Livro sobre Chaves entra na lista dos mais vendidos
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LUCRECIA ZAPPI
da Folha de S. Paulo
Não te contaram, você não soube? Chaves, o anti-herói mexicano mais badalado da TV, ganhou livro. "Chaves - Foi Sem Querer Querendo?" (ed. Matrix, R$ 27), trabalho de conclusão de curso de três alunos de jornalismo, Luís Joly, Fernando Thuler e Paulo Franco.
Os autores contam a história de Chaves desde a chegada do programa humorístico ao Brasil, exibido em 1984, 13 anos depois de sua primeira transmissão no México, país de origem da série.
Mesmo vivendo de reprises há mais de 20 anos, no Brasil só se conhece metade dos 500 episódios já gravados. Os exibidos aqui foram produzidos no "período de ouro do Chaves", quando o programa teve mais audiência no México, entre 1971 e 1979.
O livro traz informações detalhadas sobre os personagens, atores e dubladores, mais frases famosas e curiosidades do programa líder de audiência em diversos países latino-americanos, inclusive no Brasil.
Uma curiosidade é que na série não há espaço para o improviso, mesmo que as cenas informais pareçam uma encenação escolar com frases que, de tão infelizes, fazem rir, entre pausas sem ritmo em diálogos disparatados e ingênuos.
Mas, para o criador do seriado, Roberto Gómez Bolaños, também conhecido como Chesperito --um pequeno Shakespeare de 1,60m-- tudo o que era passado para os autores tinha que estar integralmente na cena.
O autor insiste no repertório repetitivo, quase de efeito hipnótico do "Chavo del Ocho" --no mais puro chilango, gíria falada na Cidade do México, "chavo" é menino. O estereótipo de menino pobre da periferia, de visual surrado, é bem calculado.
O livro também analisa o Chapolin, personagem que surgiu antes de Chaves, também criado por Bolaños, além de comentar mitos como acidentes de avião onde todos os atores teriam morrido, enchentes no SBT e a possível perda de diversas fitas do programa. Tenta explicar ainda por que o "Clube Chaves" não teve o mesmo êxito de "Chaves".
Mas, em todos os seriados, a piada é sempre a mesma e o humor pastelão alcança resposta imediata entre todas as classes e idades variadas. Chaves conquistou uma legião de fãs durante os anos 80 e hoje é um cult absoluto.
A fórmula do programa se condensa mesmo nas frases que já nasceram batidas, como o "foi sem querer querendo", o "isso, isso, isso" ou "tá bom, mas não se irrite". Mesmo que não soe nem tão original nem tão engraçado assim, as pérolas de Chaves já viraram parte do folclore televisivo nacional.