Clippings e notícias

Notícias do cotidiano e outros assuntos que não se encaixam nos demais.

Postby mends » 03 May 2004, 10:01

O que interfere no valor do dólar
Paulo da Veiga Monteiro





"Verde que te quero verde", disse o poeta espanhol Federico Garcia Lorca, em Romance Sonâmbulo. Na gíria do mercado financeiro brasileiro, o verso seria traduzido por: "Dólar que te quero dólar" e representaria um senso comum com relação à segurança depositada nos investimentos referenciados no dólar americano.

Esta moeda tem sido, desde o final da 2ª Grande Guerra, uma referência internacional de valor, característica institucionalizada na reunião de Bretton Woods, em 1944, quando a arquitetura financeira internacional passou a ser apoiada em organismos sediados nos EUA e claramente dominados por aquele país. Nem mesmo a decisão de Richard Nixon de abolir a paridade dólar/ouro foi capaz de abalar a hegemonia da moeda americana no mercado internacional, embora a decisão tenha promovido a apreciação da onça troy do ouro dos US$ 35 a quase US$ 200 nos quatro anos seguintes. A partir daí, diferentemente do que se propunha no acordo de 1944, as taxas de câmbio entre as principais moedas entraram em período de instabilidade. A libra esterlina, que em 1971 era trocada por cerca de US$ 2,4, depreciou-se até US$ 1,05 em março de 1985, sendo hoje negociada na vizinhança de US$ 1,8. O iene, moeda da qual eram necessárias 357 unidades para comprar US$ 1 em 1971, entrou em processo de apreciação atingindo a relação de ¥ 80 / US$ 1 em abril de 95. Apesar de toda a flutuação, a hegemonia do dólar como principal moeda do mercado de dívidas soberanas e corporativas e como principal constituinte das reservas internacionais foi inquestionável.

O que eu desejo destacar, aqui, é que esta hegemonia não significa, necessariamente, segurança no investimento em dólar, entendendo-se segurança como poder de compra da moeda. O leitor dirá, coberto de razão, que os exemplos acima dão conta de grandes variações nas relações de trocas entre moedas e isso pode não estar ligado ao poder de compra. Para melhor análise, vejamos o que ocorre atualmente nos mercados de moedas e nos preços internacionais. Recentemente, a confiança no dólar foi abalada por crescentes déficits fiscais do governo americano, que se somam a uma tendência histórica de déficit comercial crescente. Cada uma destas duas contas acusa, hoje, desequilíbrio da ordem de 5% do PIB dos EUA, algo como US$ 550 bilhões. A conseqüência desta debilidade financeira veio sob a forma de desvalorização do dólar perante outras moedas.

O euro, por exemplo, depois de atingir valores abaixo de US$ 0,85 em 2001, iniciou uma recuperação chegando a superar a cotação de US$ 1,25 em 2004, algo como 50% de ganho no período. Evidentemente, quem tinha aplicações em dólares não se viu com menos moeda ao final do processo. Seu patrimônio, em dólares, não foi afetado pelo comportamento do mercado de câmbio. Contudo, ao adotar a contabilização do patrimônio em dólares, o investidor assume, como princípio, que o dólar é uma moeda com poder de compra "quasi-constante". Será esta hipótese válida?


Hegemonia não garante o poder de compra



Nos últimos 24 meses, a China tem ocupado espaço crescente no noticiário econômico, exibindo surpreendente crescimento, em um país em que todos os dados demográficos são superlativos e cuja economia já gera a 2ª maior renda do mundo, quando tomadas as taxas de câmbio ajustadas pelo PPP (purchasing power parity). Este crescimento desenfreado fez-se acompanhar por uma espetacular alta das commodities. A primeira conclusão foi a de que o impacto da demanda crescente da China causou um desequilíbrio no mercado internacional, provocando tal aumento.

Sem querer desprezar a influência, vale a pena fazer uma leitura dos preços internacionais usando a taxa de câmbio euro X dólar como filtro. Para que não se incorra no erro de particularizar o problema, tome-se o índice CRB, índice ponderado de preços de commodities criado pelo Commodities Research Bureau. Como as commodities são negociadas a preços referenciados em dólar, pode-se dizer que o CRB Spot Index também é denominado em dólar. No gráfico a seguir, este índice está representado pela curva azul. Observe a intensa alta que tem início em meados de 2002 e que acumula quase 50% de ganho no período. No entanto, observando-se a linha vermelha, que representa a conversão dos preços do CRB em euro, percebe-se que o período recente de ganhos é mais curto e que o movimento não chegou a 20% de alta.

Sem ter a pretensão de esgotar o assunto, o que quero provocar é uma reflexão a respeito da tal segurança dos investimentos em dólar. Se o poder de compra do valor investido não foi preservado, não se pode falar em segurança no sentido amplo. O que os preços evidenciam é a perda de poder de troca da moeda americana com relação aos preços internacionais. Cedo ou tarde, este fenômeno exercerá pressão sobre os preços domésticos nos EUA, exigindo ação corretiva do Fed, o que provocará perdas nominais nas carteiras de títulos denominados em dólar. E este será mais um motivo para o investidor se lamentar de ter acreditado tanto na segurança do dólar. Afinal, como diria Gertrude Stein, se lhe fosse pedido um conselho financeiro: "Um dólar é um dólar é um dólar." Só isto.
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Postby mends » 03 May 2004, 10:02

obviamente não tem um "gráfico a seguir..." :lol:
quem quiser ver o gráfico, compra o valor economico de hj.
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Postby mends » 03 May 2004, 10:14

GIBA UM

Escândalo do lixo
O escândalo da licitação do lixo na cidade de São Paulo (a cada dia, aparecem mais provas de que o resultado da concorrência estava acordado, há meses) ameaça se transformar não apenas em novo tiro contra a reeleição da prefeita Marta Suplicy mas em novo imbroglio para o Planalto, à medida em que surge, no meio de tudo, a figura de Rogério Buratti, ligada a Waldomiro Diniz e ao ministro Antonio Palocci.


Cara, eles podiam pelo menos escolher umas máfias melhores...lixo, bicho...tá loco!
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Postby mends » 03 May 2004, 10:15

ELIO GASPARI

A ekipekonômica protegeu a patuléia aérea

Uma das melhores histórias de sucesso empresarial de 2003 deve ser creditada a um pedaço da ekipekonômica. Ela impediu que os cartórios aéreos e alguns cleptonautas avançassem simultaneamente sobre a poupança da Viúva e o bolso do consumidor. Trata-se do êxito da Gol, uma companhia que saiu do nada em 2001 e hoje, sem ter passado pelo velho e bom BNDES, é considerada a segunda mais rentável do mundo. Conseguiu isso tornando-se sinônimo de passagem barata. Ela cobra R$ 50 (num contrato repleto de condicionantes) pelo vôo no Corujão Rio-São Paulo, contra um preço médio de R$ 48 dos ônibus.
Num ano em que o PIB sofreu uma contração de 0,2%, a Gol aumentou sua fatia do mercado de 17,2% para 19,2%. Transportou 7,3 milhões de passageiros, 51% a mais que em 2002. Sua receita cresceu 106%, e o lucro ficou em R$ 113 milhões limpos. Num período de desemprego, deu serviço a 400 novos trabalhadores. Tendo começado com seis aviões, tem hoje 22 Boeings e 2.500 empregados. A empresa pertence à família Constantino, que opera no ramo de transportes rodoviários. No ano passado, a investidora AIG (ligada à maior seguradora dos Estados Unidos) tornou-se sócia capitalista do negócio.
Quem olha para os aviões da Gol vê neles um tique do sorriso do falecido comandante Rolim Amaro, da TAM. Ele é o patrono da briga contra os cartéis aéreos. Para se ter uma idéia de como o consumidor brasileiro foi e é maltratado pelas empresas, deve-se lembrar que os descontos de milhagem chegaram ao Brasil com 20 anos de atraso . Quando a Varig criou o cartão Smiles, os vôos da ponte aérea (o filé do mercado) ficavam de fora do cálculo das bonificações. Foi Rolim quem implodiu o cartel da ponte.
A Gol surgiu numa época em que as dificuldades financeiras da Varig levaram o governo y otros amigos más a namorar a idéia de uma fusão compulsória com a TAM (com direito a noite de núpcias na suíte imperial do BNDES, com dote de R$ 1,2 bilhão). O ministro da Defesa, José Viegas, chegou a anunciar um plano de reformulação dos céus. Passava pelo salvamento dos maganos da Varig (que demitiram 1.400 trabalhadores) e, é óbvio, por um aumento nas tarifas. Onde? Nas linhas de Brasília, São Paulo, Rio e Belo Horizonte. Criou-se um sistema de vôos compartilhados pelo qual as duas empresas partilharam os consumidores, e a patuléia ganhou atrasos e tarifas combinadas.
Foi nessa hora que entrou em ação um pedaço da ekipekonômica. Detonaram a reorganização cartorial e a reserva da Varig na suíte do BNDES. A briga ficou tão feia que técnicos do banco foram desaconselhados a comparecer a um debate no Ipea. Falou-se até em pedidos de demissão coletivos, mas isso cheirou a lorota.
O êxito da Gol faz bem à alma. Ela significa uma mudança de paradigma. Em vez de tentar reanimar com dinheiro público um mercado elitista exaurido, abriu-se uma concorrência interessada em trazer a classe B para dentro do jogo.
É possível que uma boa parte dos passageiros da Gol sejam pessoas que não tinham o hábito de viajar de avião. Formavam um mercado oprimido pela ineficiência dos cartéis. Na hora do aperto, essas empresas iam buscar dinheiro no governo. Se o exemplo da Gol der certo, na hora do aperto elas terão que rolar na lama, no mercado.
Um exemplo genérico: a Gol opera em 29 aeroportos. Neles, o mercado cresceu 6,8% entre 2001 e 2004. Em outros 21 aeroportos de tamanho semelhante onde a Gol não opera, o mercado contraiu-se 13,5%. Um exemplo: a linha Londrina-Curitiba era servida por uma empresa que mantinha quatro vôos diários, cobrando R$ 323 pelo bilhete. Em março a Gol entrou na dança, com um vôo a R$ 79. O que fez a concorrente? Criou um vôo de R$ 78,90, mas manteve os outros a R$ 350. Recuou, e hoje cobra R$ 134. A disputa fez com que o número de passageiros nessa linha passasse de 7.000 para 10 mil passageiros/mês.
Pena que não se possa partilhar o êxito da Gol com a Infraero ou com o Departamento de Aviação Civil, onde vivem os sábios da aviação oficial. Há cerca de um ano, a Gol solicitou à Infraero que lhe dê licença para usar os espaços deixados nos aeroportos pela falecida Transbrasil. Algumas dessas áreas, ociosas, viraram espaços baldios. Logo com a Infraero, que deu licença para a instalação de uma butique de relógios dentro de uma sala de embarque habitualmente congestionada, no Santos Dumont. Ao DAC, a Gol pede para voar a Ribeirão Preto e Uberlândia, cidades que, com a ruína do doutor Palocci, perderam 40% do tráfego aéreo. A chegada da Gol, com seus preços, a uma cidade como Maringá criou um mercado de 7.000 passageiros/mês, mas para os sábios do DAC isso parece ser irrelevante. Eles gostam de tarifas altas, aviões vazios, aeroportos com butiques e fila na porta do BNDES.
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Postby mends » 03 May 2004, 15:48

NADA DE NOVO NO FRONT - Sérgio Abranches

Há, claramente, uma onda montante de pessimismo com os rumos ou os descaminhos do governo. Mas é preciso ver o cenário em perspectiva.

É preciso levar em consideração que vários dos problemas que hoje alimentam visões pessimistas não são novos. Não apareceram agora. Eram visíveis: alguns já antes da virada do primeiro para o segundo semestre do ano passado; outros, pelo menos desde o final do ano. O risco político era evidente, desde o começo, quando muitos imaginavam que não havia mais risco político, com a adesão do governo petista à ideologia de mercado. O risco regulatório estava anunciado desde o início do governo, mas muitos celebraram o modelo elétrico como uma adesão à alternativa de mercado, quando era inibidor do investimento produtivo. Os sinais de risco fiscal já estavam dados no final do ano passado.

Não há novidade na fragilidade do sistema político de governança. Ele começou combinando uma base parlamentar fragmentada, grande peso do “centrão”, uma esquerda desconfortável com as escolhas macroeconômicas do governo e um esquema de decisão e controle fortemente concentrado no círculo dirigente. Com o passar do tempo, o que ficou mais nítido é que esse sistema nunca supôs um governo de coalizão. Sua premissa é uma coalizão parlamentar e um governo de partido único. Não funciona, no presidencialismo de coalizão. Se o governo não é compartilhado - orçamento e poder de decisão - a coalizão parlamentar se fraciona e é imobilizada. Logo, há componentes de paralisia decisória e instabilidade política embutidos no próprio desenho político concebido pelo núcleo dirigente do governo. E esse desenho expressa inteiramente as visões políticas do PT.

É, também, o caso do risco regulatório, na sua concepção mais ampla. Desde o início, o governo deu sinais claros de que, no que se convencionou chamar de “microeconomia”, divergia da orientação pró-mercado da macroeconomia governamental. No macro, assumiu compromissos claros com as metas de inflação e de superávit fiscal e apresentou propostas de um marco regulatório amigável ao investimento privado. No micro, mostrou-se, desde cedo, avesso ao investimento privado em áreas que considera estratégicas - como geração de eletricidade, petróleo e gás, infra-estrutura viária e portuária - e mais intervencionista e estatista que no macro.

Progressivamente, a análise mais técnica do modelo elétrico - inicialmente celebrado por boa parte do mercado financeiro como apropriado às necessidades do país - a interferência nas agências reguladoras; as ações concretas do BNDES - principalmente de hostilidade ao investidor estrangeiro e disposição a “reestatizar” empresas e segmentos - as atitudes da Petrobrás, também caminhando na direção da “reestatização” e “remonopolização”, foram concretizando, para os observadores, essas propensões estatistas do governo. Os sinais de desconfiança em relação ao setor privado, especialmente ao internacionalizado, foram se explicitando e realimentaram as desconfianças do setor privado em relação a um governo petista, que haviam ficado em suspensão por um tempo.

Mas, de novo mesmo, o que houve foi apenas resultado do tempo: ele permitiu ao governo tomar decisões ou deixar de tomá-las, mostrando sua inclinação estatista e seu viés antimercado no micro. O exemplo mais recentemente divulgado de recusa a viabilizar investimento privado, em área que considera estratégica, está na carta de reclamações do governador Paulo Hartung, aliado fiel, ao presidente Luiz Inácio. Dois investimentos, nos portos do estado, inteiramente cobertos por recursos privados, foram bloqueados pelo Governo Federal. Em um caso, alegando que ele mesmo faria a dragagem do porto de Vitória, em lugar de investidores privados. Não fez. No outro, não faz a licitação para um terminal de contêineres e um estaleiro para produção de plataformas de petróleo, que seriam feitos por investidores privados. Não deu resposta ao pedido de Hartung para privatizar o trecho capixaba da BR-101. Mas não foram somente esses os investimentos perdidos pelo estado. O governador me fez um relato mais completo e abrangente, há dois meses. Nada mudou.

Os sinais de risco de deterioração da política fiscal já eram visíveis a olho nu, no final do ano passado, com os compromissos que o governo assumia, a ênfase no investimento estatal em setores produtivos que poderiam ser inteiramente tocados pela iniciativa privada e na pressão dos aliados. Mas muitos analistas preferiram acreditar que os ganhos de arrecadação acomodariam tudo. Acomodam, mas com prejuízo da qualidade do superávit e inaugurando um novo piso para a razão receita/despesa em 2005. O mercado reage, agora, à realização factual desse risco.

Risco novo, de fato, não há. O que realmente há é que o governo não fez qualquer correção de rumos e foi confirmando um cenário de divergência crescente entre suas orientações macro e micro. Ora, o macro apenas aparentemente se afasta do micro. Sua expressão predominantemente financeira não elimina o nexo essencial que o liga ao setor real da economia. No tempo, os dois convergem inexoravelmente. Essa expectativa de convergência começa, agora, a levar à revisão de projeções hiper-otimistas e alimenta uma correção pessimista demais de cenário. O problema é que essa oscilação do otimismo infundado para o pessimismo exagerado tem impacto na economia política. Provocará reações do governo - que tende a ver em tudo uma conspiração para sabotá-lo - que provocarão novas reações no mercado. O quadro vai piorar de fato, se esse círculo vicioso de desconfiança do governo no mercado e desconfiança do mercado no governo se aprofundar.

Publicado em 29/04/2004.
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Postby mends » 03 May 2004, 15:53

FATOR PMDB - Sérgio Abranches


O PMDB não está dividido. Sempre foi dividido. E ele é um fator crítico na coalizão parlamentar do governo.

O PMDB é um condomínio de chefes políticos estaduais - alguns locais - e políticos avulsos, que sabem operar os mecanismos do poder parlamentar em benefício próprio. Não tem uma liderança unificada, nem mesmo um centro coletivo de poder partidário, tampouco uma liderança que se imponha por seus atributos pessoais. Por causa dessas características, vive um sistema interno altamente competitivo.

Suas distintas lideranças e facções competem entre si por poder, prestígio e recursos. Quando o governo privilegia um setor ou indivíduo, como tem feito com o senador José Sarney, contribui para desequilibrar o sistema competitivo interno e o leva de uma situação de concorrência para outra de confronto. O partido racha, tende à polarização e ao imobilismo. A polarização leva uma banda para mais próximo do governo, na expectativa de ser premiada pela lealdade, e outra para junto da oposição, na expectativa de ganhar a atenção do governo, com a ameaça de deixá-lo sem apoio parlamentar suficiente. Se o governo atende a uma das bandas, perde a outra, elas apenas trocam de posição. O melhor caminho é o oposto do adotado, não tomar partido nas disputas internas do PMDB e tratar suas principais facções “salomonicamente”, dividindo a parte que lhes cabe.

O PMDB é um fator crítico: 20% dos votos da coalizão na Câmara - mas vejam os tamanhos relativos: o PT é apenas 24% da coalizão e a esquerda, 40%. No Senado, além de ter a maior bancada, representa 49% do voto governista - o PT tem 28% dos votos da coalizão e a esquerda toda, só 38%.

É fácil ver que, dependendo de como rache, deixa o governo em minoria no Senado facilmente. Na Câmara, dado que os demais partidos do centrão também estão insatisfeitos, dá imobilismo e o governo precisa despender enorme energia política, apenas para avançar um ponto na pauta por sessão deliberativa. Isto quando consegue avançar. Pauta trancada é o resultado mais freqüente. O governo não tem mais rolo compressor. Acaba de ver derrotada sua proposta para a reserva Raposa Serra do Sol, no Senado e na Câmara. A proposta era, na verdade, absurda. Mas nem sempre o descontentamento leva a decisões melhores. Geralmente, leva apenas a não-decisões ou a decisões caríssimas e truncadas por causa de concessões caso a caso.

Sarney só tem importância porque ganhou a presidência do Senado. Como liderança isolada, é fraco. Renan Calheiros só tem importância porque se tornou o porta-voz das facções insatisfeitas. Seu poder está na capacidade de ser interlocutor, mediando entre elas - que são majoritárias, diga-se de passagem - e o governo. Se o governo lhe fecha a porta, radicaliza, para evitar o risco de perder essa capacidade de intermediação. O governo andou dando importância demais a Quércia, uma liderança há muito esvaziada. Mas, ao recuar, promoveu a reaproximação entre as facções paulistas do PMDB, em guerra desde que Quércia impediu a candidatura de Michel Temer ao governo do estado, dominando a convenção estadual e Temer lhe barrou os canais de influência nacional, ao se eleger presidente nacional e conquistar a maioria na convenção nacional. Isto tudo, ainda na era FHC.

O sistema político de governança desenhado pelo presidente Luiz Inácio e seus companheiros de núcleo dirigente - com destaque para o ministro José Dirceu - é fragilíssimo. Os erros políticos apenas agravam essa fragilidade. O erro capital foi imaginar que funcionaria um sistema de coalizão parlamentar com governo de partido único. Não funciona. O segundo erro foi interferir nas disputas internas do PMDB. O terceiro, discriminar os partidos menores do centrão da coalizão - PL, PP e PTB. O quarto, ceder ao grito dos movimentos sociais, sinalizando falta de autoridade presidencial. Estimula a importação da tática do grito por parlamentares, governadores e prefeitos.

Se não houver mudança significativa no comportamento político do governo, ele corre seriamente o risco de uma crise de paralisia prolongada - que agravará a paralisação decisória no plano administrativo-governamental - e pode vir a enfrentar, no futuro, uma crise de governança.

Não há muita alternativa. O estranhamento com o PSDB, seu maior rival nacional e o único em condições de contestar eleitoralmente a Presidência da República, impede que troque alianças ao centro, descartando pelo menos a parte mais fisiológica do centrão. Mas pode trocar alianças no interior do PMDB, aproximando-se mais de governadores como Jarbas Vasconcelos e Germano Rigotto, afastando-se da disputa no Congresso, portanto, nem patrocinando, nem se opondo à emenda da reeleição, deixando que seja decidida internamente, sem interferência sua. Nesse caso, provavelmente, Sarney perderá. Finalmente, tem que abrir o governo à coalizão e, pelo menos nas questões focais de cada ministério entregue aos aliados, compartilhar o poder decisório.

O desabafo do ministro dos Transportes - novamente o Ministério dos Transportes, como se não tivéssemos um imenso gargalo logístico - divulgado pela Folha de São Paulo, hoje, é um ótimo exemplo do que tenho procurado mostrar aqui. Se a nomeação não se reveste de compartilhamento de poder e capacidade de implementar um mínimo de ações, o resultado é negativo, gerando mais instabilidade política. O ministro não podia ser mais claro: “não agüento mais o presidente, ou ele não me agüenta mais”, disse. Expressou, de forma contundente e sintética um sentimento geral, no centrão da coalizão governista, que controla 60% de seus votos na Câmara e 62%, no Senado.

Publicado em 29/04/2004.
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Postby mends » 04 May 2004, 08:19

Pera lá:

Soltaram por aí que o Lula não deu um aumento do salário mínimo maior por conta de dois problemísticos:

1 - Impacto nas contas das previdências
2 - Gerar caixa pra projetos sociais.

A primeira me soa estranha: até uns seis meses atrás, o problema era a previdência pública, que impedia o governo de investir, porque a privada estava "equacionada"...ora, cara-pálida, é uma falácia sem tamanho, pois a previdência pública está quebrada por conta da dívida que o governo tem com ela. Um empresário deve contribuir com dois terços da aposentadoria do seu empregado, e o funcionário público contribui com 100%!!!!!!!!!!As desculpas mudam ao sabor dos ventos...
A segunda é minha grande decepção: o grande projeto social é pagar direito!!!!!! Sou contra vale-coxinha, vale transporte e quejandos, tanto que o que eu recebo disso eu vendo. Mais vale menos dinheiro na mão, mas dinheiro, que vc tem a liberdade de dar a destinação que queira. Salário digno deveria servir inclusive pra comer, sem criar essas moedas paralelas que só fazem encher o rabo de grana das operadoras, que não tem trabalho nenhum a não ser IMPRIMIR DINHEIRO, porque é isso que elas fazem, cobrando 8% só pro dono do restaurante descontar o que recebe, no fim do mês. Já pensou que comer em restaurante poderia ser mais BARATO sem essas merdas? Menos esmola e mais salário, menos oba-oba e mais seriedade, por favor. Pra viagem, sem pimenta.
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Postby mends » 04 May 2004, 08:28

Expressãozinha de merda...

tava eu vindo pra casa depois de 12 horas de trabalho, quando ouço a martaxa siplsimpson dizendo no rádio algo sobre suas obras, blábláblá, fechando com a expressão mais odiosa dos últimos tempos - junto com "entendeu?" - sim, eu só pareço burro, mas costumo entender o que as pessoas falam - "tudo de bom" - nada mais gay - e "suportar" no sentido de dar apoio: pelamordedeus, suportar é aguentar, sentido negativo!!

Bom, depois dessas cacetadas, a expressão que queria atacar é:

"Não se faz omelete sem quebrar ovos".

Justifica tudo: meu pai usou pra justificar baixas de inocentes na Rocinha, o Lula usa pro aumento do mínimo e pro superávit primário, a Marta usa pra obras...Danilo, atualize suas Leis do Universo, pois a Primeira Lei do Decálogo Saidero deve ser:

"Não se faz omelete sem quebrar ovos".

Estão doendo os meus - o meu - de tão cheio que tá o saco.

:mends:
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Postby mends » 04 May 2004, 09:31

CARLOS HEITOR CONY

Bons amigos
RIO DE JANEIRO - Estamos em boas, boníssimas mãos. Na semana passada, nosso presidente confessou que às vezes acorda invocado, pega o telefone e fala diretamente com Bush, dando-lhe conselhos ou recados. Deve haver um mecanismo eletrônico que traduza essas conversas -Bush não sabe dizer nem "obrigado" em português, e Lula não é lá essas coisas em nenhum idioma, nem mesmo em português.
Devemos ficar curiosos em saber o tamanho, o tipo e a oportunidade desses recados ou conselhos. Dou de barato que não serão ameaças, não cola bem acordar um chefe de Estado amigo para fazer ameaças de qualquer espécie. Além do mais, se o homem brasileiro deixou de ser cordial, Lula continua cordial à maneira dele. E, não se tratando de Bin Laden e de Saddam Hussein, o presidente norte-americano se esforça para ser civilizado, também à maneira dele.
Falam por aí que tanto Bush como Lula são chegados a um aperitivo. A barra é dura para ambos, um tem pela frente os terroristas da Al Qaeda, o outro tem os descontentes dos sem-terra e os contentes do FMI.
É natural que procurem relaxar de tantas e tamanhas agruras. E o bate-papo matinal deve fazer bem aos dois. Melhor assim. A maior tragédia do século passado foi a falta de diálogo entre Hitler e Churchill, se os dois conversassem todas as manhã não teria havido a Segunda Guerra.
Churchill bebia e fumava imensos charutos, Hitler só tomava chá, era vegetariano e detestava cigarro, foi o primeiro chefe de Estado a proibir que fumassem diante dele. É o patrono dos antitabagistas de hoje. É evidente que não podiam se entender, só mesmo uma guerra entre os dois, com 20 milhões de mortos.
Pelo menos desse risco estamos livres. Lula e Bush apreciam um trago, devem se entender como dois bons amigos que se encontram num bar e se prometem coisas boas reciprocamente, mandando o resto da humanidade às favas.
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Postby mends » 04 May 2004, 17:56

Marta Suplicy comemora em Paris os 450 anos de São Paulo

Por Beatriz Lecumberri PARIS, 4 mai (AFP) - Por ocasião do congresso de representantes municipais dos cinco continentes que estásendo realizado em Paris, a capital francesa prestou uma homenagem especial a São Paulo, que faz 450 anos em 2004, na presença da prefeita Marta Suplicy.

"São Paulo é conhecida como a cidade dos 1.000 povos, e um deles é a França, que sempre exerceu grande influência sobre nossa história, principalmente Paris, com quem mantemos uma relação especial", declarou Suplicy nesta terça-feira, durante uma cerimônia na Casa da América Latina, em Paris.

**nosso paralelo com Paris é inegável: o que dizer dos nosso Campos Elíseos?**

O projeto "São Paulo 450 anos Paris", lançado no início deste ano por Suplicy e seu colega parisiense, Bertrand Delanoë, tem como objetivo enriquecer a cooperação entre as duas metrópoles.

A primeira fase do programa foi realizada em janeiro passado, quando Delanoë viajou à São Paulo para participar das cerimônias oficiais do aniversário da cidade. A segunda parte se realiza nesta semana em Paris, na presença da prefeita do Partido dos Trabalhadores (PT).

"Nossos dois governos têm em comum uma certa ruptura com a gestão dos dirigentes anteriores, e têm vontade e energia para construir algo novo, enfrentando os problemas clássicos de uma grande cidade", afirmou Suplicy, em francês, nesta terça-feira.

Na opinião de Sandrine Mazetier, ajdunta do prefeito de Paris, Suplicy sempre representou para as autoridades da capital francesa "um exemplo de energia e imaginação, um símbolo da democracia e da tentativa de associar os cidadãos a um projeto de cidade que cresce".

"São Paulo nos inspira", elogiou Mazetier, ressaltando o grande vínculo ideológico existente entre o Partido Socialista de Delanoë e o PT de Suplicy.

** a q?**

Nesta terça-feira, os dois prefeitos inauguraram uma exposição de fotografias e imagens históricas do Instituto Moreira Salles de São Paulo, na cripta da catedral de Notre-Dame.

Durante a tarde de hoje, Suplicy fechou uma conferência de dois dias sobre a relação entre as duas cidades, e assinou um acordo de cooperação bilateral que permitirá formalizar novas formas de intercâmbio entre políticos, artistas e intelectuais de ambas as metrópoles.

Na próxima quinta-feira, Suplicy inaugurará com Delanoë uma grande obra mural da artista paulista Carmela Gross no centro de Paris. Em janeiro passado, um artista francês, Philippe Mayaux, realizou uma obra similar nas ruas de São Paulo.

Os dois prefeitos serão provavelmente escolhidos na quarta-feira para ocupar duas das três cadeiras de presidente da organização mundial "Cidades e Governos Locais Unidos", um congresso realizado desde domingo em Paris.

Na ocasião da presença de Suplicy em Paris, o presidente do "Ano do Brasil na França (2005)", Jean Gautier, apresentou à prefeita de São Paulo um programa detalhado das atividades que estão sendo organizadas para este evento, em setores como música, dança, teatro, cinema, política, história ou literatura.

"Em cooperação com os ministérios brasileiros das Relações Exteriores e da Cultura, tentaremos mostrar uma imagem fiel do Brasil de hoje a nossos cidadãos, procurando sair dos clichês clássicos praia, mulatas e carnaval", explicou Gautier.
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Postby mends » 05 May 2004, 15:32

ELIO GASPARI

Os tucanos viraram surfistas de ruína
De repente, deu uma saudade danada do PSDB. Saudade de quê? Da estagnação econômica? Da plutofilia? Da privataria? Do BNDES com seus grampos? Muita gente boa acha que comprou gato por lebre na eleição de 2002. Pena, mas o que se comprou foi gato por gato. É o preço que se paga quando se decide votar "em qualquer um, menos..."
A saudade do PSDB é muito mais uma reação aos petistas de charutos Cohiba e Ômegas australianos do que um sentimento de gratidão, reconhecimento ou esperança. À custa do mau desempenho petista, os tucanos conseguem o milagre de parecer viáveis precisamente quando se mostram um partido anacrônico, oportunista, sem projeto nem nomes.
Trata-se de um partido que não consegue ter candidatos próprios em Belo Horizonte e em Fortaleza (capitais de Estados governados por tucanos). Também não conseguiu deixar de pé a candidatura da deputada Denise Frossard no Rio de Janeiro. Preferiu fritá-la em troca de um pedaço do bife municipal de Cesar Maia. Em Porto Alegre, se a deputada Yeda Crusius não tomar cuidado, pode ser assada numa composição com o PPS. Em São Paulo, caso José Serra não seja candidato (até hoje ele não disse que não será), o governador Geraldo Alckmin empurrará goela abaixo do partido o procurador Saulo de Castro Abreu Filho, seu secretário da Segurança. Para Alckmin, ele é o "servidor público nº 1". Para o ex-secretário José Afonso da Silva (vinho da safra Mário Covas), é um operador de retórica malufista. Será divertido ver a expressão de perseguidos da polícia como FFHH (FHC), Aloysio Nunes Ferreira (PCB-ALN), Arnaldo Madeira (PCB) e José Serra (AP) no palanque tucano do doutor Saulo.
Por mais que disfarce, o PSDB tornou-se uma linha auxiliar da base petista no Congresso. Na Câmara, menos. No Senado, muito mais. Os senadores tucanos fazem mais oposição ao espalha-brasa Aloizio Mercadante do que ao governo de Lula.
O tucanato econômico apóia a ruinosa política de Lula. Afinal, a cabeça da ekipe não mudou. Fizeram o melhor negócio do mundo. Deixaram o companheiro com a taxa de desemprego e ficaram com a taxa de juros. O doutor Pedro Malan, no conselho do Unibanco. O doutor Armínio Fraga, que saiu de um fundo de milionários para presidir o Banco Central de FFHH, fundou o seu próprio fundo de milionários. Mora numa casa com piscina que muda de cor durante a noite. (Um dia, a interminável atriz Esther Williams sai de dentro d'água e põe os convidados para correr.) Enquanto isso, o grão-tucano FFHH se dá ao desfrute de enfeitar uma quermesse de deslumbrados reunida em Comandatuba, na qual ele e o doutor Antonio Palocci falaram sobre a economia nacional, enquanto as senhoras (dos deslumbrados) levaram roupinhas de onça para a festa noturna. O laboratório Pfizer presenteou os convidados com pastilhas de Viagra, e um dos times de vôlei aquático intitulava-se "Gostosos". Entre um andar de cima que faz coisas desse tipo e um andar de baixo que sai atrás de João Pedro Stedile, é melhor pensar em se filiar ao MST.
Tendo fracassado na eleição de 2002, até hoje o PSDB não teve uma só idéia, salvo surfar a ruína petista. Tudo bem, mas surfe é bonito no mar. Em política, o surfista acaba na praia, junto com o vendedor de sanduíche.
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Postby mends » 05 May 2004, 15:47

LUÍS NASSIF

Os donos do poder
O maior desafio político do Brasil nos próximos anos será conter o extraordinário apetite dos novos grupos que surgiram no país, a partir da privatização dos anos 90.
Quando deu início ao processo de abertura da economia, Fernando Collor de Mello se deu conta de que no rastro da desregulamentação da economia surgiriam novos grupos que desbalanceariam o jogo do poder no setor privado. Sem relações maiores com setores mais sofisticados, apostou suas fichas em grupos como os de Wagner Canhedo, que levou a Vasp, e os irmãos Martinez, da CNT.
No governo FHC, o jogo foi mais sofisticado, e a privatização foi feita com a nova classe dos empresários financeiros, mais alguns não-financeiros que conseguiram pegar carona no processo, grande parte com recursos de terceiros. Grupos industriais tradicionais foram jogados para o segundo plano, e o setor financeiro tradicional foi conquistado com as benesses da política monetária.
Tomando o controle de grandes corporações privatizadas, esses novos grupos passaram a acumular um poder sem paralelo na história moderna do país. Em geral, estão entre os maiores anunciantes da mídia. São também os maiores contratantes de pareceres. Conseguiram o poder da pena de consultores econômicos com espaço na mídia e dos maiores escritórios de advocacia do país, estendendo sua influência sobre a Justiça e as agências reguladoras. Tudo com recursos das empresas das quais assumiram o controle.
Constituídas para substituir o anacrônico modelo de fiscalização do Estado por um modelo de regulação flexível, algumas dessas agências se tornaram alvo fácil da influência desses grupos -que, a exemplo dos grandes grupos norte-americanos aventureiros dos anos 90, passaram a ganhar dinheiro aprendendo a entender e controlar processos regulatórios nos diversos países que privatizaram suas empresas. Em alguns casos, se prevaleceram da falta de transparência, como é o caso da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), cujos processos não são públicos, e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
No governo FHC, o poder desses grupos era patente e ficou claro no famoso jantar no Palácio da Alvorada, no qual o presidente recebeu o dono do Opportunity em pleno processo de tiroteio com os fundos de pensão.
No poder, a estratégia do PT não foi a de enquadrar, mas a de cooptar esses grupos, trocando velhas alianças pelos novos grupos, e com menos sutileza que FHC no controle das agências. Documentos recentes que circularam demonstram que minutas para reajustes de tarifas foram preparadas nos próprios escritórios de companhias telefônicas. A sucessão da CVM irá cair no colo de um aliado do presidente atual.
Constituídos para arejar o ambiente econômico do país, esses grupos são hoje o ponto central de influência política e candidato certo a crises políticas futuras. Se não tratarem de moderar o apetite e adotar ações legitimadoras, serão o tema preferencial de qualquer campanha de oposição.
Seu poder está se tornando uma questão de segurança nacional
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Postby mends » 05 May 2004, 17:13

GIBA UM
Embaixadora
Está acertado: caso Marta Suplicy seja derrotada nas eleições de outubro, o presidente Lula poderá nomeá-la embaixadora do Brasil na França. A prefeita e o maridão Luis Favre adorariam passar, pelo menos, dois anos em Paris, onde, aliás, estiveram esta semana.

**o que é pior: sustentar a vaca e o gigolô aqui, na cidade, ou em Paris? Filha da puta...roubou e fez obras de merda. EU NÃO VOTEI NO MALUF, PQP!!!! :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :ranting: :ranting:
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Postby mends » 05 May 2004, 19:45

FICA, BENÊ!
GIBA UM
Filha quase pródiga
Há quem aposte que a ex-governadora e ex-ministra Benedita da Silva, depois de quatro meses de villegiatura por cidades de três continentes - europeu, americano e africano - poderá amanhecer no Rio de Janeiro neste próximo fim de semana. Mas, já teria avisado o maridão Antônio Pitanga: se ficarem no pé dela, arruma as malas e some de novo. Detalhe: Benedita ainda não conseguiu nenhum resultado em suas aulas de inglês.
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Postby telles » 05 May 2004, 19:46

NÃO VOTEI NO MALUF, PQP!!!!


Se tivesse a gente ia estar mais no buraco.... Pq ele ia fazer o dobro de obras da Marta e pra isso triplicar o rombo no cofre..... é pq uma parte tem que ir pra ele.....
Telles

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