by mends » 28 Mar 2006, 20:05
Já que aparentemente o Bananão terá mais 4 anos do Lula Molusco (agora sem o Patrick Palocci), apresento um resuminho da obra do principal teórico do petismo, o italiano Antonio Gramsci, para colocar mais medo em vocês - vocês verão que, se não tomarmos cuidade, teremos que aturar esses loucos para sempre...
Os partidos de esquerda, a rigor, não podem mais ser divididos entre "trotskistas", leninistas, como alguns saideros aprenderam no sábado, onde fomos apresentados (não pelos próprios) aos trotskistas que nunca leram Trotski. No calor do momento, não consegui tocar no nome de Gramsci - sou razoável pra escrever, péssimo pra falar - mas na minha opinião são todos gramscianos esses esquerdistas, e essa mutação começa a partir da publicação das obras de Antonio Gramsci pela Editora Civilização Brasileira, na década de 60. As principais idéias de Gramsci são:
1 - O "púder" não se constitui apenas do aparelho estatal, mas de uma complexa trama de organizações espalhadas pela sociedade civil (onguismo, alguém?), por meio das quais a "ideologia" dominante se perpetua através das gerações (politicamente correto, alguém?), criando uma barreira de proteção invisível contra a ação revolucionária.
2 - Portanto, o principal objetivo do Partido revolucionário não deve ser a tomada do poder político, mas a conquista do controle - "hegemonia" - sobre essa rede informal de organizações que produzem a "cultura", isto é, a ideologia dominante. (O Partido não precisa ser formalmente um só, reconhecido como tal nos registros eleitorais "burgueses", mas pode ser um amálgama de organizações diversas e sem estratégia nominal unificada, algumas até sem existência legal, como acontece com o MST.) Lembrando que Gramsci é da mesma tchurma que nos deu aquele maluco do Marcuse e todos os "heróis" Meia-Oito - vejam que eles são endeusados, e o bandidinho do Daniel Cohn Benditt (Dany, o Vermelho), líder de Paris-68, é um mito.
3 - A hegemonia não é apenas um meio de obter suporte social para a conquista do poder político. Isso seria reduzi-la a um apêndice da velha estratégia leninista. Ao contrário, ela é, desde já, a transição revolucionária para o socialismo, operada por meios tão difusos e onipresentes que se torna difícil combatê-los ou mesmo reconhecê-los. Daí o nome "revolução passiva". É a revolução que acontece sem que ninguém possa ser apontado como seu autor e mesmo sem que as vítimas do processo tomem consciência clara do que está acontecendo.
4 - No esquema leninista, a transição para o regime comunista se faria por meio de uma etapa intermediária socialista. O Estado, nessa perspectiva, seria fortalecido e ampliado até apropriar-se de todos os meios de ação social existentes. Quando nada mais restasse fora da esfera do Estado, este desapareceria como tal: onde tudo é Estado, nada é Estado. Pelo menos a dialética hegeliana ensina a raciocinar assim. Marx, Lenin e companhia insana limitada tomavam como dissolução real do poder de Estado essa pura transmutação semântica (ia colcoar troca de palavras, mas transmutação semântica é mais chique) do tudo em nada. Foi por meio dessa grotesca mágica verbal que o totalitarismo perfeito pôde ser aceito como a perfeita democracia. O esquema de Gramsci é bem diferente. Nada tem de um engodo dialético. É uma transformação material, efetiva, da estrutura de poder. A conquista da hegemonia, conforme ele a encarava, já viria a constituir, em si e imediatamente, a dissolução da ordem estatal, substituída pela obediência espontânea das massas aos estímulos acionados pelos comandos culturais espalhados por todo o corpo da sociedade. A burocracia estatal é uma expressão da cultura dominante e nada pode contra ela. Ainda que continuasse formalmente vigente, a ordem estatal se tornaria um adorno inócuo e se dissolveria por si mesma. Seria o comunismo não declarado, implantado sem a etapa intermediária socialista.
5 - Nesse processo, a submissão coercitiva à autoridade estatal seria substituída pela obediência inconsciente e irreversível à "cultura", isto é, ao conjunto de estímulos, slogans e cacoetes mentais injetados sutilmente na sociedade pelos "intelectuar", a vanguarda partidária espalhada informalmente nos milhares de organizações da sociedade civil. A profundidade e abrangência dessa penetração pode ser medida pelo fato de que a rede de organizações a ser conquistada abrangia até escolas maternais, igrejas e confessionários, consultórios de psicologia clínica e aconselhamento matrimonial: nada na atividade psíquica da sociedade poderia escapar à influência do Partido, que adquiriria assim, segundo as palavras do próprio Gramsci, "a autoridade onipresente e invisível de um imperativo categórico, de um mandamento divino". É a construção consciente=, por meio de Engenharia Social, da estrutura filosófica burguesa, os imperativos categóricos do Kant. Se não pode vencê-los no confronto, mande bnombas disfarçadas de bombons. O Partido construiria "valores culturais", os venderia como "imperativos categóricos" e como imperativos categóricos são a embalagem filosófica dos valores burgueses, nos os usuaríamos !!! (direitos humanos pra bandido, alguém? relativismo cultural? direito do Irã ter armas? Todos contra Bush?). POR ISSO A IMPORTÂNCIA DA TENTATIVA DE SEMPRE PENSAR COM INCORREÇÃO POLÍTICA. MESMO PARECENDO MACHISTA, RASCISTA, MISÓGENO, ANTI-GAY, O QUE FOR. HÁ TODA UMA CAMADA DE ESQUERDISMO, DE VALORES FALSOS, QUE TEMOS QUE DISSECAR ANTES DE CHEGAR AO CERNE DAS QUESTÕES.
6 - No esquema gramsciano, a identificação do perfeito controle totalitário com a perfeita liberdade democrática, que em Lenin era apenas um giro semântico demagógico, se torna um processo psicológico real vivenciado pelas multidões, que, não percebendo nenhuma autoridade estatal a coagi-las ou atemorizá-las por meios visíveis, acreditam piamente estar vivendo na mais libertária das democracias, no instante mesmo em que se curvam à mais completa obediência, incapazes até mesmo de conceber algum tipo de ação que escape à conduta que o Partido espera delas. APENAS QUE A COREÇÃO ESTATAL É O INIMIGO DECLARADO, AQUELE QUE VC VÊ. LUTAR CONTRA A COERÇÃO CULTURAL IMPOSTA PELOS MECANISMOS GRAMSCIANOS FAZ DE VC UM SEM CORAÇÃO, DESPREOCUPADO COM O CONTEXTO SOCIAL DAS COISAS...
7 - A subversão ativa por meio dos mecanismos tradicionais de ação comunista - greves, invasões de terras, protestos de toda ordem - não seria abandonada, mas articulada à conquista da hegemonia pela elite "intelectual", formando o "bloco histórico", isto é, a perfeita convergência da "pressão de cima" com a "pressão de baixo". Operando sobre um fundo psicológico preparado pela hegemonia, a subversão já não encontraria resistência e nem mesmo seria nominalmente reconhecida como tal, pois corresponderia à simples realização de expectativas "normais" já prefiguradas e legitimadas na "cultura".
Como percebemos Gramsci tomando conta do Brasil (e do mundo)?
A - MST: contra a subversão agrária, só o que é legítimo propor é a "reforma agrária dentro da lei", isto é, a reforma agrária conduzida pelos agentes do mesmo movimento que só se diferenciam dos invasores de terras porque ocupam cargos na burocracia estatal. Nunca "por que mesmo reforma agrária?" Isto é pecado. O ponto que ainda resta em disputa é apenas uma diferença quanto aos meios de fortalecer o MST: deixando-o invadir e queimar fazendas ou entregando-lhe oficialmente tudo o que ele exige e mais alguma coisa.
B - É mais que evidente que os organismos policiais e de inteligência não foram deixados de lado na conquista da hegemonia. Eles estão hoje sob o controle completo da organização partidária que, ao mesmo tempo, fomenta o banditismo através de legislações propositadamente liberalizantes (ah, tratar usuário de droga como doente ou como adolescente em busca de afirmação ou como cidadão de bem...) e sobretudo da intensa colaboração entre as quadrilhas de traficantes e as organizações subversivas estrangeiras associadas ao partido governante (FARC, alguém disse FARC aí no fundo?). É a perfeita articulação da "pressão de baixo" com a "pressão de cima". Espremida entre esses polos, a sociedade não tem alternativa: ou se conforma com a violência criminosa descontrolada, ou fortalece o partido governante confiando-se à sua proteção, sem ousar confessar a si mesmo que assim só está se entregando oficialmente aos próprios bandidos.
C - Durante anos, a elite partidária articulou violentas campanhas de combate à corrupção com a construção discreta e abrangente de uma máquina de corrupção incomparavelmente maior e mais destrutiva do que todas aquelas que ia desmantelando pelo caminho, uma vez que há vinte anos a esquerda vem aparelhando o Estado. Pressão de cima e pressão de baixo. Durante esse período, os feitos mais espetaculares do moralismo acusador deviam-se exclusivamente ao progressivo controle que os partidos de esquerda iam adquirindo sobre os meios de informação e contra-informação através de uma infinidade de "arapongas" infiltrados em toda parte. Na época, a sociedade já estava tão estupidificada e submissa que fechava os olhos a essa monstruosa destruição da ordem legal desde dentro e só se enfezava contra os corruptos avulsos que a máquina de subversão esquerdista apontava à execração popular.
O problema com Gramsci não é a falta de realismo. Gramsci nunca foi vítima de utopismo revolucionário. Ele sempre foi atento aos fatos e sensível à hierarquia das forças objetivas que movem a sociedade. O problema com ele não está nos fatos, mas nos valores. Ele tinha uma consciência moral doente, disforme, incapaz de sentir o mal mesmo nas suas expressões mais óbvias e escandalosas. Por exemplo, ele via a dissolução do Estado como o advento de uma era de liberdade jamais sonhada. Mas, de novo, o Estado é uma ordem explícita sobre a qual sempre se pode exercer um controle crítico. Já a rede de operadores da hegemonia é oculta, inacessível ao público. É uma elite onipotente como uma casta de deuses, controlando o processo desde alturas inatingíveis. Só uma mente perversa pode conceber isso como um reino da liberdade. Ao mesmo tempo, é óbvio que a elite esquerdista pode dissolver o Estado por meio do fomento ao banditismo, mas com isso entrega a população à sanha de traficantes e assassinos, sem lhe deixar esperança de refúgio exceto por meio de um retorno ao Estado forte, dominado, é claro, pela mesma elite que criou, protegeu e alimentou o império do crime. A mesma elite de drogados pseudo-libertários que nos governa não por imposição da força, não por imposição econômica, não por serem os "melhores", mas pór imposição de valores amorais, pela celebração da irresponsabilidade (não sabem criar filhos, não sabem o que é Moral, nunca lhes passou plea cabeça que a liberdade individual é importante. NÃO ACEITAM O CONTRADITÓRIO, E COMO NÃO CONSEGUEM VENCER NA RACIONALIDADE NEM NA FORÇA, PARTIRAM PRA DESCONSTRUIR - TÃO AO GOSTO DAQUELE FILÓSOFO FRANCÊS, O DERRIDA, ÍDOLO, POR EXEMPLO, DO WOOD ALLEN, QUE, VÃO ME DESCULPAR, É UM HOMEM DOENTE. Quem se casa com sua filha, mesmo que adotiva, é o pregador máximo do "eu só quero é ser feliz". É um homem doente).
A OLIGARQUIA TRAVESTIDA DE MAIORIA, PORQUE REPRESENTATIVA DOS "VALORES DA SOCIEDADE", NÃO É NEM MESMO UMA ARISTOCRACIA. É A OCLOCRACIA, O GOVERNO DOS PIORES.
Gramsci sabia como funcionava a estrutura de poder. Só não sabia diferenciar o bem do mal. Era um gênio da engenharia social com a consciência moral de um rato de esgoto. Gramsci só falhou num ponto decisivo, que é o ponto por onde morrem os esquerdistas; A ABENÇOADA ECONOMIA. Ele não entendia absolutamente nada de economia, e por isso imaginou que a aplicação bem sucedida da sua estratégia produziria automaticamente a transfiguração mágica do sistema econômico. Ao contrário, a evolução posterior dos acontecimentos mostrou que a implantação de um sistema de poder comunista gramsciano é inteiramente compatível com a subsistência do capitalismo monopolístico. Na verdade, ela até exige isso, porque, a economia comunista sendo inviável em si (a demonstração cabal disto já foi feita desde 1928 por Ludwig von Mises), o esquema gramsciano precisa de uma certa quota de capitalismo para manter-se de pé, exatamente como acontece na economia nazista ou fascista. Daí que Gramsci, teórico de esquerda, prova que o Fascismo e o Nazismo são movimentos de esquerda, ainda que sem a sutileza Gramsciana, ainda acreditavam na força. Capitalismo monopolista, em si, não é um mal. O capitalismo deve ser governadao por forças morais pra dar certo, porque a Moral faz com que, por exemplo, contratos sejam respeitados. Não por acaso, para muitos a obra máxima de Adam Smith não é A RIQUEZA DAS NAÇÕES, mas TRATADO DOS SENTIMENTOS MORAIS. Faço esse preâmbulo pra fechar com o seguinte: em Teoria, monopólios ditam preços, e em Teoria, têm todo o Poder para impor sua margem de lucro à sociedade. Mas, em uma análise histórica da época e lugar onde os monopólios existiram em maior quantidade (os privados, bem entendido), vamos para o início do século XX nos EUA, e temos que os grandes monopolistas da época (Ford, American Steel, Standard Oil Co, até a Nabisco, de biscoitos) TRABALHAVAM COM PREÇOS TÃO BAIXOS E PAGAVAM SEUS EMPREGADOS TÃO BEM QUE PERMITIAM A FORMAÇÃO DO PUJANTE MERCADO CONSUMIDOR AMERICANO. O freio era, pura e simplesmente, moral. E Gramsci quer nos destituir esse freio.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."
Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")