Nem critico o fato das mulheres estarem "perdidas": numa época onde não havia a emancipação feminina, uma mulher que não se casaria - uma mãe solteira, uma mulher que perdesse a virgindade num estupro - era um "estorvo" pra sua família e pra sociedade. Não é justificável hoje, mas não se julga o passado com olhos de presente. A idéia é que trabalhassem até a morte pra expiarem seus pecados, numa referência enviesada da história da Maria Madalena, e fossem direto pro paraíso. O que sempre me vem na cabeça é: o que leva um religioso, que, em tese, vive Deus com mais intensidade que um leigo, pois, do contrário, esse intermediário é desnecessário, e com ele a idéia de Igreja organizada, o que leva um cara desses a se entregar a atos que demonstram uma compulsão tão grande pela Morte, pelo desregramento, incorporando o temor do Nietzche de "se não há Deus, tudo é permitido"? Não só pela história do convento do filme, mas pelas orgias homossexuais do seminário austríaco, pela pedolatria desenfreada entre o clero, pelos padres que vivem enfurnados em puteiros. Como diria Marcelo D2, "coé, neguinho"?