06/07/2005 - 14h03
Valério confirma que pagou dívida, e PT lhe deve R$ 350 mil
Da Redação,
Em São Paulo
Marcos Valério Fernandes de Souza confirmou que foi avalista do PT em um empréstimo contraído no BMG, que pagou a primeira parcela da dívida e não foi ressarcido pelo partido. O publicitário mineiro presta depoimento neste momento à CPMI dos Correios, em Brasília. Assista ao vivo à transmissão da BandNews.
O valor de R$ 2,4 milhões foi obtido em Belo Horizonte, em 17 de fevereiro de 2003 (início do governo Lula), e o empresário pagou R$ R$ 349.927,53 em 14 de julho do ano passado, porque o PT não teria na ocasião condições para quitar a dívida. Também foram avalistas o presidente da sigla, José Genoino, e o tesoureiro afastado Delúbio Soares.
Após o não-pagamento, Valério afirmou que deixou de ser avalista do PT e que receberá esse crédito futuramente, mas não soube especificar quando.
Jefferson e Borba mentem
Marcos Valério negou ter entregado R$ 4 milhões ao deputado Roberto Jefferson, que o acusa de ser operador do "mensalão", e ter negociado cargos com o deputado José Borba (PMDB-PR).
Em resposta à senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), o publicitário mineiro alegou estar viajando no início de julho de 2004, quando o presidente afastado do PTB disse ter se reunido com ele. Entregou passagens aéreas e<span style='font-size:14pt;line-height:100%'><span style='color:red'> recibos de restaurantes</span></span> ao relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) e disse que a única ocasião em que esteve em Brasília foi em 7 de julho, data não citada por Jefferson.
O publicitário afirmou que nunca pegou avião com malas de dinheiro, como acusou o deputado, e afirmou que o <span style='font-size:21pt;line-height:100%'><span style='color:purple'>crescimento do patrimônio de suas empresas nos últimos cinco anos é fruto apenas do trabalho e não de contatos políticos.</span></span>
-*de 200 mil pra 14 milhões em cinco anos. Vai ser competente assim lá no inferno! Que Warren Buffet que nada!*
Do faturamento da SMPB, 20% viriam de estatais -tem contas com Banco do Brasil, Correios, Eletronorte, Ministérios do Trabalho e do Esporte e a Câmara dos Deputados. De acordo com o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), as empresas de Valério movimentaram R$ 836 milhões na conta do Banco do Brasil, entre 1999 e 2005, dos quais cerca de R$ 500 milhões não teriam origem identificada.
A respeito do encontro com ex-líder do PMDB na Câmara, limitou-se a declarar que tratou de "assuntos políticos". "Mentiras as informações [de negociar cargos para o PMDB] de José Borba", afirmou. "Daqui a pouco vão dizer que sou um ministro sem pasta", completou.
O empresário igualmente desqualificou as acusações de Fernanda Karina Somaggio, que deverá depor na seqüência. Segundo ele, sua ex-secretária não tinha acesso a informações sobre os movimentos financeiros da agência para afirmar que via malas de dinheiro saindo do escritório em Belo Horizonte.
"Eu viajo muito. Ela foi demitida porque não precisava de uma pessoa somente para marcar passagens aéreas", disse, ao justificar sua demissão. Valério admitiu estar devendo a Fernanda Karina uma quantia de R$ 5.000, referentes a serviços prestados e que está processando ela por "chantagem e extorsão".
Saques em dinheiro
<span style='font-size:14pt;line-height:100%'><span style='color:red'>O empresário negou-se a informar os investimentos que teria feito com parte do dinheiro sacado em espécie de contas de sua agência SMPB. </span></span>Fez valer o habeas corpus preventivo que obteve ontem no STF (Supremo Tribunal Federal), que o permite exercitar o direito ao silêncio e recusar a firmar termo de compromisso legal de testemunha.
*antes, ele tinha dito que comprou vacas: 21 milhoes de reais, a 500 conto o novilho, dá pra mais de 40.000 cabeças de gado. O que, como todos sabemos, é pinto, quase imperceptível, e não dá pra se mostrar assim, de uma hora pra outra.*
Valério, que retirou do Banco do Brasil e do Rural R$ 21,36 milhões desde 2003, disse apenas que irá "apresentar essa informação no foro adequado".
Também afirmou que os saques em dinheiro também se destinavam a pagar fornecedores de serviços. "Muitos funcionários da SMPB são pessoas jurídicas, que pagamos em espécie ou em cheque, que eles sacam nos bancos."
Visivelmente nervoso, o mineiro pedia perdão constantemente por chamar o relator de "você" ou "senhor" e chegou a chorar no início do depoimento, ao citar que uma de suas empresas tinha as iniciais de seu filho morto aos 6 anos, de câncer. Ele também tem uma filha de 13 anos e outro filho de 4.
(Com a Agência Câmara e a Agência Senado)
p.s: Sérgio Buarque de Hollanda - o pai do hómi e fundador do PT - escreveu um livro chamado RAÍZES DO BRASIL, onde cunhou a famosa expressão "o brasileiro é um homem cordial". E aí todo mundo que não leu o livro pensa que ele diz que o brasileiro é expansivo, simpático etc. Só que a cordialidade do brasileiro é essa: leva para a esfera pública as relações "de coração" (daí o cordial, viu, viu?), a amizade, o compadrio, a famiglia ("michele, apaga"). E transforma a "res publica" (o boi que é de todos, como bem sabe quem sabe latim

) em xurrasco duma turma só.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")