é mera coincidência, nada é causa de nada, nada explica nada. O que explica tudo é o “capitalismo”, é a “desigualdade”, é a “exclusão social”. Mesmo o fato de que a criminalidade tenha aumentado justamente nos anos em que, segundo o IBGE, a desigualdade e a exclusão social diminuíram muito não significa absolutamente nada, pelo simples fato de que é um fato, pois ninguém quer saber de fatos. Só o que vale é o fetiche teórico da luta de classes, que permite estabelecer relações infalíveis de causa e efeito sem a menor necessidade de consulta à execrável realidade, reacionária como ela só.

Com base nessa premissa, hoje amplamente aceita como dogma incontestável por todo o ensino universitário nacional, qualquer agente revolucionário, com ou sem treinamento em Cuba, está apto a explorar o desespero geral e utilizar as promessas mesmas de restauração da ordem pública como instrumento para gerar novos fatores de insegurança e aumentar um pouco mais o poder do partido salvador da pátria.

O truque é simples: basta confundir o fato brutalmente concreto da criminalidade com o conceito abstrato das suas causas sociais hipotéticas -- quanto mais remotas, melhor -- e condicionar a eliminação do primeiro à erradicação das segundas. Isso adia formidavelmente a punição dos criminosos e ainda garante, nesse ínterim, inumeráveis vantagens para o partido que os protege. Qualquer cidadão comum no pleno uso dos seus neurônios sabe que a criminalidade se elimina prendendo os criminosos. Mas um intelectual ativista tem razões que a própria razão desconhece. Ele demonstrará, por a mais b sobre y , dividido pela integral de x e subtraído do logaritmo da p. q. p. , que quem compra armas no Líbano para trocá-las por toneladas de cocaína das Farc não são traficantes milionários, mas pobres garotos excluídos, vítimas da desigualdade. Tendo demonstrado essa sublime equação, ele proclamará que só reacionários simplistas podem achar que crime é caso de polícia. As pessoas inteligentes como ele, ao contrário, entendem que tudo são problemas sociais e que, no fim das contas, é preciso liberar mais não sei quantos bilhões de reais para clubes esportivos, escolas de balé, salões de manicure, praças cívicas e centros de doutrinação marxista que atacarão o mal nas suas raízes mais profundas. Quando tudo isso não funcionar de maneira alguma, como fatalmente acontecerá, ele lhes dirá com ar de tocante modéstia que, de fato, eram só paliativos beneméritos, que o que falta mesmo é acabar de vez com o maldito capitalismo. E o povo, atônito e exausto de tanto não entender nada, pode acabar lhe dando razão.
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Postby mends » 22 May 2006, 17:04

Reinaldo Azevedo.

“Segundo entendi, Marcola é resultado da pobreza e da iniqüidade das elites. Como boa parte dos marginais tem uma origem humilde, a circunstância vira causa. A relação entre miséria e banditismo corresponde à existente entre a mucosa da boca e a do intestino: são parecidas, e a matéria que os dois órgãos processam, na origem, é a mesma. Mas não se pode, sem grandes constrangimentos físicos ou morais, tomar um pelo outro. A comparação original é de Musil, que lembra que os lábios, não obstante aquele parentesco, têm mais intimidade com o espírito. Musil pra quê? Temos Gilberto Gil.”
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Postby mends » 24 May 2006, 11:07

Comunicado do PCC prega voto no PT contra o PSDB


Em ofício sigiloso, a Polícia Federal repassou ao governo de São Paulo uma mensagem que o PCC fez circular pelos presídios paulistas dias antes de deflagrar a onda de ataques que subverteu a ordem em São Paulo entre os dias 12 e 19 de maio. O texto, mantido sob sigilo, concitava os presos a promover levantes nas cadeias e continha uma inusitada mensagem política.


Recolhido pelo setor de inteligência da Polícia Federal, o texto do PCC é manuscrito. Ocupa meia folha de papel ofício. Leva o nome de “salva”, como os integrantes da facção criminosa se referem às ordens expedidas pelo comando. Desaconselha o voto no PSDB. E recomenda explicitamente o voto no PT. O documento foi repassado ao governo paulista por ordem do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), que também tomou conhecimento do seu teor.



Nem o governo federal nem a administração de São Paulo deram importância à parte política do manuscrito. Num esforço para evitar a politização da crise, ativeram-se aos trechos que fazem referência às rebeliões nos presídios. Os levantes, conforme previsto no “documento” do PCC, sublevaram mais de oito dezenas de presídios paulistas.



Pelos cálculos da PF, o manuscrito do PCC foi redigido dias antes de o governo de São Paulo transferir para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau os principais líderes da facção. Entre eles Marcos Willians Herba Camacho, apontado pela política como líder do PCC e autor da ordem que resultou nas rebeliões dos cárceres e na onda de ataques às forças de segurança do Estado.



Informado acerca do conteúdo do manuscrito do PCC, Lula tampouco atribuiu importância ao seu conteúdo político. Desde o início da crise, o presidente vem se manifestando, em reuniões fechadas e em manifestações públicas, contra a exploração política da crise. Discurso semelhante vem sendo adotado pelo ministro Thomaz Bastos.



Já na primeira hora, o governo petista procurou traduzir o discurso em gestos concretos. Antes mesmo de conversar com Lula, que se encontrava em Viena no instante em que começaram as rebeliões e a onda de ataques, o ministro da Justiça discou para o governador de São Paulo, Cláudio Lembo. Ofereceu-lhe ajuda.



Ao chegar ao Brasil, no dia seguinte ao início da crise, o sábado 13, Lula aprovou a iniciativa de seu ministro ao ser informado dela pelo telefone. Na segunda 16, em reunião no Planalto, o presidente pediu a Thomaz Bastos que voasse para São Paulo. Em reunião com Lembo, o ministro reforçou a disposição do governo federal de colaborar. O governador recusou o emprego de unidades da Força Nacional de Segurança e de tropas do Exército. Mas aceitou de bom grado a colaboração da área de inteligência da Polícia Federal.

Escrito por Josias de Souza às 02h01
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Postby mends » 24 May 2006, 11:20

vai Ronaldinho!!! É só vc que se salva nessa bosta de Bananão. Ontem deu vontade de entrar na TV e espancar essa advogada chorona...

Da falcatrua ao cinismo
Por Renato Andrade
O depoimento dos advogados Maria Cristina de Souza Rachado e Sérgio Wesley da Cunha à CPI do Tráfico de Armas da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira, reforçou o que parece ser a nova característica dos praticantes de delito no país. Mesmo diante do flagrante, os acusados simplesmente negam a existência do crime.

A prática foi inaugurada pelas lideranças do PT, logo no início das denúncias sobre o esquema do mensalão, e depois transformada em sistêmica por todos os que participaram, de maneira ativa, da operação. Os deputados acusados de desviar verbas da Câmara para o pagamento de combustível também seguiram a mesma trilha. Os advogados apenas demonstraram que a nova característica não é exclusiva de parlamentares e políticos.

Arrisco a dizer que os resultados obtidos pelos mensaleiros a partir da adoção desta postura são, no mínimo, encorajadores para os novos praticantes de delitos pegos em plena atividade. A falta de punição dá espaço à proliferação de atitudes cínicas.

Maria Cristina, que tem em sua lista de clientes ninguém menos do que o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), chegou ao cúmulo de dizer que desconhecia que seu cliente tivesse alguma participação na organização criminosa mais importante do Estado de São Paulo. Um escárnio.

Wesley da Cunha, por sua vez, considerou “absolutamente lícita” a obtenção de um CD com o áudio de uma sessão secreta realizada pela CPI do Tráfico de Armas, cópia essa que vazou para as principais lideranças da organização criminosa e pode ter provocado a antecipação dos ataques promovidos pelo PCC na semana passada em São Paulo.

Os deputados da CPI mostraram as imagens gravadas pelos circuitos internos do Congresso e de um shopping em Brasília dos dois advogados negociando a compra das gravações, tirando as cópias com o funcionário comprado. Ainda assim, Maria Cristina e Sérgio Cunha insistiram que nada de errado aconteceu.

A enxurrada de denúncias que assola o país contribuiu de maneira ímpar para o clima de cansaço geral que tomou conta dos brasileiros, mesmo daqueles que demonstram um mínimo de preocupação com os rumos do país. Entendo esse clima de preguiça. Não há como esperar entusiasmo, espírito de mobilização e combate de um povo que é surpreendido, dia sim, outro também, com novos escândalos. A única coisa que parece crescer no país é a sensação de que estamos mesmo na República das falcatruas.

Mas os efeitos da nova postura dos criminosos e a sua quase certa falta de condenação podem ser ainda mais deletérios. O cinismo dos que cometem delitos pode contaminar os que assistem, pasmos, ao anúncio dos crimes e a tranqüilidade dos que sobrevivem à denúncia. Desarmar uma sociedade acometida pelo espírito coletivo do cinismo não é tarefa de meses, mas de gerações.

[renatoandrade@primeiraleitura.com.br]
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Postby junior » 27 Jul 2006, 12:19

27/07/2006 - 09h47
Ações do PCC esvaziam torneio internacional de policiais em SP
do Agora

Os atentados do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado de São Paulo, e sua repercussão no exterior, esvaziaram o 17º "International Police and Fire Games" (Jogos Internacionais de Polícia e Bombeiros), evento que vem sendo realizado em São Paulo desde o dia 21.

Segundo o comitê organizador dos jogos, devido à crise na segurança, apenas 15 dos 40 países esperados para a competição foram credenciados. A Itália, por exemplo, cancelou a participação.

Com 45 modalidades, incluindo provas como carregamento de mangueiras e tiro ao alvo com fuzil, a competição acontece até a próxima terça em clubes e na pista de atletismo do Ibirapuera.

O número de inscritos também ficou aquém da expectativa dos organizadores. Dos 5.000 atletas esperados, 867 oficializaram a inscrição até as 15h de ontem.

"A repercussão veiculada pela mídia dos ataques atrapalhou o evento. A gente procura explicar que houve muito exagero da imprensa, mas sabíamos que isso poderia acontecer", disse o tenente Marcelo Vinícius Rezende, presidente da Confederação Brasileira de Esportes das Polícias e Bombeiros, entidade responsável, entre outras, por organizar a competição.
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Postby tgarcia » 27 Jul 2006, 12:29

junior wrote: incluindo provas como carregamento de mangueiras


SENSACIONAL..... :cool:
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Postby mends » 27 Jul 2006, 14:45

grande coisa carregamento de mangueiras...o AF vive carregando a dele e a de outrem(ns) e não tem repercussão. Ou melhor, até deve ter, mas lá no repercurssão dele... :blink:
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