BOA!!!!
Azevedo
Chomsky, o velhinho picareta
Chomsky: lá das bandas do capitalismo libertário, ele prega socialismo para a bugrada do Terceiro Mundo
Jamais tenham dúvida: onde houver um equívoco no mundo, em qualquer lugar do mundo, lá estará o intelectual e lingüista norte-americano Noam Chomsky para dar o seu apoio. O que nós temos em comum? A crítica a Lula, por razões, claro, opostas. É por isso que ele, agora, assina um manifesto em defesa da candidatura de... Heloisa Helena no Brasil. Ate aí, cada um faça o que achar melhor. O que me incomoda é que Chomsky e outros o façam porque, segundo dizem, Lula abandonou os ideais socialistas e se converteu à social-democracia! Vejam vocês: se os bacanas tivessem acusado Lula de ter aderido, vá lá, à direita, ainda eu tenderia, mesmo discordando, a compreender seus motivos. Mas não. Chomsky não gosta da social-democracia. Ele espera, certamente, um outro modelo para América Latina. Acha que a bugrada daqui merece é socialismo.
Chomsky é o retrato do vagabundismo intelectual do Primeiro Mundo, que espera sempre que gorilas terceiro-mundistas realizem cá suas utopias finalistas. Ora, queridos: Pol Pot, que matou três milhões no Camboja, foi formado por intelectuais da esquerda francesa. Vejam lá a maravilha que ele realizou. Régis Debray, antes de dizer cobras e lagartos de Che Guevara, foi seu companheiro de guerrilha e o verdadeiro teórico do “foquismo”.
Quem garante a delinqüência intelectual de Chomsky? O MIT (Massachusetts Institute of Technology ), onde é professor. Uma instituição como essa não poderia existir num país socialista, mas apenas onde vigorasse, como é o caso, uma cultura democrática — e, pois, assentada na economia de mercado. Ou Chomsky estaria prestando seus serviços a um partido. Ele usa, pois, das licenças que o sistema lhe faculta para combater seus princípios e pregar a sua superação — desde que em terras estranhas. Ele sabe que os EUA jamais serão um país socialista. Nesse sentido, pode se dar por satisfeito e fazer uma crítica confortável.
Chomsky, que é judeu, é também o mais ácido crítico da política dos EUA para o Oriente Médio e da política israelense. Ambas estão acima de qualquer debate? É claro que não. A rigor, nada que diga respeito às relações sociais e às escolhas políticas está. E Chomsky não se limita a apontar erros ou ações contraproducentes. Ele acha que os dois governos agem sempre movidos por dolo. Repete, inclusive, argumentos do integrismo islâmico com o álibi de quem se sabe judeu e, portanto, supostamente acima da suspeita de que queira destruir Israel. Mas, na prática, é o que ele quer. Por quê? Ai eu já acho que o problema é psicanalítico.
Chomsky é um picareta internacional em si mesmo. É inadmissível que, gozando de todas as facilidades que o capitalismo lhe proporciona, pontifique sobre a aplicação de um modelo socialista para os países da periferia. E, de resto, o PT não é social-democrata coisa nenhuma. Continua a ser um partido de esquerda, só que mais esperto do que Chomsky. Que nem isso entendeu direito.