que fique claro que não estou chamando ninguém de imbecil. Nem quem usa as cameras, porque, em determinado momento, vc deve se inserir, e até eu vou acabar, mais cedo ou mais tarde, comprando uma bosta dum celular com foto. Ë o que eu disse outro dia: a verdade é um construto social. A partir de determinado momento, a adoção de tecnologia se faz por osmose, e influi na percepção que se tem do mundo. Como somos utilitaristas - e somos, quantas vezes nos perguntamos na faculdade: pra que to aprendendo esse merda? - os fins justificam os meios. Como somos hedonistas - e quantas vezes não colocamos nossa satisfação acima de tudo? - tudo que nos proporcione "bons momentos"é aceito sem maiores indagações sobre os riscos. E como estamos nos tornando cada vez mais imbecis - e o quantas vezes não falamos: cade o powerpoint dessa aula, dessa a[presentação? Quem tem tempo de ler algo com mais de dez páginas antes de emitir qualquer opinião? Quem gosta de se aprofundar em algum assunto? Quem prefere ler sobre o Stephen Hawking que sobre a Deborah Secco? - queremos acima de tudo, "facilidade". Quem tem tempo de ler LIVROS, de aprender, de pensar? Um exemplo corporativo IMBECIL que acabei de receber por mail, abaixo. BRINCAR pra aprender. Que porra é essa? Quem aprende brincando é criança, só que pra que dificultar, pra que questionar, se a breja tá gelada e o sexo é farto? Imbecil não é só mexer no queijo...Ah, e somos MARXISTAS, pois acreditamos que a ECONOMIA MOLDA A SOCIEDADE. Cadê o ser humano nisso tudo?
é como MATRIX: ignorance is bliss.
Gestão lúdica de Tecnologia da Informação
Quem entrasse na sede da CPM durante o ano passado poderia surpreender Ana Ribeiro Arthur, gerente de tecnologia, entretida em frente a um jogo de tabuleiro. Cabulando o trabalho? Longe disso. Ana fazia parte de um grupo de oito funcionários que participavam de uma sessão de treinamento de profissionais da diretoria e alta gerência nas práticas de ITIL (IT Infrastructure Library). O jogo em questão era uma ferramenta utilizada para testar os conceitos estudados. Ana também se valeu desse recurso durante um treinamento externo ministrado pela HP. Nos dois casos, sua avaliação é clara: “Os resultados são muito positivos”, diz a gerente. Para a executiva, na CPM o jogo criou uma dinâmica mais à vontade. No treinamento externo foi importante por mostrar que os processos são ligados em uma cadeia. “Se alguém fazia um movimento errado, isso tinha um impacto em todo o serviço”, esclarece Ana.
Com sua capacidade de prender a atenção e simular situações reais, cada vez mais alguns jogos são utilizados para realizar treinamentos com fins profissionais. Todas as áreas de uma empresa – incluindo o departamento de TI – podem se beneficiar com isso. Já existem companhias especializadas em criar jogos desse tipo, como a G2G3. Algumas consultorias de processos de tecnologia, como a PinkElephant, uma das maiores empresas especializadas em ITIL do mundo que acaba de abrir operação no Brasil em parceria com a Emeritis, também lançam mão desse expediente. Mas qual a real utilidade desse recurso? Sérgio Rubinato Filho, gerente de consultoria da Quint Wellington Redwood do Brasil, consultoria holandesa especializada em ITIL que está no Brasil há menos de um ano, explica que alguns estudos sugerem que cerca de 76% do conhecimento é mais bem assimilado com a utilização de jogos. “Fiz vários cursos de ITIL e sempre que havia simulação era muito mais fácil lembrar o que havia estudado”, conta Rubinato.
Abrindo os olhos
Uma das funções dos jogos é abrir os olhos dos profissionais para a importância de seguir processos. O gerente de consultoria da HP, João Cerqueira, faz uma analogia entre o funcionamento de qualquer corporação e o exemplo clássico de fabricação de automóveis. Na linha de montagem, há uma óbvia seqüência de atividades de manufatura e uma ação só pode ocorrer depois que outra estiver concluída. Ocorre o mesmo com a área de tecnologia de qualquer empreendimento – embora nem sempre seja fácil perceber isso.
“O pintor do automóvel consegue entender onde e como a pintura se encaixa, porque ele sabe que se não fizer o seu trabalho a próxima etapa será prejudicada”, diz Cerqueira. Com TI, às vezes é mais difícil perceber as conseqüências de fugir aos processos estabelecidos. O jogo é uma maneira de compreender isso. Como os profissionais estão imersos nas atividades, não conseguem enxergar o que elas significam no contexto geral da empresa.
A Quint oferece o Control IT, um jogo que ajuda a derrubar o mito de que apenas escolher a melhor solução de tecnologia resolve todos os problemas de uma empresa. “A eficiência operacional é uma equação baseada 40% em processos, 40% em pessoas e apenas 20% em ferramentas“, afirma Rubinato Filho. A conclusão é óbvia: se a empresa investir em treinamento de processos, os problemas de informática diminuem. O tabuleiro é empregado em treinamentos de ITIL que duram um dia, para grupos de dez a 16 pessoas. Por se tratar de uma ação lúdica, os executivos no início têm restrições para jogar, mas acabam entendendo a atividade como um laboratório onde é permitido errar. “Depois, na vida real, os erros não são admitidos tão facilmente”, lembra Rubinato Filho.
No final se conclui que só mudando os processos – sem mexer nas ferramentas ou nas pessoas – a empresa melhora a eficácia e aumenta os lucros. “Isso ajuda a modificar a percepção de que processo é burocracia”, diz o consultor. “Na verdade, processo significa achar uma fórmula que funcione e implementá-la como padrão.”
Cada um por si
A Microsoft também usa alguns tabuleiros, como o McKinley Airport, uma simulação desenvolvida pela G2G3 e utilizada para treinamento no chamado Microsoft Operations Framework (MOF), um guia de como planejar, implementar e manter processos operacionais de TI. No jogo, os alunos assumem diversos papéis no time de operações de um aeroporto com o objetivo de gerar receitas movimentando o maior número possível de aeronaves.
Tradicionalmente, a HP emprega jogos de terceiros, como da própria Quint. Agora a empresa está desenvolvendo uma opção própria, mas por enquanto prefere não falar sobre o assunto. Nos cursos de ITIL promovidos pela fornecedora, os participantes começam a jogar sem nenhum treinamento e cada um tenta dar o melhor de si, mas de uma forma desorganizada – semelhante ao que acontece no cotidiano de muitas corporações – gerando resultados pífios. Depois de uma sessão de treinamento explicando a importância de estabelecer e seguir processos, os jogadores iniciam uma nova rodada e começam a estruturar procedimentos, melhorando gradativamente o desempenho.
Além de utilizar esse recurso em treinamento de clientes, a HP também faz o mesmo internamente. Em 1998, quando a fornecedora criou sua divisão de consultoria, foi desenvolvido um jogo para mostrar o funcionamento da área e quais os processos que deveriam norteá-la. Todos os profissionais de consultoria da HP ao redor do mundo foram treinados dessa forma. Como se vê, a brincadeira é levada a sério em algumas das maiores empresas do setor de tecnologia.
BOX BOX
Videogame para treinamento
A Simulation, uma empresa nacional constituída oficialmente em 1998, desenvolve jogos eletrônicos para treinamento de executivos, como o Strategy e o Laboratório de Decisões Estratégica (LDE). Os games são voltados a treinamento de gestão corporativa e, segundo o sócio-diretor da empresa, Felipe Spinelli, podem ser utilizados para que a área de TI adquira uma visão de negócios. “O perfil típico de quem participa é um profissional que se tornou diretor e agora precisa se relacionar com outras áreas da empresa”, afirma.
No Strategy, o objetivo é administrar uma empresa fabricante de microcomputadores. Recentemente, a FGV Eaesp fez uma parceria com a Simulation e reuniu alguns alunos em turmas de 40 pessoas para disputar uma partida. Cada turma tinha cerca de oito grupos de cinco pessoas, que representavam uma diretoria da empresa e competia com os outros grupos. O simulador compara as decisões e analisa fatores como preço, investimento em marketing, estoque para atender a pedidos, até chegar a um vencedor.
Já o LDE simula uma fábrica de automóveis. Sua complexidade é maior e seu uso fica mais restrito a treinamentos de alta diretoria. As empresa podem contratar a Simulation para uma rodada de treinamento in loco com os games – nesse caso, é necessário pelo menos um computador por equipe – ou podem jogar pela internet no site da FGV Online, por um custo de cerca de R$ 200 por participante. Mais de 3 mil executivos e 8 mil universitários já experimentaram os jogos da empresa.
Ricardo Cesar
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")