Música, doutor, para aliviar a dor dos pacientes"Um mundo sem música seria absolutamente sombrio e desumano", resume o pesquisador Ralph Spintge, presidente da Sociedade Internacional de Música na Medicina, em Lüdenscheid, Alemanha, e diretor do Departamento Pain Medicine, do Hospital Sportklinik Hellersen. Ele estuda há 35 anos o uso da música como instrumento terapêutico na história da humanidade e realizou pesquisas com o uso de canções para aliviar a dor e ansiedade em pacientes que passaram por cirurgias.
Em um de seus trabalhos, Spintge mostrou que a exposição de um paciente a sessões musicais de 15 minutos antes de uma operação provoca sensação de bem-estar capaz de reduzir o uso de anestésicos e sedativos em até 50%. Então a música cura? "Não. A música não é uma ferramenta de cura por si só. Mas ela facilita e reforça outras medidas terapêuticas, como a medicação para dor, drogas sedativas e psicoterapia", responde o médico alemão. "Ao mesmo tempo, ela reduz níveis de stress tanto psicológicos como biológicos".
No Brasil, a constatação é a mesma. Em um estudo preliminar, a psicóloga Danielle Misumi Watanabe, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, percebeu que pacientes que ouvem peças de Mozart, Vivaldi e Bach durante o procedimento de cateterismo registraram uma redução significativa de ansiedade. Por conta desses e de outros inúmeros estudos, levados a cabo nos últimos anos, a música está cada vez mais presentes nos saguões e quartos de hospitais.
Em uma sala de exames de ressonância magnética do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por exemplo, o paciente conta com a ajuda de um telão, que apresenta imagens de paisagens acompanhadas por música lounge ou erudita. "Os exames de ressonância são barulhentos e desconfortáveis, e o paciente tem ainda de entrar em um tubo. Tudo isso cria uma carga de ansiedade para ele", explica Marcos Roberto de Menezes, radiologista do Centro de Diagnósticos do Sírio-Libanês. "Usamos a tecnologia, as imagens e a música, para amenizar o local, deixando-o mais acolhedor do que os ambientes hospitalares são em geral".
(fonte: http://veja.abril.com.br//noticia/saude ... 8374.shtml)