América Latina

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 28 Sep 2006, 12:37

Bolívia exige investimentos de US$ 1,5 bi de petrolíferas
DA REDAÇÃO

O governo boliviano exigirá investimentos de cerca de US$ 1,5 bilhão das companhias petrolíferas que assinarem o contrato que as tornará prestadoras de serviço da YPFB. O dinheiro, segundo La Paz, será usado na perfuração de novos poços para aumentar a produção de petróleo e gás do país.
O anúncio foi feito na noite de terça pelo ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas. Ele disse que com as novas aplicações o país terá nos próximos dois anos gás suficiente "para cobrir a demanda da Argentina e qualquer outro pedido".
O vice-presidente Álvaro García Linera já afirmou que o país está no limite de sua produção energética. Segundo ele, há gás suficiente para assumir novos compromissos, mas no subsolo, "não na boca do poço".
Também na terça-feira, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que a empresa paga 82% da receita da produção de gás e que os 18% restantes "podem pagar o custo de produção, mas não dão para fazer o investimento necessário para manter a produção. Se não houver mudança nas condições econômicas e locais, faltará investimento".
Os investimentos das empresas petrolíferas estrangeiras na Bolívia estão caindo nos últimos anos. A projeção para este ano, de US$ 60 milhões, é menos de um décimo do recorde histórico, de US$ 610 milhões, registrado em 1998.
No ano passado, elas gastaram US$ 200 milhões no país. Para a Câmara Boliviana de Hidrocarbonetos, a queda em 2006 é resultado da falta de segurança jurídica, reforçada pelo decreto de nacionalização.
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Postby Wagner » 28 Sep 2006, 17:43

Lula é capa da The Economist -- como lula pereu a posição de líder na AL graças à corrupção, uma economia fraca e a Hugo Chavez (veja só)...


Uma reportagem especial tb no link: http://www.economist.com/world/displays ... id=7963633
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Postby mends » 16 Oct 2006, 18:47

enquanto isso, na sala de justiça, aprendemos que no ecuador...

Forças Armadas dominam política e economia
DO ENVIADO A QUITO

A intervenção política das Forças Armadas do Equador durante a derrocada dos últimos três presidentes eleitos não é a única característica que as diferencia dos demais Exércitos da região: ao longo das últimas décadas, os militares equatorianos construíram um imenso império capitalista, que inclui a principal empresa área do país, uma montadora de veículos da GM, fábricas de vestuário, um banco e até o luxuoso hotel JW Marriott.
A chamada holding Dine (Direção de Indústrias do Exército) foi criada em 1973, como parte de um programa de substituição de importações de materiais utilizados pelas Forças Armadas, como uniformes militares e material bélico.
"Aos poucos, os militares começaram a copiar os grandes grupos econômicos equatorianos, que têm uma carteira de investimentos muito variada", afirma o politólogo Pablo Andrade, da Universidade Andina Simon Bolivar.
Atualmente, a holding administra diretamente 11 empresas e tem cerca de 2.700 empregados, muitos deles militares aposentados. "Aqui se diz que os oficiais mais inteligentes não chegam a general: se aposentam como coronéis, quando ainda são jovens e têm várias opções de carreira no setor privado", afirma Andrade.
O turismo é uma das principais atividades da Dine. Além de possuir ou ser sócia de vários hotéis luxuosos, é a dona da empresa aérea Tame.
Neste ano, as Forças Armadas iniciaram um programa de restruturação da holding, com o objetivo de diminuir o número de empresas, ficando apenas com as mais rentáveis.
O analista afirma que a incursão econômica militar era justificada ainda como uma estratégia militar contra o Peru, considerado a principal ameaça até meados dos anos 1990.
Como exemplo, Andrade cita uma empresa de criação de camarões em lagoas situadas na fronteira com o Peru. A justificativa era que o aparato impediria o avanço de carros anfíbios do Exército inimigo.
No ano passado, a Dine voltou a evocar a segurança nacional quando tentou explorar dois poços de petróleo na região de fronteira com a Colômbia, mas a concessão foi negada pela estatal Petroecuador.

Poder político
De acordo com a socióloga argentina Rut Diamint, da Universidade Torcuato Di Tella, o poderio econômico dos militares equatorianos lhes dá poder para "competir com o Estado" e é injusto do ponto de vista empresarial.
"Ao contrário de países desenvolvidos, onde o setor privado compete na indústria de defesa, provocando maior transparência e exigindo uma supervisão, os militares no Equador organizaram uma holding que tem o monopólio não apenas do poder mas também na economia", escreve Diamint, em artigo. "Como empreendedores, os militares equatorianos estão isentos de impostos e fazem uso das instituições públicas para assegurar isso."
Assim como o poder econômico, o poder político dos militares também não pára de crescer. Os analistas equatorianos concordam que é praticamente impossível se manter no poder sem o apoio das Forças Armadas, que tiveram participação decisiva no afastamento dos últimos três presidentes eleitos e são consideradas os "árbitros" da crise política equatoriana.
Para o analista José Hernández, a política equatoriana vive uma "tutelagem militar", embora ele a veja como fruto da incapacidade dos políticos para governar, "e não uma atitude golpista das Forças Armadas". (FM)
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Postby mends » 17 Oct 2006, 18:01

Chávez's U.N. Gambit
October 16, 2006; Page A14

To understand why so many Americans dislike the U.N., consider that Venezuela, of all countries, stands a chance today of being elected by a vote of the General Assembly to one of the 10 non-permanent seats on the 15-member Security Council.


This is the same country whose megalomaniac ruler, Hugo Chávez, ranted against the U.S. last month to the laughter and applause of the assembled General Assembly grandees at Turtle Bay. His international initiatives this year have included warmer ties with North Korea and Iran, buying weapons from Russia and sowing revolution throughout Latin America.

Venezuela's competition for the Latin American two-year seat that opens next year is Guatemala, a democracy that has never had a seat on the Security Council and is active in peacekeeping in Haiti and Africa. Guatemala signaled its intention to seek this seat in 2002, only to watch as Mr. Chávez jumped in the race in 2005 to get a larger megaphone for his radical views. The Caracas strongman has since played his oil card around the world to buy support, and he has the backing of the world's club of dictators.

The world's democracies in North and Central America, Europe and Asia are lining up behind Guatemala. In Latin America, Colombia and Mexico are also backing Guatemala, while Argentina and Brazil are supporting Venezuela, perhaps out of misguided leftist solidarity. The left-of-center government in Chile is on the fence, no doubt alarmed by Mr. Chávez but also fearful of crossing him.

With a two-thirds majority required to declare a winner in a secret ballot, more than several rounds of voting are expected. If Mr. Chávez wins, we'll know that most U.N. members prefer anti-American posturing to a credible Security Council.
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Postby mends » 19 Oct 2006, 11:21

preparemos os rojões...

Cubanos estão há um mês sem imagens de Fidel
Funcionários de alto escalão tentam suprir falta de boletins médicos

EFE E AFP

Há um mês a TV e a imprensa de Cuba não exibem novas imagens do presidente Fidel Castro, que está internado desde 27 de julho, quando foi submetido a uma cirurgia intestinal. Comentários de funcionários de alto escalão tentam suprir a falta de boletins médicos sobre o estado de saúde do líder cubano.

“Há muitos dias não temos fotos nem notícias diretas sobre ele, dizem-nos que está se recuperando, mas realmente não sabemos como está”, afirmou um aposentado de 68 anos, que mora em Havana.

Os cubanos puderam ver pela última vez imagens de Fidel no dia 18 de setembro, quando o diário Granma publicou fotografias dele com o deputado argentino Miguel Bonasso, seu amigo pessoal e enviado do presidente argentino, Néstor Kirchner, à Cúpula dos Não-Alinhados, realizada em Havana entre os dias 11 e 16 do mês passado.

Nas imagens, vê-se um Fidel muito magro, enfraquecido, vestido com um pijama e sentado em uma cadeira de balanço conversando com Bonasso.

Coincidindo com a Cúpula dos Não-Alinhados, Fidel também recebeu no local onde se recupera da cirurgia - que está sendo mantido em segredo - os presidente da Venezuela e Bolívia, Hugo Chávez e Evo Morales, respectivamente; o primeiro-ministro da Malásia, Abdullah Badawi; e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Os últimos a visitá-lo foram o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad; o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh; e o presidente do Equador, Alfredo Palacio.

No início do mês, a imprensa americana publicou que Fidel estava com um câncer terminal e seu estado de saúde era delicado, mas seu irmão Raúl, presidente em exercício desde 31 de julho, desmentiu a versão. “Ao contrário do que diz a imprensa de Miami, ele não está morrendo, está melhorando constantemente”, disse Raúl no dia 8, acrescentando que dois dias antes manteve uma reunião de trabalho com Fidel, o vice-presidente Carlos Lage e o chanceler Felipe Pérez Roque.
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Postby mends » 30 Oct 2006, 08:17

o que está em azul, aí embaixo, é mentira: a presença "estratégica" nada tem a ver com manter fornecimento. O gás só tem valor econômico porque é injetado no gasoduto que vai da Bolívia para o Brasil, não pra lua ou pra Argentina. Nós temos o poder de barganha, e levamos chapéu desse índio em conluio com esse bêbado safado que os outros chamam de presidente. Como diz o Mainardi, meu presidente ele não é.

O que está em vermelho é pior ainda, um verdadeiro free lunch: enquanto investimentos têm que ser feitos e diluídos em uma escala menor de produção, o governo boliviano só toma 50%. depois, quando não tem mais custo pra diluir, ele toma 82%...

E em verde? Uma verdadeira pérola: a Bolívia controla os fornecedores e possui maior poder de ingerência nos campos, e a PETR4 diz que "garantiu o retorno de investimento". Isso se a premissa de que a Bolívia vai tomar só decisões que visem eficiência operacional, e tem capacidade de gerir a operação, for válida. Se fosse na Colômbia...mas gente capacitada em gestão na BOLÍVIA??? Parece o cara que é demitido por incompetência e abre um negócio, achando que vai ficar rico. Se não servia nem pra ser um empregado razoável...

Petrobras cede na Bolívia para manter rentabilidade
Acordos fechados por Evo Morales com empresas precisam passar pelo Congresso

Acordo envolve exploração dos megacampos de San Alberto e San Antonio, ambos operados pela companhia brasileira

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ

Nos últimos dois dias do prazo previsto pelo decreto de nacionalização, o governo Evo Morales conseguiu fechar novos contratos de exploração de gás e petróleo com a Petrobras Bolívia e outras nove empresas multinacionais em operação no país.
A empresa brasileira admite que o acordo reduz a rentabilidade das operações, mas considera a presença na Bolívia estratégica tanto para o fornecimento de gás ao Brasil quanto para fortalecer sua presença regional. Os novos contratos ainda precisam ser ratificados pelo Congresso, onde o governo tem maioria.
O acordo com a Petrobras Bolívia envolve a exploração dos megacampos de San Alberto e San Antonio, os maiores do país, localizados no departamento de Tarija (sul), fronteira com a Argentina, ambos operados pela empresa brasileira. Juntos, os dois megacampos produzem cerca de metade do gás boliviano. O contrato assinado com a Petrobras tem vigência de 30 anos.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, classificou o acordo de "ponto de convergência" ao afirmar que a empresa brasileira atuará de agora em diante com "componentes de prestação de serviços", como queria a Bolívia, em troca de assegurar a rentabilidade das operações no país.
Nas negociações, a Petrobras alegou ser impossível a manutenção de uma alíquota de 82%, como queria Morales e que ficou em vigor nos 180 dias de transição (maio a outubro). Essa foi a principal divergência entre as duas partes nos últimos dias de negociação.
De acordo com cálculo da Petrobras obtido pela Folha, nesse período o chamado "government take" -termo usado para definir a parte que fica com o governo na comercialização de gás e petróleo- chegou a 95%, fazendo com que a empresa brasileira operasse no vermelho nestes últimos meses.
Mesmo admitindo que o novo acordo reduz os lucros da empresa, a Petrobras avalia que a presença na Bolívia é imprescindível para assegurar o abastecimento de gás boliviano ao Brasil (50% do total consumido) e também para consolidar sua estratégia de empresa com presença cada vez maior na América do Sul.
Já o presidente da YPFB, Juan Carlos Ortiz, afirma que os acordos com a Petrobras e as outras empresas aumentam o "direito proprietário" da Bolívia nos 69 campos de gás e petróleo do país e aumentam a arrecadação do Estado (leia entrevistas dos presidentes Ortiz e Gabrielli).
Em discurso na madrugada de ontem, o presidente Morales afirmou que os novos acordos com as dez empresas obrigadas a negociar pelo decreto de nacionalização -nenhuma ficou de fora- possibilitarão uma arrecadação adicional de US$ 4 bilhões daqui a quatro anos.
"Dessa maneira, vamos resolver os problemas econômicos e sociais do nosso país."

Controle das refinarias
A Petrobras aceita ceder o controle de duas refinarias de petróleo na Bolívia, dentro dos esforços de entendimento com o país vizinho na área de exploração de gás. "Mas a indenização [do valor investido pela Petrobras nas refinarias] é fundamental", disse ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau . "O acordo foi bom. Petrobras e Bolívia deram demonstrações claras de que superaram suas pequenas diferenças", disse.
"Era tudo o que a Petrobras queria? Não. Era tudo o que a Bolívia queria? Não. Mas foi um acordo pragmático para os dois lados", disse o ministro.

FOLHA - A Bolívia acabou cedendo, então, na alíquota de 82%?
GABRIELLI - Não é que ele cedeu, ele converge, na tabela de longo prazo, para uma alíquota de 82% à medida que os campos vão atingindo um ritmo de produção mais alto. Mas não é mais uma taxa fixa de 82%.


FOLHA - A Petrobras também temia perder a sua capacidade empresarial.
GABRIELLI - Isso nós cedemos. A YPFB vai ter uma voz maior na lista de fornecedores, tem um poder muito maior de gestão empresarial do que tinha antes. Em troca, asseguramos o retorno de nossos investimentos.
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Postby mends » 31 Oct 2006, 08:27

Morales usou 2º turno para pressionar país
Durante negociações, Bolívia chegou a ameaçar o envio de soldados para a reocupação da Petrobras no dia da votação

Coincidência das eleições com prazo de nacionalização permitiu a La Paz politizar negociação e forçar um acordo com a Petrobras

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ

A coincidência de datas entre o inesperado segundo turno no Brasil e o fim do prazo para a assinatura dos novos contratos de exploração de gás na Bolívia foi a principal arma de pressão do governo Morales para conseguir finalmente politizar o tema e envolver o Planalto na reta final. La Paz chegou inclusive a ameaçar a reocupação de instalações da Petrobras com o Exército, o que poderia ocorrer em pleno domingo de votação.
Desde o início do decreto de nacionalização, em 1º de maio, o governo boliviano insistia numa negociação política com Lula, e não técnica, com a Petrobras. Para o governo Morales, a estatal obedecia a uma lógica empresarial igual a qualquer outra multinacional, enquanto o governo do "irmão maior" Lula seria mais flexível.
A proposta foi logo rechaçada pelo Planalto. Ainda no mês de maio, o chanceler Celso Amorim viajou a La Paz com a missão de deixar claro de que seria uma negociação técnica, Petrobras à frente. A resistência de Brasília em se envolver mais na negociação durou até o primeiro turno, quando, para surpresa de Morales e de Lula, houve a necessidade da segunda volta.
Logo após o primeiro turno, temendo prejudicar Lula, o governo boliviano sinalizou que poderia adiar a negociação para depois do segundo turno. O MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Morales) chegou a apresentar um projeto de lei no Congresso propondo a prorrogação do prazo de 180 dias, depois do qual as empresas que não fechassem um acordo teriam de deixar o país.
Logo, no entanto, Morales mudou de estratégia, sobretudo pelo delicado momento político interno: nos dias 5 e 6 de outubro, um confronto entre mineiros deixou 16 mortos e vários feridos. Foi a pior crise desde a sua posse, há nove meses. O adiamento das negociações teria um alto custo político para Morales, cuja popularidade, embora ainda bastante alta, vem caindo desde junho.
O governo Morales passou a enviar sinais duros ao governo brasileiro: disse que não queria prejudicar a eleição de Lula nem que haveria o risco de corte do gás, mas que a Petrobras tinha uma posição "arrogante", o que inviabilizaria o acordo dentro do prazo, e deixou claro ainda que não haveria exceção para a empresa -sem contrato, seria expulsa da Bolívia.
O ultimato foi dado pelo vice-ministro de Coordenação Governamental, Héctor Arce,. A oito dias do fim do prazo, ele se encontrou com o chefe da campanha e ex-assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, e elevou ainda mais o tom: reforçou que a Petrobras teria de deixar a Bolívia se não assinasse até sábado, véspera do segundo turno, e ameaçou voltar a usar o Exército para ocupar as instalações da Petrobras, como ocorrera no dia do decreto da nacionalização.
As ameaças provocaram declarações duras de Garcia e fez o governo brasileiro acompanhar mais diretamente as reuniões, com a presença, na fase final, de uma funcionária do Ministério das Minas e Energia, embora a missão de negociação tenha continuado sob o controle direto da Petrobras.
Para pressionar mais o Brasil, Morales anunciou às pressas, na sexta, dois novos contratos, um com a gigante francesa Total. No discurso, dois recados ao Brasil: que as empresas seriam forçadas a "respeitar a lei" e a nacionalização seria defendida por "movimentos sociais e uniformizados".
Nesse mesmo dia, chegou a La Paz, em visita sigilosa, o secretário-executivo das Minas e Energia, Nelson Hubner, com o objetivo de acompanhar o fim das negociações. Segundo uma fonte do governo boliviano, sua visita teve o objetivo de fechar as negociações sobre a alíquota. Uma fonte do lado brasileiro, porém, disse que ele só seria acionado caso não houvesse um acordo dentro do prazo final -meia-noite de sábado.
O consenso finalmente saiu por volta das 19h (20h em Brasília). O governo brasileiro foi informado e repassou a informação ao "Jornal Nacional". Uma última ameaça à reeleição de Lula estava controlada.
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Postby tgarcia » 01 Nov 2006, 08:06

O Morales :devil: declarou ontem que, se ele fosse o Lula :merda: , DARIA a refinaria da Petrobrás para o "povo" boliviano....

:devil:
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Postby mends » 01 Nov 2006, 08:47

se eu sesse o Bush, daria uma impressora de dólares e um suprimento de tinta e papel pra mim mesmo... :blink:
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Postby mends » 01 Nov 2006, 09:52

Evo pede refinaria da Petrobras de presente
Em tom de brincadeira, boliviano diz que plantas que serão nacionalizadas pouco representam ao Brasil; empresa quer indenização

Morales diz que casamento com Brasil é "sem divórcio" e que terá quatro anos para negociar com Lula "interesses dos nossos povos"

Juan Karita/Associated Press
O presidente boliviano, Evo Morales, dá entrevista em La Paz


FABIANO MAISONNAVE
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Meio sério, meio brincando, o presidente boliviano, Evo Morales, pediu ontem ao governo brasileiro que "presenteasse" as duas refinarias da Petrobras no país que, pelo decreto de nacionalização, terão de passar ao controle acionário da empresa estatal YPFB.
Também confirmou que, caso não houvesse acordo com a Petrobras ou outra empresa dentro do prazo encerrado no sábado, as Forças Armadas tomariam suas instalações, como noticiou a Folha ontem.
"As duas refinarias custaram uns US$ 100 milhões. Para o Brasil, não é nada. Se eu fosse o Brasil, se fosse eu, as presentearia", disse Morales, com um leve sorriso, durante entrevista a jornalistas estrangeiros.
Localizadas em Cochabamba e em Santa Cruz, as plantas foram adquiridas em 1999 pela Petrobras e, sozinhas, abastecem praticamente todo o mercado de derivados de petróleo da Bolívia. É uma pequena parte do total de investimentos da empresa no país -US$ 1,5 bilhão, junto com as sócias. A Petrobras diz que as cede só com indenização.
A transferência das duas plantas e a renegociação do preço do gás são os dois grandes temas que ainda estão pendentes entre Petrobras e Bolívia. No sábado, os dois lados chegaram a um acordo sobre os novos contratos de exploração de gás nos megacampos de San Alberto e San Antonio, os maiores do país.
Sobre a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, Morales disse que "teremos quatro anos para renegociar não os interesses do Brasil e os interesses da Bolívia, mas o interesse de nossos povos. Repito o que disse outra noite: com o Brasil, temos casamento sem divórcio".
Morales agradeceu ao apoio das Forças Armadas durante o período final das negociações com as empresas, encerrados no sábado. "Se não houvesse novos contratos, com certeza teria ocorrido uma ampla mobilização das nossas Forças Armadas para exercer o direito de propriedade, como em qualquer outro país. Qualquer Estado, qualquer governo tem todo o direito de propriedade sobre seus recursos naturais."
A Folha revelou ontem que, a oito dias do fim do prazo para negociar os contratos, um emissário de Morales disse ao chefe da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, que a Petrobras seria tomada pelos militares caso não houvesse acordo até o sábado passado, véspera do segundo turno.
Sobre os contratos assinados com dez empresas entre sexta-feira e sábado, Morales previu que sejam enviados ao Congresso no dia 13 e aprovados antes do fim do ano.
O presidente elogiou bastante os colegas da Argentina, Néstor Kirchner, e da França, Jacques Chirac. Na avaliação do governo, a recente assinatura de um grande contrato de compra e venda de petróleo com a Argentina e o acordo com a francesa Total antes do prazo final contribuíram para que a Petrobras e outras empresas aceitassem as condições impostas pela Bolívia.
Questionado sobre a participação nas negociações, pelo lado boliviano, de um advogado americano ligado à estatal venezuelana PDVSA, Morales foi evasivo e se limitou a dizer que houve assessoria internacional, sem custo para o governo.
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Postby mends » 01 Nov 2006, 09:57

Evo preparou tropas para tomar refinarias
Áreas seriam ocupadas caso a Petrobrás se recusasse a assinar contratos


O presidente boliviano, Evo Morales, admitiu ontem, em La Paz, que preparou tropas para invadir os megacampos de petróleo e gás da Petrobrás caso a companhia não aceitasse os termos da nacionalização dos hidrocarbonetos.

A ação seria deflagrada a partir da recusa da companhia brasileira de assinar um novo contrato de exploração e produção no país até o fim da noite de sábado. O governo pôs as Forças Armadas de prontidão para invadir instalações petroleiras já na madrugada de domingo.

'Se alguma empresa não assinasse o contrato, as Forças Armadas estavam totalmente preparadas para exercer o direito de propriedade', afirmou Evo, em entrevista coletiva para a imprensa estrangeira, no Palácio Quemado, sede do governo.

O artigo 3º do Decreto de Nacionalização dos Hidrocarbonetos, anunciado em 1º de maio, também com ocupação militar de um campo da Petrobrás, determinava a expulsão da companhia que se recusasse a assinar novos contratos.

'Dissemos, insistentemente, que necessitamos de sócios e não donos de nossos recursos naturais. E, se não houvesse (assinatura de) contratos, com segurança, haveria uma ampla mobilização das Forças Armadas', assegurou o presidente.

Evo justificou a decisão de usar a força para obter êxito na nacionalização dizendo que a ação serviria para que o Estado exercesse o direito de propriedade do petróleo e do gás. 'Nossas Forças Armadas iriam exercer os direitos de propriedade, como qualquer país, Estado ou governo', afirmou.

O governo brasileiro sabia da ameaça. Na semana anterior ao prazo final, o vice-presidente boliviano, Alvaro Garcia Linera, mandou um enviado a Brasília com o objetivo de dar um ultimato ao Brasil e informar que as Forças Armadas Bolivianas seriam acionadas para a tomada dos campos de petróleo e gás.

A tarefa coube a um vice-ministro do governo Evo, Héctor Arce. O governo brasileiro foi a imprensa para negar o ultimato, mas tratou de subir o tom com a Bolívia quando a história vazou para a imprensa.

A reportagem do Estado apurou que o vazamento da informação sobre a visita e o ultimato foi feito pela Petrobrás. A companhia estava descontente com o tom brando do próprio governo brasileiro em relação às negociações e à ameaça que se avizinhava.

Até aquele momento nenhuma proposta indicava acordo entre as partes. A companhia achava-se acuada nas tratativas com as autoridades bolivianas.

Ainda segundo uma fonte ouvida pelo Estado, a Petrobrás avaliou que, após a reação do governo brasileiro, a negociação melhorou.

NOVAS NEGOCIAÇÕES

Perguntado se o uso das Forças Armadas será recorrente nas negociações ainda pendentes com a Petrobrás, como no caso do controle das refinarias, Evo preferiu não responder diretamente.

Ele pediu à reportagem que perguntasse ao presidente Lula o que ele faria quando 'uma transnacional não respeita as normas do país e tampouco explora com equilíbrio os recursos naturais do país'.
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Postby mends » 06 Nov 2006, 08:51

pra rir um pouco...ou não

NOSSO NORTE AINDA É O SUL
Os vizinhos mostram sua aprovação à política externa de Lula
Por Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

O presidente do Paraguai, Nicanor Duarte, foi eleito pelo partido conservador (Colorado) de seu país. No ano passado, celebrou um polêmico acordo militar com os EUA que ocasionou queixas formais dos chanceleres do Brasil e da Argentina. Confirmada a reeleição de Lula, porém, foi entusiástico: “É uma grande vitória. Creio que é um fato importante para nosso país, para a continuidade dos processos que estamos levando adiante no Mercosul”.


Torcida não uniformizada.
Apesar das diferenças de cores e idéias, Kirchner, Chávez, Morales e Duarte aplaudiram abertamente a vitória de Lula
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está na outra ponta do espectro político sul-americano, mas concorda: “Saudamos e felicitamos o povo do Brasil por essa sábia decisão”. O presidente do Peru, Alan García, trocou acusações e insultos com Chávez durante sua campanha eleitoral, mas tem com ele um ponto em comum: “Lula da Silva assegura a modernidade na região”. Evo Morales, apesar dos atritos em torno da nacionalização do gás e das refinarias da Petrobras, foi o primeiro chefe de Estado a se manifestar: “O triunfo do companheiro Lula ratifica a linha de mudança que se iniciou nos últimos anos e mostra mais uma vez que os povos seguem lutando por avanços para resolver os grandes problemas das maiorias marginalizadas do nosso continente”.

O Departamento de Estado, em Washington, emitiu um comunicado mal-humorado, que citou “escândalos recentes de corrupção” e lembrou que o “partido de esquerda de Lula não conseguiu ganhar a maioria”. Já o presidente argentino deixou clara sua preferência desde junho: “Não tenho nenhuma dúvida de que a integração se consolidará no segundo período de Lula, que irá muito bem nas eleições. Pelo menos assim esperamos a maioria dos argentinos”.

Segundo o jornal argentino Clarín, “os empresários argentinos respiraram aliviados”. Para o concorrente Página/12, “os aliados do Mercosul estão em festa”. Segundo Fabián Calle, analista do Conselho Argentino para as Relações Internacionais, “com Alckmin, não seria muito diferente, mas primeiro teria de ser convencido do projeto regional. Uma zona de livre-comércio com os EUA é materialmente inviável para a Argentina e o Brasil. Lula já está convencido”.

Como mostra a convergência de gregos e troianos na América do Sul, não se trata apenas da satisfação de líderes de centro-esquerda com a derrota do candidato mais próximo do neoliberalismo, mas também confiança na continuação de uma política externa relativamente independente e de integração regional que cria oportunidades de desenvolvimento e melhora o poder de barganha de cada país ante as grandes potências.

Na opinião de alguns analistas brasileiros, todos eles estariam errados. Na edição de 25 de outubro, uma matéria no jornal Valor afirmou que Lula preparava uma inflexão na política externa. Seus jornalistas teriam ouvido de um “ministro próximo de Lula” que Samuel Pinheiro Guimarães e Marco Aurélio Garcia, articuladores da política externa do primeiro mandato, seriam despachados para “exílios dourados” em embaixadas na Argentina e na França. Segundo supostos interlocutores do presidente, o governo pretenderia voltar-se para os países ricos, especialmente os EUA, e falar mais duro com vizinhos como a Venezuela e a Bolívia. Haveria uma avaliação “no governo” de que a atual política teria levado o Brasil a perder todas as disputas por cargos importantes em órgãos multilaterais, azedar relações com vizinhos, distanciar-se dos ricos, criar alianças improdutivas com emergentes e isolar-se das principais negociações comerciais.

Ao site Carta Maior, Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT, qualificou a matéria de “mentirosa” e garantiu que a política de integração sul-americana será aprofundada. Kjeld Jacobsen, também dessa área do partido, acredita que o jornal fez uma matéria sobre a avaliação de pessoas ligadas ao Itamaraty que compartilham o ponto de vista do PSDB e do candidato derrotado, como o ex-embaixador nos EUA Rubens Barbosa.

Os fatos não respaldam uma avaliação da atuação do Itamaraty tão negativa quanto a do jornal. Nem todos os objetivos da política externa foram atingidos, mas não há como dizer que o país se isolou ante seu sucesso ao articular o G-20, que conseguiu inviabilizar na OMC o jogo de cartas marcadas a favor das grandes potências, ou se unir a vizinhos contra a imposição de uma Alca desastrosa aos interesses brasileiros e sul-americanos.

Os exportadores brasileiros ganharam espaço. De 2002 a 2006, o comércio global de mercadorias tem crescido 73% em termos nominais. As exportações brasileiras não se limitaram a acompanhar o crescimento da demanda externa: cresceram globalmente 131% e passaram de 0,97% para 1,36% do comércio global. Graças, principalmente, ao valor das exportações destinadas a países periféricos, que quase triplicou – cresceu 197%.

De 2002 a 2006, no período janeiro-setembro, cresceram 257% as vendas para a China nesses quatro anos, 241% para a África, 222% para a América Latina. As vendas de manufaturados brasileiros na América Latina passaram de 26% para 36% das vendas externas da indústria brasileira. Relações improdutivas?

E os EUA, mesmo que quisessem, pouco teriam a oferecer ao Brasil durante o próximo mandato. Bush júnior está prestes a perder a maioria no Congresso para os democratas, defensores tradicionais do protecionismo. Em julho de 2007 vence a autorização à Casa Branca para fechar acordos comerciais sem interferência do Legislativo – ou seja, o Trade Act de 2002, conhecido como fast track. Qualquer avanço substancial terá de esperar pelo próximo ocupante da Casa Branca e não aconteceria antes do fim do segundo mandato de Lula.

Seja como for, os primeiros passos da política externa brasileira nos dias seguintes não foram na direção anunciada pelo jornal. O Brasil continuou a apoiar a Venezuela na queda-de-braço com a Guatemala por uma vaga no Conselho de Segurança, até sair o acordo em torno do Panamá. Depois de uma semana tensa, durante a qual Evo Morales chegou a falar em ocupação militar das instalações de empresas que se recusassem a um acordo, fechou-se – à zero hora do domingo, dia da eleição no Brasil – um entendimento similar aos aceitos pelas outras nove petroleiras na Bolívia e que permitiu a ambas as partes se dizerem satisfeitas.

Em vez de uma taxa fixa de 82%, ficando o restante para cobrir despesas e remunerar investimentos, a Petrobras pagará 50% fixos, terá direito a uma parcela para cobrir despesas e remunerar investimentos e partilhará o lucro restante com a YPFB. São termos análogos aos vigentes em Angola, Nigéria e Líbia.


Gás para todos.
A Petrobras continua a lucrar e a Bolívia terá recursos para crescer
Segundo o ministro dos hidrocarbonetos, Carlos Villegas, a Bolívia ficará inicialmente com 50% da receita e a porcentagem vai aumentando para até 84% ao longo do contrato, numa média de 70%. As empresas ficarão com 30%. Fica pendente a desapropriação do controle das duas refinarias da estatal brasileira na Bolívia, adquiridas na privatização de 1999 por 102 milhões de dólares, cuja avaliação está para ser contratada pela YPFB. Evo sugeriu, de brincadeira, que o Brasil as presenteie à Bolívia, mas deve saber que, mesmo sendo um valor pequeno em relação ao lucro anual da Petrobras, não se pode pedir tanto a uma empresa que também tem acionistas privados.

A Petrobras abriu mão da possibilidade de recorrer a tribunais internacionais sobre esses contratos, mas não em relação ao preço do gás, a ser negociado até 10 de novembro. Segundo o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, a empresa terá uma rentabilidade superior a 15% em suas operações com gás natural na Bolívia e continuará a garantir o abastecimento do mercado brasileiro de gás. A Repsol-YPF, que celebrou acordo semelhante, diz também acreditar que os novos contratos garantem a lucratividade de seus investimentos atuais e futuros no país.

O governo de La Paz, por sua vez, ampliará sua receita com hidrocarbonetos dos 140 milhões de dólares do tempo de Sánchez de Lozada para algo da ordem de 1 bilhão de dólares anuais (mais de 12% de seu PIB) a serem aplicados em programas sociais e de desenvolvimento. Ou mais, à medida que persuadir as petroleiras a investir em aumento da produção. A Argentina já garante demanda: assinou contrato para a compra de mais 20 milhões de metros cúbicos de gás por dia, além dos 7,7 milhões que já adquire. O ministro dos hidrocarbonetos estima uma receita de 67 bilhões de dólares em 20 anos, chegando a 4 bilhões de dólares por ano na próxima década. Se bem investidos, esses recursos não bastariam para fazer da Bolívia “um país como a Suíça”, como sonhou Evo ao falar do assunto, mas podem equipará-la social e economicamente com os vizinhos e torná-la um mercado atraente para empreiteiras, máquinas e bens de consumo brasileiros.

Com o Brasil ainda não há acordo nesse sentido, apesar de a YPFB dizer que a Petrobras teria prometido investir mais 1,5 bilhão de dólares – ou seja, dobrar o investimento já feito. Por enquanto, o único compromisso da empresa brasileira é investir para manter o volume de importação de 30 milhões de metros cúbicos diários até 2036, mas a demanda provavelmente a levará a aumentar sua produção. O gás da Bacia de Santos não basta para atender ao crescimento de consumo que se espera. Importar de outros países por via marítima dificilmente seria compensador do ponto de vista do preço ou da segurança.

A questão do preço parece também caminhar para um acordo. A Petrobras queria manter os termos atuais do contrato, que levariam a um reajuste de aproximadamente 19% em relação aos pouco menos de 4 dólares por milhão de BTUs e a Bolívia parece ter recuado de sua pretensão de 7,50 dólares por milhão de BTUs para aceitar algo perto dos 5 dólares já negociados com a Argentina e que também correspondem ao preço oferecido pela Venezuela.

Resta a questão do empobrecimento do gás. O produto hoje fornecido pela Bolívia é constituído de 91,8% de metano, 1,4% de nitrogênio, 0,08% de dióxido de carbono e 6,7% de hidrocarbonetos mais pesados, principalmente etano (5,58%). A Bolívia quer retirar parte desse último componente para abastecer uma usina de polietileno a ser construída por uma parceria entre a YPFB e a venezuelana PDVSA a partir de novembro – o que pode inviabilizar o projeto da Petrobras e Braskem (Grupo Odebrecht) de usar esse mesmo etano numa usina a ser construída na entrada do gasoduto no Brasil, em Corumbá (MS).

É pouco provável a Bolívia ceder nesse ponto. A usina representa uma potencial receita anual de 1,5 bilhão de dólares e a industrialização do gás, que a Bolívia até agora só exportou em bruto, foi uma das principais bandeiras do movimento social e político que levou Evo Morales ao poder. Mas a Bolívia deve aceitar compensar o Brasil no preço, já que a retirada do etano reduziria o poder calorífico do gás em cerca de 7% – de 1.033 BTUs por pé cúbico para perto de 960.

O acordo deu um precioso combustível político a Evo Morales, acossado por manifestações à esquerda e à direita e embaraçado pela necessidade (imposta pela falta de recursos) de adiar a nacionalização da mineração para o próximo ano. Também é satisfatório para o Brasil, para a Argentina e para a Venezuela e ajuda a consolidar o desenvolvimento e a integração sul-americana. Não há por que pedir mudanças drásticas nessa estratégia que continua a ser bem-sucedida.
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Postby mends » 06 Nov 2006, 09:29

A Colômbia quer virar o Chile | 01.11.2006
País imita o modelo econômico mais bem-sucedido do continente para crescer de forma vigorosa


CorbisBogotá, a capital: investimentos estrangeirosPor Tatiana Gianini
EXAME Quando Álvaro Uribe assumiu o comando da Colômbia, em 2002, o país estava mergulhado no caos, com crescimento econômico medíocre, altas taxas de desemprego e índices recordes de homicídios e seqüestros. Quatro anos depois, o cenário é outro. O país continua sendo um lugar perigoso, ainda atormentado pelas guerrilhas, mas o problema da violência regrediu de forma expressiva. A política de segurança instalada por Uribe veio acompanhada de um programa agressivo de reformas econômicas que está ajudando a Colômbia a criar um ambiente favorável ao retorno dos investidores estrangeiros. Desde 2002, seu PIB cresce a uma taxa próxima a 10% ao ano, segundo dados do Fundo Monetário Internacional. No mesmo período, quintuplicou o ingresso de capital externo, as exportações cresceram 70% e o risco-país caiu de 600 para 160 pontos (melhor, portanto, que o desempenho do Brasil, que está em torno de 210 pontos).

Em razão dessa guinada, a Colômbia vem sendo tratada como o novo tigre da economia sul-americana, seguindo de perto o exemplo do Chile, cuja economia é reconhecida atualmente como a mais sólida e estável da região. Os passos dos vizinhos de continente estão sendo repetidos pelo governo de Uribe, que acaba de ser reeleito nas eleições realizadas em maio. A receita inclui saneamento das contas públicas, programas de privatizações e aumento da abertura do país à economia internacional. "Queremos ser o segundo Chile", afirmou a EXAME Francisco Santos Calderón, vice-presidente da Colômbia.

O sucesso do plano de combate à violência foi um passo fundamental para mudar a imagem do país. Uma ajuda preciosa partiu dos Estados Unidos, que investiram 4,5 bilhões de dólares no Plano Colômbia, um projeto iniciado em 1999 para ajudar o país a combater o narcotráfico. O governo colombiano também fez a sua parte. Nos últimos anos, Uribe adicionou quase 100 000 homens ao efetivo das Forças Armadas. A prioridade desse aparato foi o combate às violentas ações das guerrilhas, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), que chegaram a controlar vastas porções do interior do país. Estima-se que metade dos 22 000 guerrilheiros tenha sido morta desde 2002 em combates com o Exército. No mesmo período, houve também reforço do efetivo policial em grandes cidades, como Bogotá e Medellín. Como resultado desse conjunto de ações, a taxa de homicídios registrada no país caiu pela metade e os casos de seqüestros regrediram 70%.

Na área econômica, o governo adotou alguns remé dios considerados amargos por ideólogos de esquerda. Advogado com especialização em administração na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Uribe reuniu uma equipe de ministros formada basicamente por economistas e administradores e centrou seu governo na redução dos gastos do Estado. Para isso, fundiu vários ministérios e agora começa a privatizar grandes estatais. No começo de 2006, por exemplo, 50% da Colombia Telecomunicações foi vendida para um sócio estratégico, a espanhola Telefónica. No campo da política internacional, a equipe de Uribe priorizou acordos de livre comércio com México, Chile e Estados Unidos, em vez de investir no combalido Mercosul.
O país transformou-se, assim, num dos locais mais promissores para investimentos na América Latina. Na área de gás e petróleo, por exemplo, na contramão das economias fechadas e nacionalistas da Venezuela e da Bolívia, a Colômbia hoje atrai empresas estrangeiras. "O país tem muitas riquezas naturais para explorar e é visto como um lugar confiável para investir", afirma João Figueira, gerente executivo internacional da Petrobras. Até 2011 a estatal aumentará sua participação na Colômbia, investindo mais de 160 milhões de dólares nas áreas de produção e distribuição. O ambiente mais estável não vem atraindo apenas companhias do setor energético. Em 2006, o grupo francês Casino, o mesmo que controla a rede brasileira Pão de Açúcar, comprou por 110 milhões de dólares a Carulla Vivero, uma das maiores cadeias do setor varejista da Colômbia. No ano passado, a SAB Miller, sediada em Londres, protagonizou um dos maiores investimentos na história do país ao adquirir 97% de participação na cervejaria Bavaria. O negócio envolveu 4,7 bilhões de dólares.

O turismo surge como uma das forças da economia colombiana. Apesar de possuir uma boa quantidade de belas praias, o país ainda está engatinhando no setor. Entre 2004 e 2005, o número de desembarques cresceu 60%, chegando perto da marca de 1 milhão de visitantes. A cifra é ainda bastante modesta diante dos números de concorrentes diretos, como o México -- daí os investidores enxergarem um enorme potencial na Colômbia. Para impulsionar o setor, o governo incentivou a construção e a expansão de hotéis com isenção do imposto de renda por 30 anos. Atualmente, redes como Marriot e Hyatt estudam projetos no país. Em maio, a Royal Caribbean anunciou que alguns de seus cruzeiros voltarão a fazer escala na Colômbia, de onde estavam afastados desde 2002.

Apesar dos avanços recentes, a Colômbia tem ainda questões graves pela frente. Uma delas é o elevado índice de pobreza. Quase metade dos colombianos ainda vive próxima à linha da miséria. Para oferecer melhores oportunidades a essa fatia da população, uma das bandeiras da campanha de reeleição de Uribe foi a criação de uma agência nacional de microcrédito, que deve sair do papel em 2007. O governo espera que, garantindo dinheiro mais barato, multipliquem-se no país as pequenas e médias empresas. Caso isso realmente ocorra, deve ser amenizado outro problema grave, o desemprego, que atinge atualmente 13% dos colombianos. O combate ao narcotráfico também exige atenção e investimentos permanentes. De acordo com relatório divulgado pela ONU, em 2005 a área de plantação de coca cresceu 8% no país. É mais um sinal de que há um longo caminho pela frente para dizer se a Colômbia merece mesmo o título de "Novo tigre da economia sul-americana".
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Postby junior » 10 Dec 2006, 15:37

Mais um que já vai tarde...

10/12/2006 - 15h50
Ex-ditador chileno Augusto Pinochet morre aos 91 anos
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da Folha Online

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet morreu hoje, aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago. Pinochet havia sido internado às pressas na madrugada de domingo (3), após sofrer um ataque cardíaco.

Pinochet passou os últimos anos de sua vida morando em Santiago e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder. Sob seu regime, mais de 3.000 pessoas foram mortas por sua polícia secreta.

Apesar das acusações, o ex-general não chegou a ir a julgamento, já que sua equipe de defesa sempre alegou que sua saúde era muito frágil para que ele enfrente o processo judicial.
AP
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet que morreu aos 91 anos
O ex-ditador chileno Augusto Pinochet que morreu aos 91 anos


Recentemente, quando completou 91 anos, Pinochet divulgou um comunicado afirmando que assumiu a "responsabilidade política" pelos atos cometidos durante seu regime, mas que a única razão para suas medidas era "fazer do Chile um grande país e evitar a desintegração".

"Perto do final dos meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém, que amo a minha pátria acima de tudo, que assumo a responsabilidade política de tudo que aconteceu", afirmou o ex-ditador em mensagem lida por sua mulher, Lucía Hiriart.

A nota foi lida diante de 60 partidários que foram cumprimentá-lo por seu aniversário em sua mansão, situada no bairro de La Dehesa, em Santiago.

Pinochet enfrentava processos por crimes de violações dos direitos humanos, fraude ao fisco e uso de passaportes falsos no chamado Caso Riggs --aberto após a descoberta de contas secretas no exterior, nas quais ele acumulou fortuna de US$ 27 milhões, cuja origem não foi determinada.

Direitos humanos

Entre os processos relacionados a direitos humanos, figuram o desaparecimento de dissidentes em 1975, na chamada Operação Colombo, na qual Pinochet foi acusado de envolvimento no seqüestro de ao menos três dissidentes por serviços de segurança de seu governo.

O ex-ditador chegou a ser preso em diversas ocasiões em conexão com os crimes. Na segunda-feira passada (27), o juiz Víctor Montiglio ordenou a prisão domiciliar o ex-ditador como suposto responsável pelo seqüestro e homicídio de dois presos políticos em 1973, dentro do caso chamado "Caravana da Morte".

As duas vítimas da "Caravana", Wagner Salinas e Francisco Lara, eram membros da segurança do presidente socialista Salvador Allende, que se suicidou no palácio de La Moneda durante o golpe liderado por Pinochet em 11 de setembro de 1973.

Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiava a Dina [polícia secreta chilena] sob o regime de Pinochet, testemunhou ao juiz Claudio Pavez que Pinochet e seu filho, Marco Antonio, estariam envolvidos na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. As acusações estão sendo investigadas pela Justiça chilena.
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Postby mends » 11 Dec 2006, 08:39

agora falta o Fidel e o Chavez.
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