25/07/2006 - 09h15
Racha de carroças em ruas atrai apostadores no Rio
MARCELO BORTOLOTTI
colaboração para a Folha de S.Paulo, no Rio
Pilotos de carroças da Baixada Fluminense, no Rio, encontraram uma forma inusitada de testar o torque de seus animais. Um racha de charretes acontece todas as semanas na estrada que dá acesso ao Parque Paulista, em Duque de Caxias (a 35 km do Rio), reunindo diversos cavalos e alguma adrenalina.
A disputa não difere muito dos pegas de automóvel, embora numa versão campestre. O público assiste às corridas no meio da rua, arriscando a pele ao lado dos animais, que passam em alta velocidade e fazem manobras radicais. São cerca de 100 pessoas todas as noites de terça, entre cavaleiros e curiosos. As apostas variam de R$ 10 a R$ 200, dependendo do páreo, geralmente disputado entre duas carroças.
Embora não existam números oficiais, a presença de veículos e tração animal na Baixada Fluminense é visível no trânsito e nos rastros de estrume deixados nas ruas. Os veículos são utilizado no transporte de pessoas e até de mercadorias --um frete de carroça para transporte de móveis custa, em média, R$ 10.
O racha é de 700 metros e começou há três meses, como uma reunião entre amigos. "Um foi falando para o outro", diz o piloto Luiz Alves. O interesse comercial moveu o resto do público --nos bastidores, cavalos são negociados. Um animal veloz chega a valer R$ 5 mil. Na corrida, segundo os organizadores, os cavalos chegam a 65 km/h.
Alguns cavaleiros correm num veículo especial, o "sulky". Feito de madeira e metal, ele comporta só o motorista e é mais leve. Feito por ferreiros locais, custa em média R$ 800. O modelo é próprio para um esporte internacional: a corrida de trote.
As carroças são populares na Baixada pelo seu custo módico e a abundância de terrenos baldios onde os animais podem ser criados. Animais conhecidos na região, como os cavalos Greice, Lazaroni e Ganso, são criados exclusivamente para os rachas. A disputa que acontece no Parque Paulista não é única na região. Toda semana há corridas em Xerém, Fragoso, Piabetá, Amapá e em outros bairros, diz o carroceiro Vitor Cabral, 27.