VADE RETRO SOCIALISTAS

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 11 Dec 2006, 08:44

ahahahhhhhaaaahhahahahahahhahahha :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Já pensou a gente com a mesma política monetária da BOLÍVIA?????????

Moeda comum sugere economias relativamente uniformes, e, PRINCIPALMENTE, perfeita mobilidade de mão de obra. Na Europa, que já era relativamente uniforme, levou 50 anos pra fazer e é um sistema que está constantemente sob tensão.

Pra falar uma coisa dessas, deve NUNCA ter lido nem um panfleto em economia...
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 11 Dec 2006, 09:05

O núcleo duro do...

...miolo mole e sua divertida enciclopédia
sobre a América Latina



Du Boisberranger/AFP

Rua de Havana: Cuba está certa porque está dando errado

Está lá, na página 533, entre os verbetes "Federação das Índias Ocidentais" e "Feminista, Movimento": Feijoada – Do português "feijão". Prato da culinária do Brasil, feito com feijão-preto e distintos tipos de carne suína, cozido por várias horas. Costuma ser servido com arroz, couve refogada, farofa e pedaços de laranja, tradicionalmente, às quartas-feiras e aos sábados. A definição revolucionária e relevante faz parte da Latinoamericana (assim mesmo, sem o hífen obrigatório) – Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe. Trata-se de obra divertida para leitores de todos os continentes. Para seu deleite exige-se apenas QI ligeiramente superior ao dos chimpanzés – ou ao das lhamas, para ficar na referência regional. O cartapácio preenche mesmo um vácuo, já que a idiotice latino-americana (assim mesmo, com o hífen obrigatório) não cabia mais em um simples manual. Os organizadores são os companheiros entre si Emir Sader, o mártir da sociologia brasileira, e Ivana Jinkings, cujo apodo no meio editorial é "Ivana, a Terrível" – injustiça provavelmente saída da cabeça doentia de um dos direitistas que tomam conta do pedaço.

O núcleo duro do miolo mole também se divertiu bastante com a enciclopédia, mas não com o conteúdo impresso, e sim com o embolsado. O custo total da Latinoamericana foi de 2 milhões e 23 mil reais. Cada colaborador convidado recebeu o equivalente a 1.700 dólares por verbete. Sim, dólares, porque em questões de dinheiro se deve sempre deixar o "latino" de lado. Quem pagou essa feijoada? Você, é claro. Sader e Ivana receberam o patrocínio da Petrobras, da Eletrobrás, do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, via leis de incentivo... vá lá, cultural. A piada não tem fim no petismo. Só dá para encarar com um porre de cachaça, preferencialmente. Desinformado a respeito da bebida, Larry Rohter? Então leia na página 242, entre "Cabrera Infante, Guillermo" e "Cacuango, Dolores": Cachaça – Aguardente de cana-de-açúcar, é uma bebida muito popular no Brasil. É destilada de caldo de cana fermentado. Antigamente, era destilada em alambiques e produzida com o mel restante das usinas de açúcar. Misturada com limão, açúcar e gelo, produz a caipirinha. Pode-se também substituir o limão por outras frutas. Pô, e a caipiroska, gente? Está certo que os russos não são mais de esquerda, mas a exclusão é uma injustiça para com os povos latino-americanos.

Pensando bem, a eliminação da caipiroska é uma perda, mas pode ser um ganho. Não entendeu o paradoxo? Falta-lhe mesmo um politburro, mente colonizada! Chegue até o estertor do verbete "Gastronomia e Culinária" e seu prêmio será a seguinte sobremesa: Como uma nota culinária final, a convergência cultural e alimentar parece acompanhada pela surpreendente clareza da atitude dos latino-americanos a respeito do mar. Há uma diferença muito grande entre a atitude dos litorâneos do Atlântico, que se contentam em retirar do mar somente peixes, algumas algas e mariscos – completando suas refeições com cereais, frutas e verduras –, e a dos habitantes da região do Pacífico, que retiram mariscos, crustáceos, peixes e algas em quantidade suficiente para prescindir, se necessário, de outras fontes de alimento. Atualmente, há um crescente comércio entre os países desses litorais, sustentado por uma transferência de hábitos alimentares. Pode ser que, com o tempo, o estrangeiro, em qualquer parte da América Latina, acabe se alimentando como se estivesse em seu próprio país, o que representará ganhos, mas também perdas consideráveis. No mesmo verbete, à intrigante pergunta "Para onde vai nossa culinária?", somos informados de que: Nos restaurantes e nas casas particulares, assim como nos recintos coletivos, de colégios, fábricas e escritórios, a alimentação depende do horário e dos custos. Nas principais cidades latino-americanas são encontrados pratos da cozinha nacional e internacional, sendo esta quase sempre uma adaptação local de algum prato conhecido. Nas residências, o "trivial variado" se baseia em pratos tradicionais modificados pelo cotidiano, por tratar-se de uma despesa indefinidamente repetida. Pois é, como dizia o Rolando Lero, aquele personagem da TV, anão é uma pessoa bem pequenininha. Seria ainda mais cômico se não fosse tão caro – uma despesa indefinidamente repetida.

O trivial da Latinoamericana se baseia em pratos tradicionais pouco modificados pelo cotidiano, como os encômios a Che Guevara ("Uma das personalidades mais transcendentes do século XX"), Fidel Castro ("Tem ratificado sua estatura de dirigente revolucionário de alcance mundial e de grande estrategista do chamado Terceiro Mundo") e Hugo Chávez ("Promoveu profundas transformações na institucionalidade"). No cardápio nacional, o nome de Getúlio Vargas está grafado corretamente (em se conhecendo os editores, havia o risco de sair "Getulho") e Lula, ora veja só, causa alguma indigestão aos organizadores por causa da política econômica. A ingratidão com o presidente brasileiro não é completa porque, lá no final do verbete dedicado a ele, Sader diz que o mensalão foi um "suposto pagamento mensal a deputados da base aliada para garantir maioria no Congresso" e que, durante o escândalo de corrupção petista, "a oposição de direita ganhou força, apoiada no monopólio privado da mídia, que estendeu ao máximo as denúncias na perspectiva de enfraquecer a (sic) Lula para impedir sua reeleição". Não chore, ria, porque você já pagou por isso e não há como ser ressarcido do dinheiro.

Quer mais diversão? Confrontem-se os malabarismos ideológicos nos verbetes dedicados a Cuba, destroçada pela ditadura castrista, e ao Chile, dono de uma economia exuberante. Cuba: A estrutura social cubana atual é transicional em dois sentidos: por um lado, é de transição socialista, porque reproduz as condições que dão continuidade a esse tipo de regime, e este, por sua vez, é a base da forma de governo; por outro lado, está em um processo de reinserção limitada no sistema de economia mundial controlado pelo capitalismo, mas o faz de tal modo que até agora maneja todas as suas variáveis favoráveis para manter o controle, tomar decisões e redestinar recursos, ou seja, para continuar sendo de transição socialista em vez de realizar uma integração progressiva para (sic) o capitalismo mundial. Chile: A modernidade na qual o Chile vive imaginariamente é a fortaleza de seu capitalismo neoliberal, que lhe permitiu integrar-se em nível mundial, firmar tratados de livre-comércio com os países líderes, exportar uma parte significativa de seu produto e ser considerado uma economia exemplar, ainda que em pequena escala. Ou seja, Cuba está certa porque está dando errado e o Chile está errado porque está dando certo.

No fim, nós pagamos, eles embolsam e todo mundo ri – inclusive da gente.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 12 Dec 2006, 11:04

Ditadura e tirania

Michelle Bachelet, presidente do Chile, até agora, está se comportando com absoluta correção no caso da morte de Pinochet. Nem luto oficial nem honras de chefes de Estado. E também nada de proselitismo inútil. “A unidade do Chile, a reconciliação do Chile, é a grande honra a que podemos aspirar, porque queremos mais justiça, mais diálogo e um verdadeiro reencontro entre nós.” É isso aí. É igualmente um direito da família do ex-ditador recusar a presença de membros do governo no funeral, embora esteja prevista a presença, amanhã, da ministra da Defesa, Vivianne Blanlot, durante a cerimônia de cremação. É a autoridade certa para o caso. Bachelet é uma das 28 mil pessoas torturadas pelo regime, que matou 3 mil. Seria como torturar 336 mil pessoas no Brasil. Era um regime escandaloso, imoral. Mas que se note: uma inimiga da ditadura chegou ao poder. Isso só foi possível porque o Chile escolheu a democracia. E a democracia só triunfou porque, é certo, Pinochet perdeu. Mas também porque o comunismo perdeu. Sem muito sangue, um inimigo de Fidel jamais poderá sucedê-lo. É a diferença entre a ditadura, liderada por Pinochet, e a tirania, de Fidel Castro. Uma acaba. A outra se pretende eterna.

Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 14 Dec 2006, 09:44

Raízes do pensamento de Chávez: totalitarismo, anti-semitismo...

No Estadão de hoje, Demétrio Magnoli busca as raízes intelectuais do pensamento do ditador Hugo Chávez, tão reverenciado no Brasil. Num excelente artigo, demonstra as raízes totalitárias de seu pensamento e, o que pode ser novidade para muita gente, anti-semitas. Leia trecho:

“Simón Bolívar, o Libertador (1783-1830), morreu em Santa Marta, na Colômbia, e seus restos mortais foram transferidos para Caracas, 12 anos depois. Embora reverenciado como herói por toda a América Hispânica, a sua figura ocupa um lugar especial na Venezuela. É esse lugar que explica a apropriação de seu nome e de seu legado por Hugo Chávez.

Homem de seu tempo, ávido leitor de Montesquieu e Adam Smith, Bolívar inspirava-se na Revolução Americana e defendia a razão, a liberdade, a ordem e o livre mercado. Visionário, lutou até o fim pela unidade da América Hispânica, tomando como modelo a grande República da América do Norte.

A 'revolução bolivariana' de Chávez, antiliberal e antiamericana, seqüestra a herança do Libertador e oculta as suas próprias fontes ideológicas. O chavismo bebe em águas contemporâneas que escorrem do pensamento do historiador venezuelano Federico Brito Figueroa (1921-2000), autor de uma narrativa étnica do passado do país, e do cientista político argentino Norberto Ceresole (1943-2003) — foto à direita — , personagem controvertido que ingressou na política pelo peronismo de esquerda e, em 1987, ajudou a articular a rebelião militar de Aldo Rico e seus 'carapintadas' contra os processos de violações de direitos humanos na Argentina.

Ceresole tornou-se conselheiro do grupo militar de Chávez pouco depois do frustrado golpe de 1992 e freqüentou o círculo presidencial até o final de 1999. Ele desfrutou a amizade e compartilhou as idéias de Robert Faurisson, o pai intelectual da negação do Holocausto, e de Roger Garaudy (foto à esquerda), o intelectual francês que tentou conciliar comunismo e catolicismo até se converter ao Islã e, com financiamento iraniano, se entregar à difusão militante do anti-semitismo. A visita de Chávez a Teerã, a proclamação de uma aliança ideológica com o Irã de Mahmoud Ahmadinejad e a inauguração de um escritório da Jihad Islâmica em Caracas são tributos do presidente venezuelano à influência duradoura do amigo argentino. Os jovens de esquerda que aplaudem Chávez no Fórum Social Mundial não sabem o que fazem.”

AZEVEDO
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 20 Dec 2006, 18:57

Povo gosta é de ditadura; quem prefere democracia é Dona Zelite

Vão por mim: povo gosta de ditadura; quem prefere a democracia é Dona Zelite. Aceito o contra-argumento de sociólogos e historiadores. Já a partir do plebiscito mais famoso da história, quando foi que a massa escolheu direito? Tá certo que, naquele caso, o resultado fazia parte do plano divinal. Imaginem, então, quando estamos sujeitos apenas às humanas precariedades... A história da democracia é a história da mediação institucional. Se ela desaparece, abre-se caminho para o horror: terror revolucionário francês, bolchevismo, fascismo...

Os prosélitos dos plebiscitos e referendos sabem disso. Mas fingem não saber. Tanto sabem, que ninguém propõe, por exemplo, fazer uma consulta popular para decidir sobre a pena de morte. Alguém duvida do resultado? Desconfio que a massa, na sua sabedoria ancestral e telúrica, também apoiasse linchamentos, mutilações etc. Deixe-me provocar um pouco mais: o povo é monstruoso (esta é daquelas que vão parar nos site e blogs de esquerda...). Precisa ter suas paixões controladas por discursos humanistas e generalistas que jamais entenderá direito.

A esquerda e os anarquistas acreditam que a democracia é só um truque para controlar os apetites populares. Cesse toda a desconfiança. É mesmo! Eles têm razão. Só estão errados numa coisinha: creditam que as massas construiriam o céu na terra. Eu estou certo de que fariam o inferno. Como já fizeram.

Aí, os espertalhões dizem assim: “Ah, mas não faremos plebiscito sobre pena de morte porque esbarra em cláusula pétrea da Constituição”. É? E quem fez a cláusula pétrea, cara pálida? Ela caiu da árvore da vida? Foi decidida em praça pública? “Ah, mas na Suíça há plebiscito toda hora”. É? Aqui em casa, também...


Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 22 Dec 2006, 08:49

Che, Cuba and Christmas
By MARY ANASTASIA O'GRADY
December 22, 2006; Page A13

Until yesterday Christmas shoppers at Target department stores could purchase a 24-CD carrying case decorated with the image of Che Guevara. When I heard about it, I wondered why the retailer would want to promote the memory of a mass murderer. What's next, I asked, when I spoke with a representative of the company on Wednesday, Pol Pot pajamas?

Late Wednesday evening Target sent me this statement: "It is never our intent to offend any of our guests through the merchandise we carry. We have made the decision to remove this item from our shelves and we sincerely apologize for any discomfort this situation may have caused our guests."


The fact that it took only a day for Target to make that admirable decision suggests that at least someone at the company knows who Guevara was and what Cuba is today thanks in part to him. The misstep, though, probably occurred because others at the company allowed Target to become a target itself of the Che myth.

Guevara is not just a dead white guy from a well-to-do family who terrorized a racially mixed nation and executed hundreds of innocents in the late 1950s and 1960s. He is also a symbol of the totalitarian regime that persists in Cuba, which still practices his ideology of intolerance, hatred and repression. It is not the torture and killing alone that make the tragedy. That only describes the methodology. Guevara's wider goal -- to forcibly strip a population of its soul and spirit -- is what is truly frightening and deplorable. Christians, who celebrate the birth of their Savior on Monday, have particularly suffered under Guevara's dream of revolution, which has lasted since 1959.

The fear under which Cubans have lived for 48 years was fathered by the merciless Che Guevara. The unhappy Argentine Marxist met Fidel Castro in Mexico in 1955 and later became a rebel commander. "The Black Book of Communism," published in 1999 by Harvard University Press, notes that early in his career Guevara earned a "reputation for ruthlessness; a child in his guerrilla unit who had stolen a little food was immediately shot without trial." In his will, the book says, "this graduate of the school of terror praised the 'extremely useful hatred that turns men into effective, violent, merciless and cold killing machines.'"

Peruvian-born Alvaro Vargas Llosa penned his own book this year titled "The Che Guevara Myth." Mr. Vargas Llosa documents a twisted life, such as when Che shot a comrade and made the following entry in his diary: "I ended the problem with a .32 caliber pistol, in the right side of his brain. . . . His belongings were now mine." After that, Mr. Vargas Llosa says, Guevara shot "a peasant who expressed the desire to leave whenever the rebels moved on." Guevara also liked to simulate executions, as a form of torture. "At every stage of his adult life, his megalomania manifested itself in the predatory urge to take over other people's lives and property, and to abolish their free will."

Guevara was an architect of Cuba's forced labor camps, which by 1965 were transformed into concentration camps for dissidents, homosexuals, people with AIDS, Catholics, Jehovah's Witnesses, and Cubans of other religious sects.

All independent thought that refused to worship the communist state was an affront to Guevara. Christians were an especially difficult lot. From the earliest days after Castro took power, Che sent hundreds of men to face firing squads at the Havana prison known as La Cabaña. His victims could be heard at dawn loudly crying "Long live Christ the King, down with communism," just before the rifle shots rang out.

Thousands of Cubans have perished in daring attempts to get off the island because they preferred the risks of flight to a life in which Christianity has been forbidden, children are the property of the state, thought is policed and spying on your neighbor is one of the few ways to earn a living. During the Mariel boat lift in 1980, witnesses told of families arriving at the pier together only to be separated by Cuban guards who enjoyed watching their misery. Weeping mothers faced the point of a gun while their distraught sons and daughters were forced to board ships. This Christmas thousands of Cuban-Americans will remember their loved ones who didn't make it out or died trying.

Defenders of Guevara can't even claim that his cruelty brought about equality. Today state policy makes it a crime for the raggedly dressed, malnourished and mostly black Cuban people to visit the beaches, museums and amply stocked stores of their own country, while well-fed tourists in fashionable cruise-wear go where they like. This amounts to de facto apartheid.

Amazingly, hope is still alive in Cuba. One reason is because although Guevara was able to kill a lot of Christians, neither he nor his successors succeeded in wiping out Christianity. The struggling Christian community, which takes seriously the religious teaching to reject fear in the face of evil, is playing a key role in the island's dissident movement.

An icon of the Christian resistance is Oscar Elias Biscet, a black physician who is serving a 25-year sentence for his peaceful activism against the regime. He has been arrested more than 26 times since he began to express his dissent; he has been beaten, tortured and locked in tiny windowless cells for days on end. Hundreds of other prisoners of conscience are in jail, under atrocious conditions; many are also devout Christians.

The Christian faith has survived Che and Fidel and decades of brainwashing. It is battered but has not been defeated. Raul Castro fears it -- which is why he takes Bibles away from his unbreakable prisoners. The moral of the story seems to be that even the all-powerful regime cannot stop Christmas from coming to Cuba.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 27 Dec 2006, 15:18

Anti-Communism's Triple Threat
By THOMAS J. BRAY
December 27, 2006; Page D8

It was, as they say, a close-run thing. Within the brief space of 26 months, attempts on the lives of the three leaders who would see the curtain ring down on Soviet communism -- Ronald Reagan, Pope John Paul II and Margaret Thatcher -- failed. If any one of the killers had succeeded, history might have turned out very different.

That's the thesis of John O'Sullivan's "The President, the Pope, and the Prime Minister," and it's hard to dispute. The British-born Mr. O'Sullivan, currently editor-at-large of National Review and a senior fellow with the Hudson Institute, covered the Reagan presidency as a Washington journalist, wrote frequently about John Paul II and served as a special adviser to Lady Thatcher. He weaves the major strands of their lives together in a highly readable -- and mercifully concise -- fashion.


This joint biography of Reagan, John Paul II and Thatcher makes good use of Moscow archives.
It is tempting to say in retrospect that the Soviet Union was bound to collapse. But when empires collapse, it is usually a bloody business. And in any case, there was no such certainty. One of the more delicious parts of Mr. O'Sullivan's narrative is his recollection of what some of the West's leading peaceniks and intellectuals were saying at the time.

"That the Soviet system has made great material progress in recent years is evident both from the statistics and from the general urban scene," warbled Harvard economist John Kenneth Galbraith in 1984 -- even as Kremlin leaders were discussing what to do about their increasingly parlous situation. "Primitive," sniffed a New York Times columnist at Reagan's 1982 speech to the British Parliament, in which he predicted that the march of freedom would "leave Marxism-Leninism on the ash-heap of history."

And then there was Sen. Edward Kennedy's disgraceful visit to the Kremlin in early 1986 after Reagan had returned home in triumph from the Geneva Summit, where both sides pledged, in principle, to reduce nuclear arms. Mr. O'Sullivan cites a secret report by the deputy head of the Soviets' International Department that became available after the fall of the Soviet Union. In it, Mr. Kennedy is alleged to have expressed the thought that, "from the Democrats' point of view, all of this is very bad." He warned the Soviets that Reagan might "abuse a good thing for bad purposes," entering into arms-reduction dialogue while still pursuing "military preparations." The senator expressed his willingness "to suggest some specific ideas" to "keep increasing pressure on the administration." In a footnote, Mr. O'Sullivan notes that Sen. Kennedy's office says he had a "close working relationship" with the White House during his Kremlin visits.

Mr. O'Sullivan rejects after-the-fact attempts to make Mikhail Gorbachev the hero of the piece. Mr. Gorbachev's refusal to send the tanks into Eastern Europe in 1989, as citizens began to rise up against their governments, deserves praise only if "a Soviet leader is praised for not actually shooting his own people." And Mr. Gorbachev's effort at reform, which unleashed a tiger he couldn't ride, was intended to improve the communist system, Mr. O'Sullivan reminds us, not overthrow it.

But Mr. O'Sullivan is mainly out to tell a great story of how three people of seemingly ordinary backgrounds -- three "middle managers" from the early 1970s, as he calls them -- rose to greatness. He deftly sketches the economic revolutions under Mr. Reagan and Lady Thatcher that remoralized the American and British allies while undermining communism's claims to superiority. And he explores John Paul II's subtle but devastating cultural and religious war against communism in his home country. (Interestingly, Lady Thatcher, Mr. O'Sullivan's old boss, mentions John Paul II only twice in her memoir, and then only in passing.)

Mr. O'Sullivan's account of the 1986 Reykjavik Summit is particularly absorbing. It was at Reykjavik that Mr. Gorbachev rolled the dice, agreeing to the possibility of deep reductions or even the elimination of strategic and intermediate-range nuclear weapons in an effort to get Reagan to give up on his Strategic Defense Initiative. (Ultimately, no agreement was reached.) The book cites a Soviet note-taker's admiring assessment of Reagan during the lengthy, exhausting talks: "He is like a lion! When lion see antelope on the horizon, he is not interested, he go to sleep. Ten feet away, too much, leave it. Eight feet, the lion suddenly comes to life!"

DETAILS



THE PRESIDENT, THE POPE, AND THE PRIME MINISTER
By John O'Sullivan
(Regnery, 360 pages, $27.95)In this instance, and in others, Mr. O'Sullivan makes good use of Moscow archives that were briefly available after the dissolution of the Soviet empire. But much of his narrative is a vivid account of already well-reported events. And Mr. O'Sullivan seems to go a little wobbly when trying to explain the convergence -- and survival -- of three such visionary leaders at a critical moment in history.

An early chapter is pointedly titled "Did God Guide the Bullets?" But notice the question mark. Near the close he writes: "It is a spiritual element that best explains [the three leaders] and their achievements," but then goes on to interpret the spiritual element as little more than their shared ability to replace fear with hope, perhaps evoking Franklin D. Roosevelt's formulation that "the only thing we have to fear is fear itself."

It seems as though Mr. O'Sullivan, by implying a secular as well as a providential explanation, is trying to have it both ways. But such puzzles shroud most of history's turning points.

Mr. Bray is a free-lance writer in the Detroit area.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby junior » 27 Dec 2006, 16:02

get Reagan to give up on his Strategic Defense Initiative


Sim, o "fantástico" Star Wars... Fala sério, Reagan...
User avatar
junior
Grão-Mestre Saidero
Grão-Mestre Saidero
 
Posts: 887
Joined: 13 Feb 2004, 11:55
Location: Sei lá... Em algum lugar com conexão a internet! :-)

Postby mends » 27 Dec 2006, 19:14

na boa: foi realmente fantástico. não se trata de ser ou não fantasioso. trata-se de que, à partir do momento em que Reagan pôs o livre-mercado pra funcionar e usou o Estado como deve ser usado na economia, ele obrigou a URSS a gastar 25% do PIB em defesa pra manter o equilíbrio do Poder. Amigo, se isso não é genialidade estratégica (do Reagan, que era um liberal autêntico, ou não, não importa), eu não sei o que é estratégia.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 29 Dec 2006, 09:12

The Populist Persuasion
By MARY ANASTASIA O'GRADY
December 29, 2006; Page A9

There were 11 presidential elections in Latin America in the past 13 months and left-of-center candidates captured the vast majority. Yet while extremists like Venezuela's President Hugo Chávez and Bolivia's Evo Morales got most of the headline ink, it is not true that the region is undergoing a democratically led shift to the hard left.

On the contrary, in those countries where democratic institutions held steady, this year's presidential winners were overwhelmingly either moderates from the center-left or the center-right. Gains by hard-left reactionaries occurred only where institutions had collapsed.

The survival of competitive democracy under a rule of law in most of the region is the good news at the start of 2007. The bad news is that old-fashioned Latin populism -- what John Edwards is hawking to the U.S. electorate for 2008 -- is as chic in the region today as it was 25 years ago, and its persistence is seriously threatening Latin progress.

As we embark on 2007, chavismo is widely considered the mother of all worrying trends in Latin America, and it should be. The Venezuelan weapons buildup has terrifying implications. Yet those who value democracy and freedom would be well advised to pay at least as much attention to the intransigence of populism -- a more insidious but equally dangerous source of poverty and instability -- in the rest of Latin political culture.

To make a proper analysis of the political scene at the start of 2007, let's first dispel the myth that Latin Americans rushed to embrace Marxist revolution at the polls in 2006. There were hard-left "victories" in Venezuela and Bolivia but neither of those elections qualify as democratic. The Venezuelan contest was riddled with irregularities, including an unaudited voter registry, a Chávez-controlled judiciary and electoral council, and the incumbent's unlimited use of state oil revenues in the campaign. It is impossible to divine voter preferences in that race.

In Bolivia, Mr. Morales was chosen at the polls but only after he led, from the streets, a violent overthrow of two constitutional governments and showed that he was willing to paralyze the nation with more violence if he didn't get power. Many working Bolivians said that they voted for him because they saw it as the only way to end the chaos. Mr. Morales was also strengthened by his defense of coca growers who see the U.S. war on drugs as an assault on their family income.

What more than doubled the number of "leftist" victories in the region in 2006 were the electoral outcomes in Brazil, Chile, Peru and Costa Rica. Yet none of the winners in these races can be lumped together with the megalomaniacal Mr. Chávez -- who now says he wants to do away with profits and adopt a barter economy. Brazil's Luiz Inácio "Lula" da Silva, Chile's Michelle Bachelet, Peru's Alan García and Costa Rica's Oscar Arias are all social democrats who recognize their constitutional limits and have taken a pragmatic approach to the political economy, acknowledging the importance of global capital flows, international trade and macroeconomic stability. Even Nicaragua's Sandinista President-elect Daniel Ortega claims that he has had an epiphany on macroeconomic matters.

Perhaps we ought to be grateful for so much enlightenment among Latin leftists who once swore allegiance to wacky socialist economics. Yet it's still not time to celebrate. Class warfare, utopian egalitarianism, and public monopolies remain the staples of the Latin left's political diet. And even reformers like Colombia's Álvaro Uribe and Mexico's Felipe Calderón appear ill-equipped to make a clean break from state paternalism. Among the more troublesome signs of this retrograde thinking is Ms. Bachelet's pledge to expand the Chilean welfare state à la Europe, just at the time when Europe is frantically trying to figure out how to dismantle the same.

The politics of public choice explains part of this backwardness. Special interests will fight to the death to preserve their privileges and the attack on "neo-liberalism" is at bottom little more than a reaction from the biggest special interest of all -- the state -- to threats to its power.

But there is another reason too, I think, that Latin America cannot seem to get out of the spin cycle of populism. And that is the intellectual impoverishment the region suffered in the second half of the 20th century, when the state got control of academia and liberal debate about what constitutes a free society was silenced. The observation of Venezuelan-born journalist Carlos Ball in this column on Jan. 5, 2001 -- that after 40 years of far-left control of "the schools, universities and arts" in Venezuela "the general public [had] fallen under a well-organized system of leftist indoctrination" -- applies to the vast majority of Latin nations.

Manuel Ayau, a founder of the academically prestigious, and private, Francisco Marroquín University in Guatemala City, recognized this threat in the late 1950s at the state-run San Carlos University. That school, he says, was based on "populist norms" and "was leading our society to radicalization and intolerance." He started Marroquín based on the conviction that "universities need to place themselves beyond the conflicts of their time so that science and academic freedom -- which humankind will need at all times -- may be preserved." This, of course, could not occur once Latin America's universities became political tools.

The most famous counter-punch to this demise of intellectual rigor was the exchange program between the University of Chicago and Catholic University in Chile, which began in the 1950s under the guidance of Theodore Schultz. That effort produced the intellectual heft Chile needed to implement liberal economic reform in the 1970s and 1980s.

Defeating chavismo is as much about refuting an ideology that rejects individual liberty as it is about containing a military threat. This requires a challenge to the populist paradigm that now pervades Latin political thought. It is an achievable goal but one that, as Mr. Ayau can attest after years of hard work, won't come easy. Until we get such an intellectual breakthrough, expect persistent instability and lots of Latin emigrants, with or without Mr. Chávez.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 30 Dec 2006, 18:59

Chico Buarque: o cretinismo político rotineiro

Chico Buarque é o principal pensador da esquerda brasileira. O que é de gargalhar e dá uma idéia da miséria a que chegou a dita-cuja. A dimensão do seu cretinismo político e da decrepitude pequeno-burguesa de seu, vá lá, pensamento pode ser percebida na Folha deste sábado. Ah, sim, ele comentou a famosa frase de Lula sobre continuar esquerdista depois dos 60, o que é o seu caso; disse discordar quase sempre de Caetano Veloso – vocês sabem: no Brasil, artista é pensador – e analisou a explosão de violência no Rio. Ou melhor: ele ignorou o fato e preferiu atacar a classe média. “O sujeito aqui corre risco de ser atropelado mesmo na faixa da segurança. Ficam falando em violência e violência, mas é violência também quem dirige um carro e avança o sinal.” Ah, sim: ele não se sente em perigo. É mesmo? E por que se sentiria? Os de sua classe estão imunes à violência aqui, no Haiti ou em Paris.

Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 31 Dec 2006, 19:22

Chico é o homem cordial analisado por seu pai

Chico Buarque continua a render. Quanto menos o sujeito entende o que está escrito, mais se indigna. Não critiquei a obra de Chico como compositor ou letrista. Ataquei a sua análise política, que é estúpida, preconceituosa e cruel. Não há dúvida de que, intelectualmente, ele é um comunista. Posso falar também sobre as suas letras se o problema é esse. Mas antes trato um pouco mais da questão política.

Quem sabe o que penso já percebeu que não justifico a violência como instrumento para fazer política. Os extremistas, sejam de direita, sejam de esquerda, costumam tratar a eliminação de adversários como coisa corriqueira, emprestando-lhe um aporte supostamente racional e justificador. Não é a minha praia. É a de Chico Buarque, o amiguinho do facínora Fidel Castro, por exemplo.

Chico respondeu a indagações que são de natureza política. Se tivesse feito digressões sobre os sonetos petrarquianos, talvez eu o tivesse deixado de lado. Em meio ao caos e ao medo espalhado por terroristas, este senhor vem com a conversa mole de que responsável mesmo pela violência é a classe média. É a análise de um imbecil ou de um mau-caráter.

Mas é uma imbecilidade e um mau-caratismo da qual talvez nem ele próprio se dê conta. Seu pai, Sérgio Buarque de Holanda, de certo modo, estudou as opiniões do filho em Raízes do Brasil, um dos livros mais citados e não-lidos do Brasil, embora pequenino. Lido, muitas vezes não é entendido. Quando Sérgio aponta a cordialidade como um traço característico e negativo da nossa formação, refere-se justamente à ausência de fronteiras nítidas entre os mundos público e privado, entre o ambiente da família e o ambiente da rua, o que mascara as diferenças sociais em nome de um pacto de convivência que legitima e “naturaliza” as desigualdades.

A análise de Chico sobre a violência traz o viés da Casa Grande – para citar um outro contemporâneo de Sérgio e ainda maior do que ele, Gilberto Freyre. Ele olha para os miseráveis que matam e morrem, vitimas do crime organizado, e diz: “Isso é lá coisa deles”. O branco integrado vê a carnificina com um olhar amoroso, compreensivo, condescendente, compassivo. Como uma sinhazinha dos olhos glaucos, ele tem mesmo é ódio é dos burguesotes, da classe média que tenta ascender na vida, que tenta vencer no braço as benesses da sociedade de classes que ele, Chico, recebeu de graça. Chico é o homem cordial descrito por seu pai. Chico é um direitista e não sabe. E é a pior direita: a reacionária.

O “poeta”
Chico é um bom letrista, às vezes excelente. Especialmente ou apenas quando trata da questão amorosa. Tem uma cultura literária superior à da maioria dos artistas da chamada MPB, com a provável exceção de Caetano Veloso, este também dado a arranques filosóficos. Embora Caetano seja mais falastrão e saiba usar a mídia baba-ovo a seu favor, prefiro o baiano. Seu “programa” me parece mais voltado para o mundo das artes & espetáculos do que o de Chico Buarque, metido a analista político. Caetano pode ter o miolo um pouco mole, como acusou certa feita José Guilherme Merquior, mas não justifica ditaduras.

Chico é um bom letrista? Quando não põe sua arte a serviço da questão política, é. Se você conhece Camões, impressiona-se menos com ele... De todo modo, para um compositor de MPB, está de boníssimo tamanho, vai muito além da conta. Mas tem ambições muito maiores, também de romancista. Aí o bicho pega. Comete um pecado mortal para um prosador: não sabe ser simples e fazer as palavras terem uma fluência que, sem ser a fala, não lhe seja estranha. É questão de gosto? Claro que é. Meu preferido do modernismo é Graciliano Ramos, não Guimarães Rosa. Chico é um ótimo intelectual da classe média que ele tanto deplora, embora assuma aquele ar distante, meio afetado, de reizinho baudelairiano de um país chuvoso.

Reconheço-lhe, pois, qualidades de letrista, especialmente a parte de sua produção não contaminada por sua utopia totalitária. Mas é uma besta política. E ele falou foi de política. E minha resposta foi política.

Quanto à petralhada que me diz, com se fosse insulto, que Chico não sabe quem sou e não está nem aí para o que escrevo, não dou a menor bola. Um dos meus textos de que mais gosto trata da obra de Fernando Pessoa. Também ele não sabe e jamais saberá quem sou. Não escrevo para chamar a atenção dos objetos de minha análise. Escrevo porque quero e porque posso. De todo modo, fiquem calmos: ele sabe quem sou. E isso para mim é de uma irrelevância oceânica.
Chega de confusão
De uma vez por todas: o alagoano Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, o dicionarista, nunca foi irmão, nem espiritual, do paulista Sérgio Buarque de Holanda. E, portanto, nunca foi tio de Chico Buarque.

Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 02 Jan 2007, 08:40

Folha desta terça:

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), 65, tomou posse do segundo mandato consecutivo declarando que fará um "governo de esquerda" e chamando o grupo político que derrotou na última eleição de ser "corrupto" e "de direita".O governador incluiu a imprensa no grupo adversário. Disse que suspenderá verbas publicitárias aos maiores veículos de comunicação do Estado nos próximos quatro anos.O discurso na Assembléia Legislativa Requião dedicou ao ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo (PFL), a quem chamou de "imprevisível e extraordinário conservador".Em entrevista à Folha, publicada no domingo, Lembo acusou a elite de "sempre se lambuzar e viver das benesses do Estado" e disse que só era "mais cuidadosa" na corrupção do que o PT ao chegar ao poder."Somos de esquerda porque ser de esquerda é ser solidário, fraterno e humano", afirmou Requião. Para ele, a frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que sexagenários que se mantêm na esquerda têm problemas não pode ser mal interpretada ou distorcida como pretexto para negar a opção.O discurso do governador paranaense também abrigou a defesa da opção nacionalista, com citações elogiosas aos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales, e do Equador, Rafael Correa, e condenações ao governo dos Estados Unidos e à globalização da economia."E lá vem essa conversa toda de populismo, do horror a um Hugo Chávez, a um Evo Morales, a um Rafael Correa, a qualquer um, enfim, que se oponha ao consenso de Washington, aos ditames do FMI, às receitas do neoliberalismo, à ação sem freio do mercado", disse ele.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 03 Jan 2007, 20:05

Dirceu e o fascismo do PT

Engraçado o destaque que os sites noticiosos estão dando à “análise” de José Dirceu em seu blog. Segundo ele, o governador José Serra tomou posse como candidato à Presidência da República. É mesmo? Dirceu é realmente um analista frio, ousado e que corre grandes riscos. Taí uma constatação que realmente perturba. A mim, por exemplo, tal hipótese jamais ocorreria. Falta agora o ex-ministro de Lula afirmar que Aécio Neves também é candidato...

O gracejo, evidentemente, esconde o lado doloso da “análise” de Dirceu, hoje um consultor da iniciativa privada. Trata-se de um esforço para desqualificar a traulitada que Serra deu na política econômica. Aliás, o próprio Dirceu já fez crítica no mesmo sentido. Como sabemos, os petistas querem ter o monopólio do direito de governar e também de pensar alternativas. É o projeto gramsciano. Gramsci, o pai da teoria do totalitarismo perfeito, queria que o partido fosse a única fonte de onde emanassem tanto as verdades afirmativas do poder como as negativas.

Como lembro no meu bate com Diogo Mainardi, a máxima petista pode ser uma adaptação da recomendação do filósofo fascista Romano Gentile. Ele preconizava: “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. Troque-se “Estado” por partido, e teremos o fascismo do PT.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 04 Jan 2007, 17:05

O "cogito interruptus" de Chico em entrevista ao Jornal da Globo: tentando desfazer a bobagem

E Chico Buarque, quem diria?, foi parar na TV Globo para tentar corrigir a besteira que falou sobre a violência no Rio, agora que seu show chega à cidade. A nossa mistura de Palas Atena com maracujá de gaveta, desta feita, estava menos eloqüente. Manipulava, para encanto da reportagem, o “cogito interruptus”, que consiste em falar de forma mais ou menos desarticulada, num discurso permeado de anacolutos, como se o texto esgarçado escondesse um pensamento mais profundo. A violência que, antes, existia também na classe média — ele comparou as ações terroristas de bandidos a varar o sinal vermelho (!!!) — agora é uma coisa “terrível”. E emenda: “quando você vê a que ponto nós chegamos e tal”. Chico gosta de encerrar suas frases com esse “e tal”. O “e tal” quer dizer que algo mais restaria a ser dito, mas o interlocutor pode não estar à altura da especulação teórica de Palas Atena. Na segunda-feira, já demonstrei aqui que o filho é o próprio “homem cordial” estudado pelo pai, Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil. E, para quem entende do riscado, isso não é um elogio. Este juízo nada tem a ver com a obra do compositor, de que já falei também. Quando opta pelo lirismo e deixa de lado suas tolices impensadas sobre política, é muito bom. Embora eu prefira a auto-ironia de Noel Rosa às profundidades do “eu feminino” de Chico. Mas ele manda bem. Deixa o homem cantar. Mas é para cantar. Se quer fazer sociologia, vai ter de estudar primeiro.

Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

PreviousNext

Return to Política

Who is online

Users browsing this forum: No registered users and 1 guest

cron