by telles » 27 Oct 2004, 12:18
Olha que legal essa critica.... tirada <a href='http://rawsocket.org/rtfm/arquivos/2004_09_01_arquivo.html#109528154550926154' target='_blank'>desse</a> site
[dohtml]
<span style="font-weight: bold;">Olga Não Era O Nome Do Guitarrista Do Toy Dolls Que Apanhou No Palco Lá Em São Paulo?</span></font><br><br>Eu fui ver <span style="font-style: italic;"><a href="http://olgaofilme.globo.com/">Olga</a></span> duas semanas atrás e nem ia me dar ao trabalho de comentar, se não fosse o a imbecil do Emir Sader ter escrito <a href="http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=956&coluna=boletim">um dos artigos mais idiotas</a> que já li na minha vida. Juro por Deus, é tão primário que parece uma redação de vestibular. <br><br>Falar
que Olga é ruim é pouco. Olga é horroroso. O filme é um desastre que
nem as várias cenas de nu frontal da protagonista Camila Morgado
conseguem salvar. Sim, eu sou o tipo de cara que acha que um filme ruim
pode ser salvo com sexo e violência, mas existe um determinado limiar
de ruindade que além do qual não tem mulher pelada que resolva. E olha
que eu acho a Camila Morgado uma gata.<br><br>Por que o filme é ruim?
Eu conto. O filme é ruim porque o roteiro é primário. É algo que se
espera de um adolescente que se meteu a adaptar o livro para o cinema.
Por exemplo, nos minutos iniciais do filme temos a seguinte sequência -
Olga Benário no campo de concentração, lembrando do resgate do namorado
num tribunal da Alemanha, aí ela chega com o namorado na União
Soviética, os dois tem uma discussão, ela olha pela janela do trem e aí
temos OUTRO flashback, dela lembrando da sua juventude como militante
comunista na Alemanha. Entendeu? Um flashback dentro do flashback. E
não foi um recurso de linguagem não - foi sem querer mesmo, uma
lambança. O filme é cheio de exemplos assim. <br><br>O filme é ruim
por causa dos diálogos pífios e artificiais (ninguém, ninguém, ninguém,
conversa assim) e dos lugares comuns que foram proibidos no cinema
desde a década de 70. <br><br>O filme é ruim porque a atuação, com
exceção de um ou outro caso isolado, é de uma amadorismo majestoso. O
casal protagonista é risível. Fernanda Montenegro faz o seu bom e velho
papel de "Fernanda Montenegro, idosa e digna", e capaz que engana o
Brasil todo mais uma vez. A grande exceção é Renata Jesion, que faz o
papel de Sabo, melhor amiga de Olga, uma excelente atuação. Mas também
pode ser porque o resto do elenco é tão ruim que qualquer um que faça
um serviço mais ou menos leva o Oscar. <br><br>O filme é ruim por
causa do casting horroroso, com soldados alemães bronzeados e uma
assembléia de comunistas que parece ter saído de um brechó em Ipanema.
Temos bilhões de descendentes de europeus no Brasil com cara de
europeus. Pegar qualquer um mais branquinho não funciona.<br><br>Mas
vamos dar o braço a torcer, que o filme tem seus pontos positivos: para
um filme nacional, os cenários e figurinos são fenomenais. E o roteiro
também tem seu trunfo, mostrando o Luís Carlos Prestes como o completo
panaca sem personalidade que era. Campeão dos meninos criados com avó
em apartamento, Prestes acreditava (bom comunista que era) em uma
realidade totalmente distorcida (revoltas da marinha de guerra que não
aconteciam, insurreições no exército que não existiam e uma greve geral
da qual não houve nem cheiro). Sua total falta de personalidade fica
clara 9 anos depois de sua prisão (esta parte não está no filme, claro)
quando sobe ao palanque do lado do Getúlio Vargas (o "assassino" de sua
mulher), a mando do Partidão.<br><br>E a ideologia até que fica razoavelmente sob controle no filme. Os comunistas são uns <span style="font-style: italic;">losers</span>
e nem é preciso muito trabalho para enxergar isso - eu, se fosse
comunista, ia ficar puto. Como não só, fico puto só por causa dos doze
reais que eu gastei à toa.<br><br>Mas aí vem o Emir Sader falar que o filme incomoda porque é de esquerda, <a href="http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=956&coluna=boletim">no meio de um artigo tão cheio de idiotices</a> que eu não resisto a registrar algumas delas aqui: </p><blockquote><span style="font-style: italic;">Incomoda
porque a Alemanha ? país ocidental, branco, protestante, anglo-saxão,
capitalista ? foi poupada por Hollywood, apesar de ter feito a pior
"limpeza étnica" da história, contra judeus, comunistas e ciganos.</span></blockquote>
A Alemanha foi poupada por Hollywood. Agora, esse povo tem que se
decidir. Um dia dizem que Hollywood é controlada pelos judeus. No
outro, dizem que Hollywood absolveu a Alemanha. Bem, o sem-número de
filmes que vi sobre a segunda-guerra mundial onde os alemães eram clara
e distintamente os bad guys mostra o contrário. <blockquote><span style="font-style: italic;">O filme de Rita Buzar e Monjardim recorda o papel que a Alemanha, como potência imperialista, desempenhou no nazismo.</span></blockquote>
Isso foi uma importante revelação do filme e que me deixou muito
surpreso. Obrigado Rita Buzar e Jaime Monjardim, porque se voces não
tivessem feito Olga eu nunca ia saber do papel que a Alemanha
desempenhou no nazismo. <blockquote><span style="font-style: italic;">É
possível que Olga incomode também porque é uma produção de ótima
qualidade, apesar de procurar fugir dos cacoetes de estilo
norte-americano a que tanto nos acostumam nos cinemas.</span></blockquote>
Olga é uma releitura das mais chulés de todos os cacoetes americanos do
cinema. Cacoetes tão manjados, mas tão manjados (como a primeira noite
de Olga e Prestes sendo mostrada em uma cena com os dois nus, à
meia-luz, ajoelhados de frente um para o outro com suas mãos se tocando
levemente) que já não são mais usados por Hollywood hà decadas - a não
ser como auto-crítica.<br><br>Em resumo: Olga é uma merda. Emir Sader é um idiota. Nothing new here, really.<br>
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