Curvas à vistaQuando se pensa num padrão de beleza nos dias de hoje, pensa-se em Juliana Paes. A atriz fluminense de 31 anos (atualmente grávida de três meses), morena e curvilínea, mede a altura certa (1,70 metro), pesa os quilos desejáveis (57) e registra a centimetragem perfeita (87 de busto, 67 de cintura, 98 de quadril) para se encaixar na preferência nacional. Pois há vinte anos o padrão era bem outro. Na virada dos anos 80 para os 90, musa que era musa tinha corpinho de Luciana Vendramini, o que se traduz em tudo menor.
Quem trabalha no ramo de cobrir (agora, com mais tecido) o corpo feminino tem acompanhado de perto a ampliação. "Quando pego um modelo de biquíni antigo no nosso acervo, fico surpresa. Como aquilo servia em alguém?", pergunta Suede Batista Silva, há mais de vinte anos modelista da linha praia da marca Rosa Chá. "O que mais mudou foi o sutiã do biquíni: o P de hoje é o M antigo", acrescenta. A constatação se repete na linha de lingeries da Valisère. "Começamos a receber comentários de que os sutiãs estavam apertando nas costas e, há três anos, resolvemos aumentá-los em um centímetro. O mesmo foi feito com as calcinhas, por um aumento sutil do quadril", confirma Michele Liu, gerente de marketing da empresa. Nos 24 anos que a pesquisa cobre, o busto médio passou de 90 para 94 centímetros, o quadril, de 98 para 102 centímetros, e a cintura, de 69 para surpreendentes 78 centímetros. "Sempre trabalhamos com uma tabela padrão de tamanhos de cinto, mas nos últimos anos recebemos tantos pedidos de aumento no comprimento que parte da produção ganhou cinco centímetros a mais", diz Claudete Syhva, da área de pesquisa e desenvolvimento da Arezzo. Neste caso, o alargamento se explica, em parte, pela cintura menos fina, e em parte pelo reposicionamento dela: nas roupas, foi ficando cada vez mais baixa.
"O aumento de medidas é consequência do aumento de peso da população, especialmente no caso da cintura, que é onde a mulher tende a acumular mais gordura", explica João Carlos Bouzas Marins, professor de educação física e fisiologia do exercício da Universidade Federal de Viçosa (UFV). "Temos dois componentes para explicar o crescimento: uma redução da atividade física e um aumento da ingestão calórica. Mas eu acredito que seja muito mais uma questão do aumento da oferta de alimentos muito ricos em energia", analisa o professor Luiz Antonio dos Anjos, coordenador do laboratório de avaliação nutricional e funcional da Universidade Federal Fluminense. Nem tudo, porém, é questão de comer mais e se exercitar menos. No caso da expansão mamária, o maior responsável é o silicone. "Por muitos anos, a segunda cirurgia plástica realizada com mais frequência no Brasil, depois da lipoaspiração, foi a de mama – muito mais para reduzir do que para aumentar. Agora, isso mudou: o primeiro lugar entre todas as cirurgias plásticas passou a ser a de colocação de próteses", relata o mastologista e cirurgião plástico João Carlos Sampaio Góes. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, das 629 000 cirurgias plásticas realizadas em 2008, 151 000 foram de mama, das quais 74% para colocação de próteses de silicone.
(fonte: http://veja.abril.com.br/230610/curvas- ... -112.shtml)