Nobel de Economia

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Postby junior » 10 Oct 2005, 13:57

E ai´, Mends, algum comentario sobre op Nobel de economia??
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Postby junior » 10 Oct 2005, 14:00

junior wrote: E ai´, Mends, algum comentario sobre o Nobel de economia??

Para os mais perdidos, o Nobel esta´ <a href='http://nobelprize.org/economics/laureates/2005/index.html' target='_blank'>AQUI</a>.
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Postby mends » 10 Oct 2005, 14:42

Só pra dizer que Teoria dos Jogos é um dos mais fascinantes assuntos aos quais eu não tive tempo NENHUM de me dedicar, a não ser uma pequena introdução aos jogos cooperativos e ao equilíbrio de Nash (Mente Brilhante!) que tive em Microeconomia na GV, além, obviamente, do CSI - "aquele que falar primeiro, tem o acordo!" e do Roberto Jefferson - mais Dilema do Prisioneiro, impossível.
Teoria dos Jogos é um campo fantástico, desenvolvido por físicos e matemáticos - Von Neumann, Nash - que inspirou muitos trabalhos em Finanças, principalmente do Fischer Black (outro físico, que propôs a fórmula do Black-Scholes de precificação de ativos), também Nobel.

O Schelling sempre trabalhou com a proposta da Teoria dos Jogos como framework unificador das ciencias sociais (e você como cientista deve saber como isso é perigoso - só em ciências sociais podsso citar outras visões unificadoras como o Behaviorismo e a Teoria dos Sistemas), e pesquisava bastante um tipo de resultado específico, que mostrava que uma parte "jogadora" sempre melhorava sua utilidade enquanto piorava suas opções - não me peça pra explicar a fundo, mas é meio intuitivo: quanto piores suas opções, mais ganhos relativos elas trazem. Já o israelense Aumann analisava principalmente os Jogos Infinitos, mostrando que a cooperação ficava cada vez mais distante quantos mais jogadores estivessem jogando e quando eles interagiam de maneira infrequente, quando o horizonte de tempo é curto, quando há muita incerteza etc.

A Teoria dos Jogos foi de muita relevância - e ainda é - pra evitar guerras. Se você assistir 13 dias que abalaram o mundo, verá o Kennedy sendo um estrategista brilhante e utilizando muitos conceitos de Teoria dos Jogos. E serve pra explicar estratégias competitivas de empresas - muito melhor que Michael Porter - delegação de poder político, legitimidade de instituições sociais e, last but not least, o Big Brother Brasil. :lol:
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Postby mends » 11 Oct 2005, 11:25

Estudo tem aplicação ampla, de negócios à biologia
Rodrigo Uchôa e Raquel Salgado, Valor Online



Schelling e Aumann nunca formaram um dupla em cooperação direta. Aumann, que disse querer se aposentar (ele estaria orientando seu último aluno de pós-graduação), desenvolve formulações matemáticas, enquanto Schelling trata seus temas mais intuitivamente, sem esmiuçar por demasiado números e equações.

Talvez por usar menos a matemática, Schelling tenha se tornado mais conhecido no Brasil. Seus livros falam de estratégia militar, controle de armas, política ambiental, mudanças climáticas, crime organizado, segregação racial etc. Aumann, por sua vez, fez uma escola de pensadores, diz Aloísio de Araújo, vice-diretor da Escola de Pós-graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas (RJ).

Ao falar em jogos, a primeira reação poderia ser relacionar algo lúdico. Mas jogo é toda a situação em que existem duas ou mais entidades em suas posições e ações interferem nos resultados dos outros. Ou seja, é a ciência do conflito, em que o jogador é todo agente que participa e tem objetivos em um jogo - tanto faz ser um país, um grupo ou uma pessoa.

Os dois estudiosos vêem, cada um a seu modo, como funciona a mecânica de escolher as estratégias para o jogo, tentando prever os ganhos e as perdas potenciais. Chegam a conclusões que se aplicam tanto na estratégica de precificação de produto quanto no embate militar ou comercial de países. Uma delas é de quanto mais o jogo é jogado, maiores as possibilidades de cooperação.

Quanto mais você conhece seu adversário e prevê suas reações, maior a possibilidade de não se confrontarem no chamado jogo de soma zero, em que um ganha e outro perde. No jogo positivo, o embate destruidor não ocorre porque a retaliação é crível. Se sabemos que o opositor retaliará, agimos para evitar a retaliação. Grande parte do problema reside no fato de prever o que os outros participantes irão fazer.

O professor de economia Alexandre Sartoris, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), comenta um exemplo da teoria dos jogos no mundo empresarial. Ele conta que a Microsoft decidiu lançar a versão 3.0 do Windows ainda inacabada, para evitar a concorrência da IBM. A empresa de Bill Gates sabia que a concorrente trabalhava no projeto OS2, plataforma semelhante ao Windows, e que correria o risco de perder mercado caso eles lançassem o programa antes.

A Microsoft decidiu então colocar no mercado a versão 3.0, mesmo inacabada e com muitos defeitos. Conquistou o mercado e depois lançou a versão aprimorada 3.1. A companhia recompensou os compradores da 3.0 e deu a nova versão gratuita. A decisão valeu a pena. O programa da IBM, que era considerado até superior ao Windows, não decolou e morreu em pouco tempo. "A teoria dos jogos lida com situações de conflito, quando se sabe o que o seu concorrente vai fazer e é preciso saber qual a melhor estratégia para vencê-lo", disse Sartoris.

Nesse caso, não houve cooperação, mas sim enfrentamento.

Acadêmicos ouvidos pelo Valor disseram que a premiação de Aumann e Schelling corrige uma injustiça histórica, já que os dois não foram premiados em 1994, quando John Harsanyi, John Nash e Reinhard Selten levaram o Nobel pela teoria dos jogos. Nash foi tema do filme "Uma Mente Brilhante", interpretado por Russell Crowe.
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Postby mends » 14 Oct 2005, 11:47

Da Economist:

Economics focus

War games

Oct 13th 2005
From The Economist print edition


A big pay-off for two game theorists





THIS year's Nobel prize for economics might almost have doubled as the prize for peace. On October 10th, three days after the International Atomic Energy Agency and its director-general, Mohamed ElBaradei, won their laurels for monitoring the misuse of nuclear power, the economics prize was bestowed on two scholars whose best work was also done in the shadow of the mushroom cloud.

Robert Aumann, of Hebrew University, and Thomas Schelling, of the University of Maryland, are both game theorists. Game theory is now part of every economist's toolkit and has been recognised by the Nobel award before, when John Harsanyi, John Nash and Reinhard Selten shared the honour in 1994. It is the study of what happens when the calculating, self-interested protagonist of economic fable meets another member of his kind. In such encounters, neither party can decide what to do without taking into account the actions of the other.

During the cold war, two protagonists that captured game theorists' imaginations were the United States and the Soviet Union. How each of these nuclear adversaries might successfully deter the other was the most pressing question hanging over Mr Schelling's classic work, “The Strategy of Conflict”, published in 1960. The book ranged freely and widely in search of an answer, finding inspiration in gun duels in the Old West, a child's game of brinkmanship with its parents, or the safety precautions of ancient despots, who made a habit of drinking from the same cup as any rival who might want to poison them.

Mr Schelling's back-of-the-envelope logic reached many striking conclusions that appeared obvious only after he had made them clear. He argued that a country's best safeguard against nuclear war was to protect its weapons, not its people. A country that thinks it can withstand a nuclear war is more likely to start one. Better to show your enemy you can hit back after a strike, than to show him you can survive one. Mr Schelling invested his hopes for peace not in arms reductions or fall-out shelters but in preserving the ability to retaliate, for example by putting missiles into submarines.

All-out thermonuclear warfare is the kind of game you get to play only once. Other games, however, are replayed again and again. It is these that fascinate Mr Aumann. In a repeated encounter, one player can always punish the other for something he did in the past. The prospect of vengeful retaliation, Mr Aumann showed, opens up many opportunities for amicable co-operation. One player will collaborate with another only because he knows that if he is cheated today, he can punish the cheat tomorrow.



Mutually assured co-operation
According to this view, co-operation need not rely on goodwill, good faith, or an outside referee. It can emerge out of nothing more than the cold calculation of self-interest. This is in many ways a hopeful result: opportunists can hold each other in check. Mr Aumann named this insight the “folk theorem” (like many folk songs, the theorem has no original author, though many have embellished it). In 1959, he generalised it to games between many players, some of whom might gang up on the rest.

Mr Aumann is loyal to a method—game theory—not to the subject matter of economics per se. His primary affiliation is to his university's delightfully named Centre for Rationality, not its economics department. Trained as a mathematician, he started out as a purist—pursuing maths for maths' sake—but soon found his work pressed into practical use. Between 1965 and 1968, for example, he co-wrote a series of reports for the United States Arms Control and Disarmament Agency. The Russians and Americans were pursuing gradual, step-by-step disarmament. But the military capabilities of each superpower were so shrouded in mystery that neither side knew precisely what game they were playing: they did not know what their opponents were prepared to sacrifice, nor what they themselves stood to gain. Without knowing how many missiles the Russians had, for example, the Americans could not know whether an agreement to scrap 100 of them was meaningful or not.

In such games, Mr Aumann pointed out, how a player acts can reveal what he knows. If Russia were quick to agree to cut 100 missiles, it might suggest its missile stocks were larger than the Americans had guessed. Or perhaps the Russians just wanted the Americans to think that. Examples of such deception are not limited to the cold war. Some have speculated that Saddam Hussein pursued a similar strategy in the run-up to the invasion of Iraq in 2003. Despite apparently having no actual weapons of mass destruction left, he offered only the most grudging co-operation to weapons inspectors. The Iraqi dictator perhaps wanted to conceal the humiliating fact that he had nothing much to hide.

Messrs Aumann and Schelling have never worked together, perhaps because the division of labour between them is so clear. Mr Aumann is happiest proving theorems; Mr Schelling delights in applying them. Mr Aumann operates at the highest levels of abstraction, where the air is thin but the views are panoramic. Mr Schelling tills the lower-lying valleys, discovering the most fertile fields of application and plucking the juiciest examples.

In one of his more unusual papers, Mr Aumann uses game theory to shed light on an obscure passage in the Talmud, which explains how to divide an asset, such as a fine garment, between competing claimants. You should give three-quarters to the person who claims all of it, and the remaining quarter to the person who claims half of it, the text instructs, somewhat inscrutably. Fortunately, the Nobel committee had no need for such a complicated rule in dividing up its prize. Between its two equally deserving laureates, it split the SKr10m ($1.3m) fifty-fifty.
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