Elas ultrapassam o patamar de 20% de álcool e são vendidas a mais de US$ 300 a garrafa. Saiba por que viraram ícone entre os especialistas dos Estados Unidos e da Europa
Recorde: Lançada no ano passado, a americana Utopias possui 24% de teor alcoólico
No site de leilões eBay, a garrafa dourada, de tiragem reduzida, é vendida por US$ 300. Transformou-se em ícone entre os amantes da boa cerveja. A Utopias, lançada no ano passado pela americana Boston Brewing Co., fabricante da Sam Adams, rapidamente justificou seu nome – com teor alcoólico de 24%, o mais alto jamais atingido numa bebida a base de malte e levedo, ganhou status de um uísque cultivado em tonéis de carvalho. Especialistas a definem com os mesmos adjetivos atribuídos aos vinhos. “Sedosa, cremosa, com leves notas de caramelo”, descreve Daniel Bradford, celebrado especialista dos Estados Unidos. Não é exagero compará-la a outros destilados nobres. A Utopias envelhece
por anos a fio nas caves. É tratada, numa mistura insólita, com uvas e pimenta.
Apreciada como um bom charuto, e vendida a pouco mais de US$ 20 por uma garrafa nova, já é a locomotiva de um fenômeno que começou nos EUA, desembarcou na Europa e começa a chamar a atenção no Brasil – são as “extremes beers”, as cervejas extremas, com álcool lá em cima e gosto forte. “Elas ajudam a construir uma nova fronteira para a bebida”, diz Reinaldo Fogagnolli, sócio da Cervejaria Universitária, de Campinas. “É chegada a hora de tratá-la com a mesma pompa de um uísque ou uma garrafa de vinho.” O movimento das cervejas radicais nasceu nos EUA, há dez anos, num esforço das pequenas fábricas em transformar o líquido em produto de categoria, como a Starbucks fez com o café. O caminho: doses extras de álcool e fermentação dupla, para garantir o sabor.
Nessa tentativa de mexer com o paladar pasteurizado, os
cervejeiros trilham caminhos refinados. A americana Dogfish
Head criou a Midas Touch (9%, contra o máximo de 5% de uma cerveja comum), burilada num recipente de 2.700 anos de idade descoberto por um arqueólogo da Universidade da Pensilvânia. Ele o encontrou numa tumba, na Turquia, que supostamente teria recebido o corpo do Rei Midas. Os ingredientes – além dos tradicionais malte, trigo e levedo – incluem mel, uva muscat e açafrão. “Deve-se tratar uma cerveja extremamente forte como um belo prato de comida”, resume Fogagnolli.
Midas Touch (EUA)
9%
Teor Alcoólico Don de Dieu (Can)
9%
Teor Alcoólico Ebulum Black Ale (ESC)
6.5%
Teor Alcoólico
:drunk: