aproveitando q o Danilo está de boiolice, e q o tópico é de rh, essa é uma matéria q saiu no valor sobre essas estupidezas q acontecem à guisa de "treinamento"...agora é o arvorismo...basicamente, coisas de quem gosta de pau...
Trabalho em equipe na copa das árvores
Por Thiago Stivaletti, para o Valor De São Paulo
Foto: Rogerio Pallatta/Valor
Funcionária realiza uma prova de arvorismo usada para aguçar a concentração e a capacidade de reação a dificuldades
Sexta-feira, 9 horas da manhã. Um grupo de 20 pessoas de diferentes empresas já está reunido na área verde do restaurante Aldeia Cocar, em Aldeia da Serra (a cerca de 30 km de São Paulo), para uma demonstração de arvorismo promovida pela Adecco, multinacional da área de recursos humanos. O tempo ensolarado ajuda.
São 14 mulheres e 6 homens. Apenas duas ou três pessoas vêm do departamento comercial das empresas - todo o restante é enviado pelo departamento de RH. "Não sei se tem como convencer os colegas a fazer esse treinamento. Não consigo imaginar um engenheiro grisalho de 50 anos subindo numa árvore", diz uma das participantes, enviada para viver a experiência e dar seu parecer quando voltar ao escritório.
O arvorismo é uma espécie de esporte semi-radical praticado na copa das árvores. Sempre presos a um cabo de segurança, os participantes escalam redes e árvores, caminham sobre cabos de aço, equilibram-se em estribos, atravessam pontes suspensas e deslizam por tirolesas. Criado na Europa como instrumento para biólogos e botânicos que estudam espécies encontradas somente na parte mais alta das florestas, o conceito foi adotado pela turma do esporte de aventuras - e não demorou muito para ser adaptado para o cardápio de atividades extracurriculares do departamento de RH das empresas.
Para quem não sofre de acrofobia, como o detetive interpretado por James Stewart em "Um Corpo que Cai", atravessar pontes com tábuas de madeira segurando em cabos de aço não chega a dar medo. No máximo exige um grande esforço físico, como num trecho em que os participantes só conseguem caminhar enfiando seus pés em triângulos de ferro que balançam o tempo inteiro. Mas as provas não são mesmo feitas para assustar, e sim para aguçar a concentração e a capacidade de reação diante das dificuldades. E quem ousaria se distrair a 25 metros do solo?
"O enfoque é mesmo individual, tudo é pensado para que a pessoa descubra um pouco mais de si mesma. Os treinamentos malfeitos são sempre aqueles que só propõem atividades em equipe", diz Alejandra Figini, argentina que dirige hoje a Adecco no Brasil depois de trabalhar como diretora de consultoria para a América Latina e acompanhar treinamentos de arvorismo com empresas como Coca-Cola, Pfizer, Bellsouth e TIM. No Brasil, essas atividades de Indiana Jones estão só começando: apenas quatro empresas já fizeram o treinamento.
Mas os exercícios em grupo, claro, também estão no cardápio. Na segunda parte, um grupo de dez pessoas teve que encarar uma prova digna de "Big Brother": cinco pessoas de mãos atadas tinham que comandar as outras cinco, de olhos vendados, na armação de uma barraca. Por uma infelicidade do destino, o único integrante do grupo que tinha uma longa experiência com camping estava de olhos vendados - alguma relação com executivos experientes em cargos de pouco potencial?
De olhos vendados, o que se ouve é a mais perfeita prova de que o mundo, como dizia Shakespeare, é feito de som e fúria. Primeiro, todos os participantes que podem enxergar querem dar ordens. Em seguida, um dos membros, com maior capacidade de liderança, assume o comando e começa a dar ordens para os outros. Criam-se então os subchefes, cada um comandando o seu subordinado "cego", mas sempre esperando a ordem do chefe superior. A hierarquia melhora um pouco as coisas, mas não traz dinamismo. Cada cego tem que esperar às vezes mais de cinco minutos com um gancho ou um pino na mão até receber uma nova ordem do tipo "ande dois passos para frente" ou "tente encaixar esse pino num gancho que está perto do seu pé direito". E cada minuto parado só traz tédio e desestímulo, fazendo os cegos se sentirem de mãos atadas tanto quanto os chefes.
"Os cegos não tiveram um forte sentimento de impotência? E os de mãos atadas, não tiveram vontade de matar os cegos em alguns momentos? É assim que se sentem subordinados e chefes em uma empresa", explica Alejandra ao final da prova - que não foi completada, por sinal: a capa que revestia a barraca tampou a sua entrada. "Se essa barraca fosse a empresa de vocês, ela provavelmente teria ido à falência", completa ela.
Alejandra explica que todo o treinamento é baseado nas teorias sobre inteligência emocional desenvolvidas pelo professor de Harvard, Daniel Goleman - cujos livros sobre o assunto são best-sellers no mundo inteiro. "É preciso levar as pessoas a uma auto-análise", diz.
No final, é servido um pequeno lanche, todos os participantes trocam uma idéia com a diretora. E ela se encarrega de tecer metáforas para tudo o que as pessoas viveram. "Naquele trecho da ponte eu não consegui me segurar nos degraus e fui de cadeirinha", diz uma participante. "Mas você encontrou uma solução para o seu medo. Tem gente que simplesmente desiste e desce dali mesmo", responde Alejandra.
O programa pode ser feito em um período que varia de uma manhã até três dias. Para um grupo de 30 pessoas, a atividade sai de R$ 200 a R$ 300 por cabeça. Há adaptações dependendo da faixa etária e da área de atuação dos executivos.
O treinamento parece servir como uma sessão de terapia freudiana: é muito útil para aprofundar o autoconhecimento e até pra entender como funciona a relação de forças dentro da empresa. Mas fica mais difícil dizer se um programa de tão pouco tempo tem a capacidade de realmente melhorar o trabalho ou as relações no escritório.
essas coisas não servem pra picas nenhumas
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")