Política e politicagem

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby tgarcia » 20 Mar 2006, 23:59

Sabe quando vc chega ao McDonalds e pede o Big Mac sem molho especial? Ou quando já diz que quer a tortinha e o sunday de sobremesa? A atendente fica com aquela cara de ué :? :?
Similar ao q ocorreu com o bush... (tá certo que a pergunta do jornalista foi meio nada a ver...)

Bush "engasga" em pergunta sobre apocalipse
O presidente americano George W. Bush ficou desconcertado quando foi questionado nesta segunda-feira se ele acreditava que a guerra no Iraque e o aumento do terrorismo eram "sinais do apocalipse".
"Hã.... A resposta é que... Eu não havia pensando nisso desta maneira", foi a primeira reação do presidente, hesitando e provocando risos na platéia. :esgotado:

"E isso é o que eu penso sobre isso", disse o presidente, antes de uma nova pausa. "É a primeira vez que eu ouço isso...", disse ainda.

"Acho que eu sou uma pessoa mais prática", disse o presidente, depois de 34 segundos.

A pergunta foi feita por uma mulher na platéia no The City Club, em Cleveland, onde o presidente fez um discurso para marcar os três anos da invasão americana no Iraque, no início do que foi uma hora de perguntas ao presidente.
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Postby mends » 21 Mar 2006, 10:24

aiai...lá vou defender o Bush de novo...até parece que eu admiro o cara (o que não é verdade).

a) a mulher era uma ELEITORA;
B) vc não chega e diz, pra quem te deu o emprego: "pusta perguntinha idiota essa, hein, minha senhora?"
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Postby mends » 21 Mar 2006, 10:27

E quebrar sigilo do Paulo Okamoto, como já foi pedido judicialmente e brecado no STF pelo Governo, nem pensar, certo?

Do ESTADÃO

Uma operação torpe
Segundo uma versão divulgada no fim da semana, ao ser informado, no começo da noite de sexta-feira, de que um blog da revista Época acabava de publicar o extrato bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, o presidente Lula fez ar de quem já sabia. Segundo outra versão, divulgada ontem, na quinta à noite o extrato já circulava entre os assessores do ministro Antonio Palocci na Fazenda. Francenildo, que afirmou originalmente ao Estado ter visto Palocci "umas 10 ou 20 vezes" na mansão-sede da República de Ribeirão Preto em Brasília, disse domingo que, no dia e hora que constam do extrato - 16 de março, 20h58m21 -, ele estava na Polícia Federal para pedir proteção (da qual abriria mão 10 horas depois).
A PF admitiu ao jornal O Globo que pediu o cartão bancário de Francenildo, além do seu RG e CPF, para copiá-los, o que teria demorado cerca de 3 minutos. Mas, de acordo com Nildo, como é chamado, depois de lhe pedirem esses documentos, "na última hora" um policial lhe perguntou se tinha conta em banco. "Aí pediu meu cartão" (de correntista da Caixa Econômica Federal). Pelos seus cálculos, esperou "10 ou 20 minutos" até tirarem as cópias. Nada disso é insignificante quando se está em face da mais torpe operação já engendrada nas alturas - ou nos porões - do governo do PT.
Cometendo um crime - quebrar sem ordem judicial o sigilo bancário de alguém que de nada é acusado - o poder petista tentou desqualificar o trabalhador que ousou declarar a este jornal, depois a outros e, enquanto pôde, antes de ser amordaçado por uma liminar, à CPI dos Bingos, que Palocci mentiu quando negou ter estado no casarão onde a sua corriola tramava negociatas e promovia farras remuneradas. A sórdida idéia consistia em usar a imprensa para difundir a insinuação, com base nos depósitos constantes no extrato, de que Nildo fora comprado para difamar o ministro a quem Lula deve "muito, mas muito", conforme disse na fatídica sexta-feira.
Mas à ignomínia somou-se, como era de se prever, a incompetência. Pois, assim que apareceu na internet o produto da violação do segredo bancário do ex-empregado daquela casa de tolerância sui generis, o seu advogado convocou uma entrevista coletiva em que Nildo deu explicações documentadas sobre a origem do dinheiro que recebera (e que não somava R$ 38,8 mil, como se noticiou, mas cerca de R$ 25 mil). Ao preço de ter a intimidade exposta para provar que não estava a soldo da oposição para acusar Palocci e os seus apaniguados, Nildo devassou a própria crônica familiar, banal e pungente.
Nascido de uma união ocasional, o pai nunca o reconheceu e, no fim do ano passado, para dissuadi-lo de exigir a admissão da paternidade, prometeu fazer alguns depósitos em sua conta, a partir de janeiro. Localizada pelo Estado, a mãe confirmou a história e disse temer pela vida de Nildo. Vale por um tratado sobre o Brasil profundo o seu apelo: "Peço ao presidente que não faça nada com o meu filho."
Evidentemente, o ex-caseiro da República de Ribeirão Preto não corre risco de agressão física. Mas no mínimo tão verossímeis como as revelações de Francenildo são as evidências de que gente da administração Lula urdiu a sua desmoralização para evitar que o desfiguramento da imagem de Palocci na esfera ética reponha em cena a questão da corrupção no PT e no governo, de cujos efeitos o presidente parece recuperado, a julgar pelas recentes pesquisas eleitorais. Aliás, a baixeza contra o "simples caseiro", como Lula teria se referido a ele, esquecido talvez de suas próprias origens, é tudo menos um caso isolado.
No vale-tudo pela reeleição, Lula também mandou acionar a mais alta corte judicial para impedir que a CPI dos Bingos ouvisse tudo que Nildo teria a dizer. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fez a sua parte ao não permitir que a Polícia Federal investigue a história da sede da República de Ribeirão a partir das declarações de Nildo. De seu lado, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Edson Vidigal, apadrinhado do senador José Sarney, e candidato a governador do Maranhão, concedeu uma liminar para tornar ilegais as prévias de domingo no PMDB. Sarney é um dos generais de Lula na batalha contra a candidatura própria do partido ao Planalto. E o PT, enquadrado, cerrou fileiras em torno do ministro da Fazenda que até a semana passada execrava - por seus acertos.

"Mandei o dinheiro para evitar um escândalo"

Eurípedes Soares, empresário, diz que os R$ 25 mil eram para Francenildo comprar casa e desistir de pedir reconhecimento da paternidade

Expedito Filho

O empresário Eurípedes Soares, de 72 anos, dono da modesta Viação Soares, confirmou ontem que enviou um total de R$ 25 mil em três vezes para o caseiro Francenildo Santos Costa para que ele comprasse uma casa e desistisse de entrar na Justiça com um processo de reconhecimento de paternidade. "Para me amedrontar, ele disse que falaria para minha família. Aí, me derrubou todinho. Mandei o dinheiro para evitar um escândalo para minha mulher e minhas duas filhas", explicou. Segundo ele, o pagamento foi feito em três vezes e a primeira parcela foi tomada emprestada por um ex-funcionário de sua empresa.
Apesar do acordo, o empresário negou que seja o verdadeiro pai do caseiro. Gaguejando e com falhas de memória, Soares demonstrou nervosismo ao tocar no suposto relacionamento extraconjugal que teria tido com Benta Maria dos Santos Costa. "São 25 anos... nunca, nunca me lembro. Se tive um negócio desses com a mãe dele, que mora na cidade de Nazária, eu não lembro", defendeu-se.
Dono da Viação Soares, com 22 ônibus velhos, o mais novo é de 2002 e mais antigo data de 1979, o suposto pai de Francenildo é um homem modesto como sua empresa. Mora numa casa simples em um bairro de classe média e costuma andar pelas ruas de Teresina em uma picape Pampa e um Del Rey. O advogado Palha Dias, que o acompanhou na entrevista ao Estado, não quis que seu cliente falasse da possibilidade de fazer um teste de DNA.
Quanto o senhor pagou para Francenildo?
Um amigo meu me ajudou. Eu trabalho com duas filhas na minha empresa, a Viação Soares, e o Francenildo queria falar com elas para contar para minha família que eu era o pai dele. Eu fiquei nervoso e achei que poderia ter de dar satisfação para minha família, minha mulher em casa. Um rapaz que trabalhava comigo, de nome Antônio Alves Filho, perguntou o que estava havendo. Eu contei que não sabia de nada, que era inocente, que o Francenildo não tinha direito (ao registro da paternidade). Foi um acidente que aconteceu na vida dele. E eu nunca pensei que depois de vinte e tantos anos ele viesse pedir dinheiro. O Antônio tomou o dinheiro emprestado para mim porque eu não tinha na conta. Ele fez isso para me salvar porque eu estava nervoso demais. Ele fez os pagamentos. Na primeira vez, o Francenildo estava aqui e ele colocou o dinheiro na própria conta.
Qual foi o valor?
Um total de R$ 25 mil em três vezes.
Quando teve a conversa com ele?
Mais ou menos fim de dezembro, não lembro o dia direito.
Quantos encontros teve com ele?
Ele chegou a primeira vez conversou e eu disse para ele ir cuidar da própria vida. Eu falei: "Vai embora porque não sei nem quem você é." Aí, ele disse: "Você não sabe, mas vai saber." Eram 5 horas da tarde e eu fui assistir a uma missa. Depois ele veio uma duas ou três vezes. Isso ocorreu entre 10 de dezembro a começo de janeiro, porque ele dizia que estava de férias e teria de voltar para o emprego.
Qual eram os argumentos dele?
Era o de que a mãe dele tinha dito que o pai seria eu. Aí que falei para ele: "Que idéia é essa?" Eu disse que a mãe dele nunca tinha falado nada para mim. Agora, com tantos anos, ele vem dizer que é meu filho.
O senhor teve algum relacionamento com Benta, a mãe dele?
Não, eu não tive caso. Eu não sei disso.
O senhor não lembra?
São 25 anos. Eu não sei disso. Nunca, jamais lembrei. Nunca nem pensei na minha vida.
Então, por que o senhor mandou o dinheiro?
Para evitar um escândalo com minha mulher e minhas filhas. Eu nunca pensei que isso chegaria nesse extremo.
Mas o que foi que Francenildo disse para convencê-lo?
Contou que era casado, já tinha filho, que morava num barraco e queria comprar uma casa. Essa era a idéia dele. Queria que eu o registrasse como pai, mas eu disse que não tinha conhecimento daquilo. Para me amedrontar, disse que ia falar com minha mulher e minhas filhas. Aí, ele me derrubou todinho. Nunca pensei que isso pudesse acontecer na minha vida. Achei que foi a mãe que achou de dizer para ele, quando tinha 12 ou 14 anos, que eu era o pai.
O Francenildo chegou a pressioná-lo dizendo que trabalhava para o ministro Antonio Palocci?
Nunca, nunca, nunca. Não sei nem se ele conhecia. Disse que conhecia muita gente boa, que o chefe dele era advogado e, se eu não tomasse providências, moveria uma ação contra mim.
Por que o senhor não o desafiou a mover a tal ação?
Aí, eu, eu... O que faltou para mim foi coragem. Eu fiquei com medo e não queria que as coisas chegassem aonde chegaram. Eu fiz o acordo com ele porque fui obrigado.
O senhor não tem dúvidas se é ou não o pai dele?
Eu nunca achei que isso tivesse acontecido no passado.
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Postby junior » 21 Mar 2006, 13:13

aiaiai, la´ vou eu falar mal do cara de novo ;)

a mulher era uma ELEITORA

Pelo visto, não dele :lol: :lol:
vc não chega e diz, pra quem te deu o emprego: "pusta perguntinha idiota essa, hein, minha senhora?"

Mas pode dizer "não, não acredito! Próxima pergunta, por favor..."
O que não pode é demorar 34 seg em uma pusta perguntinha idiota... :lol: :lol:
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Postby junior » 22 Mar 2006, 13:59

22/03/2006 - 08h51
Grupo separatista basco ETA anuncia cessar-fogo permanente
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da Folha Online

O grupo terrorista e separatista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade) anunciou nesta quarta-feira um cessar-fogo definitivo, informou a imprensa local. A medida entraria em vigor na sexta-feira (24).

Um comunicado do grupo foi publicado no jornal basco "Gara" freqüentemente utilizado para anúncios do ETA, e lido na televisão basca. Posteriormente, o anúncio foi reproduzido em jornais espanhóis.

Um cessar-fogo seria o primeiro passo para um processo de paz com o ETA, que matou ao menos 850 pessoas desde 1968, em sua luta pela formação de um Estado independente na região norte da Espanha e sul da França.

No anúncio, o ETA afirma que seu objetivo é "impulsionar o processo democrático no País Basco para construir um novo marco, em que sejam reconhecidos os direitos do povo basco".

O grupo afirma ainda que, como resultado deste processo, os cidadãos bascos "devem ter a palavra e decisão sobre seu futuro", enquanto a França e a Espanha devem "reconhecer os resultados deste processo democrático, sem nenhum tipo de limitação".

Governos

O comunicado inclui ainda um apelo para que "todos os agentes atuem com responsabilidade diante do passo dado pelo ETA", e pede "uma resposta positiva das autoridades espanholas e francesas".

No anúncio, o grupo pede ainda que os cidadãos "se envolvam no processo e lutem pelos direitos que, como povo, nos corresponde".

O ETA encerra o comunicado dizendo que "o fim do conflito é possível" e que este "é o desejo do ETA".

O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, havia afirmado, em 10 de fevereiro, que o "princípio do final de ETA" estava próximo.
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Postby mends » 22 Mar 2006, 18:26

"Presidente não tem direito de não saber o que seus ministros fazem", diz Roberto Romano



Quanto mais se fala que o momento é de busca pela ética na política, mais exemplos indicam que o Brasil está longe disso. A cada dia surgem mais casos de falta de ética. Ontem, o Senado rejeitou a denúncia de caixa dois contra o senador Eduardo Azeredo. Também ontem, a Comissão de Ética Pública da Presidência concluiu que o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, não deve ser punido por exigir a interrupção do procedimento de decolagem de um avião da TAM para que ele e sua mulher embarcassem. Sem contar os deputados que já foram e os que ainda podem ser absolvidos no escândalo do "mensalão".

Mas bola da vez é mesmo a Caixa Econômica Federal, um banco público, que autorizou, por meio do gabinete da Presidência, a ordem para a quebra ilegal de sigilo do caseiro Francenildo Costa, segundo a Folha de S.Paulo. Na opinião o professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp Roberto Romano, o prazo de 15 dias para apuração das responsabilidades na quebra do sigilo é "uma piada, uma falta de respeito com a inteligência do cidadão". Ele compara o Brasil ao país do escritor tcheco Franz Kafka, em "O Castelo". "Todo mundo é processado, ninguém sabe o porquê, e continuamos no anonimato inglorioso da vida pública brasileira que não é nada pública, é privada, com toda polissemia do tema", diz Romano.

Para o professor, se o ministro da Justiça e da Fazenda não agem apurando a verdade dos fatos, quebram o respeito ao cargo e devem ser afastados pelo presidente da República. Romano refuta a justificativa de que o presidente nada sabe e diz que é sua função ter conhecimento sobre as ações de seus ministros e auxiliares. "Se um médico vai operar e o instrumentista deixa uma agulha no corpo do paciente, deve ser processado", compara. "Sobretudo quando ele já veio a público pedir desculpas por algo que nós não sabemos o que é."

Ele critica os dois pesos e duas medidas na aplicação das normas éticas no país. "Por que a quebra de sigilo vale para uma testemunha, que nem é um acusado, e não vale para o [amigo do presidente Lula Paulo] Okamotto?" A quebra de sigilo de Okamotto foi aprovada pela CPI, mas barrada pelo Supremo Tribunal Federal. "A Justiça brasileira está muito perigosamente fazendo a opção preferencial pelo Poder Executivo e perde a sua dimensão plena pelo poder autônomo." Romano critica a presença, nas altas cortes de Justiça, de candidatos a cargos eletivos, em referência ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim. "O jurista tem que praticar a ética, não pode, por exemplo, estando no tribunal, ser ao mesmo tempo candidato ao governo de um Estado e dar liminar que proíba a ação de um partido político de oposição ao governo", diz. Para ele, esse fato é indício de uma crise ética e política do Estado brasileiro.

<span style='font-size:14pt;line-height:100%'><span style='color:red'>O professor afirma que o atual governo é tirânico porque o Estado não garante os direitos dos governados, como o da privacidade. "Nenhum indivíduo estará seguro no país. Você não tem nem a segurança de manter uma conta no seu nome sem ter a vida devassada", diz. Romano cita a definição de Estado Moderno, do pensador francês Jean Bodin (1530-1596): "A tirania, que deve ser abolida, é quando o governante usa os bens dos governados como se fossem seus. Os planos econômicos e o confisco do [ex-presidente Fernando] Collor são isso; os impostos são arrecadados à boca aberta, há uma super-exploração do contribuinte e um uso absolutamente indecente coisa pública, que cria um ambiente de leniência política." Na avaliação de Romano, o caso da quebra do sigilo é mais emblemático porque viola o direito ao segredo da vida familiar. </span></span>

De acordo com o professor, se nada for feito a respeito, <span style='font-size:14pt;line-height:100%'><span style='color:red'>o Brasil vai caminhar para a desobediência civil. "Aí não temos como combater o narcotráfico, o terrorismo. Não fazer nada significa aceitar a instauração homeopática de um Estado Policial e não de um Estado Democrático de Direito", afirma. </span></span>Mas como evitar isso? "Berrando é que a gente faz com que os ouvidos se abram", responde Romano.
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Postby mends » 27 Mar 2006, 17:57

FERNANDO RODRIGUES

Palocci pede demissão; crise se aprofunda
e oposição pode partir para cima de Lula


A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que o titular da pasta pediu demissão. Antonio Palocci entregara a Lula uma carta para formalizar sua saída.

"O ministro Antonio Palocci decidiu solicitar ao presidente da República o seu afastamento do cargo", diz a nota da Fazenda.

A demissão terá efeito político-eleitoral. É ruim um ministro da Fazenda eixar o cargo acusado de 1) ter mentido ao Congresso e 2) de ter sido conivente com a violação de um sigilo bancário. Ficou insustentável a pemanência do ministro depois que ficou evidente a participação de gente ligada a ele na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Nildo.

Lula teve receio de demitir o ministro quando começaram a aparecer indícios de que Palocci poderia ter mentido sobre ter ou não frequentado a casa de lobby montada em Brasília pela turma de Ribeirão Preto. O presidente da República achava que Palocci estava apenas se preservando do ponto de vista pessoal.

Com a violação do sigilo, tudo mudou de figura. Os depoimentos de hoje de funcionários da CEF (onde Nildo teve sua conta violada), inclusive de Jorge Mattoso, presidente da instituição, deixaram tudo muito pior.

Assessores próximos a Lula temem que a demissão de Palocci abra um flanco para a opsição continuar a avançar sobre Lula na área moral. Paulo Okamotto, o filho empresário do presidente, enfim, há uma lista de casos em abertos que poderão ganhar corpo a partir de agora. Palocci era um ateparo que protegia o presidente. O escudo caiu. Como dizia a propaganda de Duda Mendonça em 2002, "agora é Lula". A ver.
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Postby mends » 27 Mar 2006, 18:31

Guido Mantega assume. Melhor que Mercadante, que adora dar entrevista antes como favorito pra tudo - vai ser ególatra assim no inferno - mas muito pior que Murilo Portugal. O "mercado" gostou. Eu particularmente não: tive aula com o cara e posso atestar que é uma toupeira, é intervencionista e meio maluco. Sorte que não vai dar muito tempo pra estragar.
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Postby junior » 28 Mar 2006, 07:22

Poxa, ia escrever justamente perguntando a opinião geral sobre o mano... :lol: :lol: Como dizem por aqui, "me ganó de mano".
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Postby mends » 28 Mar 2006, 20:05

Já que aparentemente o Bananão terá mais 4 anos do Lula Molusco (agora sem o Patrick Palocci), apresento um resuminho da obra do principal teórico do petismo, o italiano Antonio Gramsci, para colocar mais medo em vocês - vocês verão que, se não tomarmos cuidade, teremos que aturar esses loucos para sempre...

Os partidos de esquerda, a rigor, não podem mais ser divididos entre "trotskistas", leninistas, como alguns saideros aprenderam no sábado, onde fomos apresentados (não pelos próprios) aos trotskistas que nunca leram Trotski. No calor do momento, não consegui tocar no nome de Gramsci - sou razoável pra escrever, péssimo pra falar - mas na minha opinião são todos gramscianos esses esquerdistas, e essa mutação começa a partir da publicação das obras de Antonio Gramsci pela Editora Civilização Brasileira, na década de 60. As principais idéias de Gramsci são:

1 - O "púder" não se constitui apenas do aparelho estatal, mas de uma complexa trama de organizações espalhadas pela sociedade civil (onguismo, alguém?), por meio das quais a "ideologia" dominante se perpetua através das gerações (politicamente correto, alguém?), criando uma barreira de proteção invisível contra a ação revolucionária.

2 - Portanto, o principal objetivo do Partido revolucionário não deve ser a tomada do poder político, mas a conquista do controle - "hegemonia" - sobre essa rede informal de organizações que produzem a "cultura", isto é, a ideologia dominante. (O Partido não precisa ser formalmente um só, reconhecido como tal nos registros eleitorais "burgueses", mas pode ser um amálgama de organizações diversas e sem estratégia nominal unificada, algumas até sem existência legal, como acontece com o MST.) Lembrando que Gramsci é da mesma tchurma que nos deu aquele maluco do Marcuse e todos os "heróis" Meia-Oito - vejam que eles são endeusados, e o bandidinho do Daniel Cohn Benditt (Dany, o Vermelho), líder de Paris-68, é um mito.

3 - A hegemonia não é apenas um meio de obter suporte social para a conquista do poder político. Isso seria reduzi-la a um apêndice da velha estratégia leninista. Ao contrário, ela é, desde já, a transição revolucionária para o socialismo, operada por meios tão difusos e onipresentes que se torna difícil combatê-los ou mesmo reconhecê-los. Daí o nome "revolução passiva". É a revolução que acontece sem que ninguém possa ser apontado como seu autor e mesmo sem que as vítimas do processo tomem consciência clara do que está acontecendo.

4 - No esquema leninista, a transição para o regime comunista se faria por meio de uma etapa intermediária socialista. O Estado, nessa perspectiva, seria fortalecido e ampliado até apropriar-se de todos os meios de ação social existentes. Quando nada mais restasse fora da esfera do Estado, este desapareceria como tal: onde tudo é Estado, nada é Estado. Pelo menos a dialética hegeliana ensina a raciocinar assim. Marx, Lenin e companhia insana limitada tomavam como dissolução real do poder de Estado essa pura transmutação semântica (ia colcoar troca de palavras, mas transmutação semântica é mais chique) do tudo em nada. Foi por meio dessa grotesca mágica verbal que o totalitarismo perfeito pôde ser aceito como a perfeita democracia. O esquema de Gramsci é bem diferente. Nada tem de um engodo dialético. É uma transformação material, efetiva, da estrutura de poder. A conquista da hegemonia, conforme ele a encarava, já viria a constituir, em si e imediatamente, a dissolução da ordem estatal, substituída pela obediência espontânea das massas aos estímulos acionados pelos comandos culturais espalhados por todo o corpo da sociedade. A burocracia estatal é uma expressão da cultura dominante e nada pode contra ela. Ainda que continuasse formalmente vigente, a ordem estatal se tornaria um adorno inócuo e se dissolveria por si mesma. Seria o comunismo não declarado, implantado sem a etapa intermediária socialista.

5 - Nesse processo, a submissão coercitiva à autoridade estatal seria substituída pela obediência inconsciente e irreversível à "cultura", isto é, ao conjunto de estímulos, slogans e cacoetes mentais injetados sutilmente na sociedade pelos "intelectuar", a vanguarda partidária espalhada informalmente nos milhares de organizações da sociedade civil. A profundidade e abrangência dessa penetração pode ser medida pelo fato de que a rede de organizações a ser conquistada abrangia até escolas maternais, igrejas e confessionários, consultórios de psicologia clínica e aconselhamento matrimonial: nada na atividade psíquica da sociedade poderia escapar à influência do Partido, que adquiriria assim, segundo as palavras do próprio Gramsci, "a autoridade onipresente e invisível de um imperativo categórico, de um mandamento divino". É a construção consciente=, por meio de Engenharia Social, da estrutura filosófica burguesa, os imperativos categóricos do Kant. Se não pode vencê-los no confronto, mande bnombas disfarçadas de bombons. O Partido construiria "valores culturais", os venderia como "imperativos categóricos" e como imperativos categóricos são a embalagem filosófica dos valores burgueses, nos os usuaríamos !!! (direitos humanos pra bandido, alguém? relativismo cultural? direito do Irã ter armas? Todos contra Bush?). POR ISSO A IMPORTÂNCIA DA TENTATIVA DE SEMPRE PENSAR COM INCORREÇÃO POLÍTICA. MESMO PARECENDO MACHISTA, RASCISTA, MISÓGENO, ANTI-GAY, O QUE FOR. HÁ TODA UMA CAMADA DE ESQUERDISMO, DE VALORES FALSOS, QUE TEMOS QUE DISSECAR ANTES DE CHEGAR AO CERNE DAS QUESTÕES.

6 - No esquema gramsciano, a identificação do perfeito controle totalitário com a perfeita liberdade democrática, que em Lenin era apenas um giro semântico demagógico, se torna um processo psicológico real vivenciado pelas multidões, que, não percebendo nenhuma autoridade estatal a coagi-las ou atemorizá-las por meios visíveis, acreditam piamente estar vivendo na mais libertária das democracias, no instante mesmo em que se curvam à mais completa obediência, incapazes até mesmo de conceber algum tipo de ação que escape à conduta que o Partido espera delas. APENAS QUE A COREÇÃO ESTATAL É O INIMIGO DECLARADO, AQUELE QUE VC VÊ. LUTAR CONTRA A COERÇÃO CULTURAL IMPOSTA PELOS MECANISMOS GRAMSCIANOS FAZ DE VC UM SEM CORAÇÃO, DESPREOCUPADO COM O CONTEXTO SOCIAL DAS COISAS...

7 - A subversão ativa por meio dos mecanismos tradicionais de ação comunista - greves, invasões de terras, protestos de toda ordem - não seria abandonada, mas articulada à conquista da hegemonia pela elite "intelectual", formando o "bloco histórico", isto é, a perfeita convergência da "pressão de cima" com a "pressão de baixo". Operando sobre um fundo psicológico preparado pela hegemonia, a subversão já não encontraria resistência e nem mesmo seria nominalmente reconhecida como tal, pois corresponderia à simples realização de expectativas "normais" já prefiguradas e legitimadas na "cultura".

Como percebemos Gramsci tomando conta do Brasil (e do mundo)?

A - MST: contra a subversão agrária, só o que é legítimo propor é a "reforma agrária dentro da lei", isto é, a reforma agrária conduzida pelos agentes do mesmo movimento que só se diferenciam dos invasores de terras porque ocupam cargos na burocracia estatal. Nunca "por que mesmo reforma agrária?" Isto é pecado. O ponto que ainda resta em disputa é apenas uma diferença quanto aos meios de fortalecer o MST: deixando-o invadir e queimar fazendas ou entregando-lhe oficialmente tudo o que ele exige e mais alguma coisa.

B - É mais que evidente que os organismos policiais e de inteligência não foram deixados de lado na conquista da hegemonia. Eles estão hoje sob o controle completo da organização partidária que, ao mesmo tempo, fomenta o banditismo através de legislações propositadamente liberalizantes (ah, tratar usuário de droga como doente ou como adolescente em busca de afirmação ou como cidadão de bem...) e sobretudo da intensa colaboração entre as quadrilhas de traficantes e as organizações subversivas estrangeiras associadas ao partido governante (FARC, alguém disse FARC aí no fundo?). É a perfeita articulação da "pressão de baixo" com a "pressão de cima". Espremida entre esses polos, a sociedade não tem alternativa: ou se conforma com a violência criminosa descontrolada, ou fortalece o partido governante confiando-se à sua proteção, sem ousar confessar a si mesmo que assim só está se entregando oficialmente aos próprios bandidos.

C - Durante anos, a elite partidária articulou violentas campanhas de combate à corrupção com a construção discreta e abrangente de uma máquina de corrupção incomparavelmente maior e mais destrutiva do que todas aquelas que ia desmantelando pelo caminho, uma vez que há vinte anos a esquerda vem aparelhando o Estado. Pressão de cima e pressão de baixo. Durante esse período, os feitos mais espetaculares do moralismo acusador deviam-se exclusivamente ao progressivo controle que os partidos de esquerda iam adquirindo sobre os meios de informação e contra-informação através de uma infinidade de "arapongas" infiltrados em toda parte. Na época, a sociedade já estava tão estupidificada e submissa que fechava os olhos a essa monstruosa destruição da ordem legal desde dentro e só se enfezava contra os corruptos avulsos que a máquina de subversão esquerdista apontava à execração popular.

O problema com Gramsci não é a falta de realismo. Gramsci nunca foi vítima de utopismo revolucionário. Ele sempre foi atento aos fatos e sensível à hierarquia das forças objetivas que movem a sociedade. O problema com ele não está nos fatos, mas nos valores. Ele tinha uma consciência moral doente, disforme, incapaz de sentir o mal mesmo nas suas expressões mais óbvias e escandalosas. Por exemplo, ele via a dissolução do Estado como o advento de uma era de liberdade jamais sonhada. Mas, de novo, o Estado é uma ordem explícita sobre a qual sempre se pode exercer um controle crítico. Já a rede de operadores da hegemonia é oculta, inacessível ao público. É uma elite onipotente como uma casta de deuses, controlando o processo desde alturas inatingíveis. Só uma mente perversa pode conceber isso como um reino da liberdade. Ao mesmo tempo, é óbvio que a elite esquerdista pode dissolver o Estado por meio do fomento ao banditismo, mas com isso entrega a população à sanha de traficantes e assassinos, sem lhe deixar esperança de refúgio exceto por meio de um retorno ao Estado forte, dominado, é claro, pela mesma elite que criou, protegeu e alimentou o império do crime. A mesma elite de drogados pseudo-libertários que nos governa não por imposição da força, não por imposição econômica, não por serem os "melhores", mas pór imposição de valores amorais, pela celebração da irresponsabilidade (não sabem criar filhos, não sabem o que é Moral, nunca lhes passou plea cabeça que a liberdade individual é importante. NÃO ACEITAM O CONTRADITÓRIO, E COMO NÃO CONSEGUEM VENCER NA RACIONALIDADE NEM NA FORÇA, PARTIRAM PRA DESCONSTRUIR - TÃO AO GOSTO DAQUELE FILÓSOFO FRANCÊS, O DERRIDA, ÍDOLO, POR EXEMPLO, DO WOOD ALLEN, QUE, VÃO ME DESCULPAR, É UM HOMEM DOENTE. Quem se casa com sua filha, mesmo que adotiva, é o pregador máximo do "eu só quero é ser feliz". É um homem doente).

A OLIGARQUIA TRAVESTIDA DE MAIORIA, PORQUE REPRESENTATIVA DOS "VALORES DA SOCIEDADE", NÃO É NEM MESMO UMA ARISTOCRACIA. É A OCLOCRACIA, O GOVERNO DOS PIORES.

Gramsci sabia como funcionava a estrutura de poder. Só não sabia diferenciar o bem do mal. Era um gênio da engenharia social com a consciência moral de um rato de esgoto. Gramsci só falhou num ponto decisivo, que é o ponto por onde morrem os esquerdistas; A ABENÇOADA ECONOMIA. Ele não entendia absolutamente nada de economia, e por isso imaginou que a aplicação bem sucedida da sua estratégia produziria automaticamente a transfiguração mágica do sistema econômico. Ao contrário, a evolução posterior dos acontecimentos mostrou que a implantação de um sistema de poder comunista gramsciano é inteiramente compatível com a subsistência do capitalismo monopolístico. Na verdade, ela até exige isso, porque, a economia comunista sendo inviável em si (a demonstração cabal disto já foi feita desde 1928 por Ludwig von Mises), o esquema gramsciano precisa de uma certa quota de capitalismo para manter-se de pé, exatamente como acontece na economia nazista ou fascista. Daí que Gramsci, teórico de esquerda, prova que o Fascismo e o Nazismo são movimentos de esquerda, ainda que sem a sutileza Gramsciana, ainda acreditavam na força. Capitalismo monopolista, em si, não é um mal. O capitalismo deve ser governadao por forças morais pra dar certo, porque a Moral faz com que, por exemplo, contratos sejam respeitados. Não por acaso, para muitos a obra máxima de Adam Smith não é A RIQUEZA DAS NAÇÕES, mas TRATADO DOS SENTIMENTOS MORAIS. Faço esse preâmbulo pra fechar com o seguinte: em Teoria, monopólios ditam preços, e em Teoria, têm todo o Poder para impor sua margem de lucro à sociedade. Mas, em uma análise histórica da época e lugar onde os monopólios existiram em maior quantidade (os privados, bem entendido), vamos para o início do século XX nos EUA, e temos que os grandes monopolistas da época (Ford, American Steel, Standard Oil Co, até a Nabisco, de biscoitos) TRABALHAVAM COM PREÇOS TÃO BAIXOS E PAGAVAM SEUS EMPREGADOS TÃO BEM QUE PERMITIAM A FORMAÇÃO DO PUJANTE MERCADO CONSUMIDOR AMERICANO. O freio era, pura e simplesmente, moral. E Gramsci quer nos destituir esse freio.
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Postby junior » 29 Mar 2006, 10:40

Bom, em primeiro lugar, "CARAI, mano, que mega texto" :lol:

Como vc sugeriu ao Vitor uma vez, vou respondendo por partes...

Os partidos de esquerda, a rigor, não podem mais ser divididos entre "trotskistas", leninistas, como alguns saideros aprenderam no sábado, onde fomos apresentados (não pelos próprios) aos trotskistas que nunca leram Trotski.

Curiosidade: esse encontro cabalístico aconteceu como??

POR ISSO A IMPORTÂNCIA DA TENTATIVA DE SEMPRE PENSAR COM INCORREÇÃO POLÍTICA. MESMO PARECENDO MACHISTA, RASCISTA, MISÓGENO, ANTI-GAY, O QUE FOR. HÁ TODA UMA CAMADA DE ESQUERDISMO, DE VALORES FALSOS, QUE TEMOS QUE DISSECAR ANTES DE CHEGAR AO CERNE DAS QUESTÕES

Não entendo uma coisa: o pai do politicamente correto são os USA, onde chamar um negão de negão dá cadeia, mulher de pior faz vc perder seu cargo de reitor de Harvard, e filme sobre advogado gay dá Oscar, etc, etc. Isso não tem nada de esquerda, não??

DO WOOD ALLEN, QUE, VÃO ME DESCULPAR, É UM HOMEM DOENTE

Sem dúvida :lol: , ninguém nunca disse que não era, mas seus filmes são engraçados/bem feitos... E artistas por artistas, todos os manos de banda de rock passam mal também. Parece ser pré-requisito para ser "artista", whatever that means... :lol: :lol:

Mas, em uma análise histórica da época e lugar onde os monopólios existiram em maior quantidade (os privados, bem entendido), vamos para o início do século XX nos EUA, e temos que os grandes monopolistas da época (Ford, American Steel, Standard Oil Co, até a Nabisco, de biscoitos) TRABALHAVAM COM PREÇOS TÃO BAIXOS E PAGAVAM SEUS EMPREGADOS TÃO BEM QUE PERMITIAM A FORMAÇÃO DO PUJANTE MERCADO CONSUMIDOR AMERICANO. O freio era, pura e simplesmente, moral. E Gramsci quer nos destituir esse freio.

OK, mas (pisando em terrenos que não entendo lhufas...) suponho que depender da moral é meio subjetivo, não?? E não entendi: monopólio=melhores salários e cndições de trabalho?
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Postby mends » 29 Mar 2006, 11:27

Curiosidade: esse encontro cabalístico aconteceu como??


Domingo foi o aniversário de um ano do meu filho, o Fernando, e fizemos um xurras no sítio no sábado. Os estudantes de História eram amigos do meu irmão do meio (ele estudou na FAU, mas o cara foi colega dele de Escola Técnica). Então, depois de um dia inteiro bebendo chopp, grappa, caipirinha e cerveja, depois do jantar jás às onze da noite, quem sobrou no spitio começou a discutir política...

Não entendo uma coisa: o pai do politicamente correto são os USA, onde chamar um negão de negão dá cadeia, mulher de pior faz vc perder seu cargo de reitor de Harvard, e filme sobre advogado gay dá Oscar, etc, etc. Isso não tem nada de esquerda, não??


Isso tem tudo de esquerda. Os EUA não são o paraíso na Terra, eles tb têm seus esquersitas – principalmente nas Universidades.

OK, mas (pisando em terrenos que não entendo lhufas...) suponho que depender da moral é meio subjetivo, não?? E não entendi: monopólio=melhores salários e cndições de trabalho?


Lebre-se que não estamos falando de física e, a rigor, nem de ciência. Falamos de Natureza Humana, e tirar a Moral da Natureza Humana é que é forçar a barra – e é o problema do cientificismo das “Ciências Humanas”. Kant já mostrou que a Moral é anterior à criação do pensamento, da racionalização, ainda que é comumente precedida por um fato. O Miguel Reale transformou essa idéia na sua Teoria Tridimensional do Direito: o Direito (a filosofia “aplicada”) teria como base de surgimento a tríade FATO-VALOR-NORMA: um fato desencadeia uma ação que é transformada em valor, que passa a ser uma estrutura dada (nas palavras dos tradutores de Kant, “apriorística”). À partir desse valor, pode-se ou não derivar uma norma formal. Se a Moral tem um papel tão decisivo na estruturação da ação humana e se, como já disse Nietzche na Genealogia da Moral, ela é um instrumento de “freio” – a Moral existiria para limitar os fortes – como vc vai tirar a Moral da análise?
Sobre o monopólio: o ponto é que, em Teoria, monopólio significa somente melhores lucros, mercado não eficiente e perpetuação de lucros ad infinitum (Schumpeter diria que até que alguém inventasse algo que fosse melhor). É o supra-sumo do capitalismo “egoísta”, e até GK Chesterton, um autor liberal, disse que “socialism and Big Business are very much alike”. O meu ponto é que a Moral faz com que a Teoria Microeconômica não explique a realidade: porque Ford, tendo o virtual monopólio dos automóveis, venderia carros tão baratos e pagaria 5 dólares a hora pra operário, o salário que criou a classe média americana? Porque O Rockefeller, controlando todo o petróleo dos EUA em seu truste, não impunha preços, vendia gasolina tão barato, respeitando a lei da oferta e da demanda, que permitiu, junto com as estradas de ferro, a criação do mercado de massa, consequentemente da produção de massa, menores custos e o mercado de consumo que eles têm hoje? E estrada de ferro então? Depois da corrida pra fazer estrada de ferro da metade final do século XIX, onde algumas estradas iam uma de encontro à outra (quem chegasse primeiro no meio do percurso ganhava), às vezes se contruíam uma do lado da outra, pois o modelo de competição que se tinha em mente era a competição na estrutura (lembrando que a maioria dos negócios era verticalmente integrada, devido aos riscos de fornecimento), e não em serviços (se vc lembrou dos primórdios da net e do carrilhão de empresas que queria fazer dinheiro enterrando cabo e oferecendo “banda”, vc já viu paralelos interessantes); estrada de ferro é monopólio natural, e, segundo alguns economistas não-liberais, por conta disso devem ser estatais, e também tinha preço baixo o suficiente pra permitir escoamento da produção e atendimento de um mercado verdadeiramente continental (por isso, quando vc ouvir que a China tem um bi de consumidores, a pergunta que deve fazer é: como vão as estradas? Consumo potencial não é consumo atendido) e, ao mesmo tempo, seus preços permitiam a correta remuneração do capital, o que prmitia, por sua vez, a expansão/manutenção das linhas – o que, em Teoria, só ocorreria com concorrência. A pergunta é: como nesse determinado momento histórico a racionalidade dos agentes não levou os mercados a se comportarem como deveriam? A resposta pra mim é: os agentes eram racionais, mas eram freados pela Moralidade.

Sobre Wood Allen: eu poderia ter colocado qualquer artista. Coloquei o baixinho porque sabia que chamaria a sua atenção e pelo menos alguém iria ler o que levei quase uma semana pra escrever...
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Postby junior » 29 Mar 2006, 11:43

Sobre Wood Allen: eu poderia ter colocado qualquer artista. Coloquei o baixinho porque sabia que chamaria a sua atenção e pelo menos alguém iria ler o que levei quase uma semana pra escrever...

E deve trazer visitantes malucos via Google também hahahahaha :lol:

Domingo foi o aniversário de um ano do meu filho, o Fernando

Não sabia, meus parabéns para ele. :D

como vc vai tirar a Moral da análise?

:huh: :huh: Por completa ignorância minha, não entendi muito :unsure:... Mas em todo caso, meu ponto era mais simples: se vc confiar simplesmente na moral como freio, como garanto que funciona (de preferência, sempre :) )? Ou tentativa e erro, assim como na ciência, também funciona em economia?
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Postby mends » 29 Mar 2006, 12:52

vc garante que a Moral funciona pela própria definição da moral. fosse algo respitável como já foi um dia, as pessaos deixariam de fazer coisas amorais (veja que o problema nem é ser imoral, pois o desvio é punido com pressão social ou até civil e criminalmente, mas a amoralidade, tornar a moral irrelevante, não ter moral) por medo da retaliação social, em casos mais brandos, ou de responsabilização legal. Agora garantir que algo relacionado à ação humana funcione SEMPRE é fora de questão: se nem sempre as pessoas são racionais, que é a premissa primordial, como garantir que pesarão todos os seus atos contra julgamentos morais? Mas para os desvios a sociedade tem várias instâncias de resolução de conflitos, inclusive o Estado, cuja atividade principal é a manutenção da justiça.

Tentativa e erro funciona em economia? Depende. Se estamos falando de alguém tentar algo em termos de definir políticas e etc, sim, mas leva tempo: como a propagação dos efeitos não é linear e nem seus padrões são conhecidos a priori - nenhuma pessoa se comporta da mesma maneira - é preciso tempo para que os efeitos de uma política sejam isolados, se analise o que deu errado etc etc. Por isso, dado um governo que faz política econômica, não dá pra ser keynesiano, acreditar que os mercados agregados se comportam de maneira tal e tal e por isso também os monetaristas, como os que agora estão no banco Central, mexe em política economica de maneira quase infinitesimal - por isso o juro cai nessa lerdeza, e pra subir é um tiro.

E, se estamos falando em nível micro, tentativa e erro é A forma como a economia se desenvolve! Se o preço tá alto vc não compra, nem o cara vende (erro), se tá baixo demais tem mais demanda que oferta (erro)....
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Postby mends » 29 Mar 2006, 19:04

Similia similibus curantur
Por Reinaldo Azevedo
Vai-se não a primeira, mas a penúltima pomba lesa do governo Lula. A referência, talvez alguns se lembrem, é aquele soneto horroroso de Raimundo Correia que compara os sonhos da juventude às pombas, concluindo que as aves, todas as manhãs, deixam o pombal, mas voltam à noite; já os sonhos que “abotoam” (!) em nosso coração, bem, estes, à diferença das palomas, vão e ficam perdidos por aí. Por que os nossos anseios deveriam ser como pombas é algo que me escapa, hehe. Pego carona: foi-se o penúltimo petista relevante — agora, como naquela música de Rita Lee, “só falta você, iê, iê, iê”. E os sonhos do PT (na verdade, pesadelos para o Brasil), bem, estes não voltam mais para o pombal.

Conto, evidentemente, com o fato de que as oposições, desta feita, não façam bobagem. Vocês se lembram, não? Delúbio Soares não sabia de nada. Sabia. Caiu. José Genoino não sabia de nada. Sabia. Caiu. José Dirceu não sabia de nada. Sabia. Caiu. Silvio Pereira não sabia de nada. Sabia. Caiu. Palocci não sabia de nada. Sabia. Caiu. Lula é o único que “não sabia de nada” que ainda continua de pé. Tem de cair. Caso se agüente até as eleições, que seja em outubro. Mas para que esperar tanto? À diferença do que diz o quase ex-ministro e quase futuro apenas político Nelson Jobim, acho que Lula tem todo o direito de ser julgado pelas instituições. E tem o direito de ser impichado. Sem preconceitos.

O mais saboroso é o que há de irônico nisso tudo. Palocci foi confrontado com vários doutores da política. Ainda ontem, nas retrospectivas, víamos oposicionistas cantar os feitos. Foi derrubado por um, como disse Lula, “simples caseiro”, alguém que tem a formação intelectual compatível com a sua, mas, tudo indica, uma moralidade pessoal bastante distinta. Imaginem um ministro de Estado que não resiste ao testemunho de um “simples caseiro”. Imaginem um ministro de Estado que tem de recorrer ao Supremo para impedir um cidadão de dizer o que viu. Imaginem um ministro de Estado que recebe do presidente de um banco extrato obtido ilegalmente. Imaginem um ministro de Estado que não pode ir e vir.

Palocci era a fachada ilegal de um grupamento que não vê mal nenhum em praticar ilegalidades. Diga-se o que se disser, nunca a República brasileira chegou tão baixo em períodos democráticos e, acreditem, raramente se enlameou tanto mesmo durante ditaduras. Afirmei aqui no sábado seguinte àquela fatídica sexta-feira e reitero: a tentativa de desconstruir Francenildo com a ajuda da imprensa — se voluntária ou não é o que se precisa ver — é o atentado institucional mais grave ocorrido no Brasil em períodos de normalidade. Ele demonstra até onde essa gente pode ir. Quem garante que o governo não está com a “ficha”, bancária ou outra qualquer, de todos aqueles que considera inimigos?

Ouvi Franklin Martins contar no Jornal da Globo desta segunda que, quando Lula soube que Jorge Mattoso, ex-presidente da CEF, houvera entregado pessoalmente a Palocci o documento ilegal, bem, aí o Apedeuta (é claro que Franklin, respeitador, não chama assim a Incelença), consternado, disse ter havido “quebra na relação de confiança” e demitiu Palocci. E reiterou: “Ele foi demitido, não pediu demissão”. Digamos que a surpresa presidencial seja verdadeira: o que será que esperava a agora pomba solitária do pombal? Desde a segunda, dia 20, ninguém mais tinha dúvida do que houvera acontecido. Primeira Leitura, diga-se, cravou naquela sexta, dia 17, quando o Blog da Época pôs no ar a matéria sobre Francenildo: “Estado policial”.

Os petistas fizeram mais uma bobagem monumental. E, desta feita, movidos por um misto de desespero, certeza da impunidade e, acreditem, delírio totalitário. Já me explico. Nos tempos em que armou o valerioduto, vislumbrava um reino de mil anos. Convenhamos: se Roberto Jefferson não contasse tudo à jornalista Renata Lo Prete, da Folha (uma dessas profissionais que honram a profissão), talvez o país estivesse ainda entregue à súcia. Fizeram besteira e ilegalidades. Mas ainda havia algum método.

Desta feita, é tudo de espantar. Nem mesmo se prepararam para a hipótese de Francenildo ter, como tem, uma explicação para o seu dinheiro. É claro que, fosse ele um delinqüente ou um pau-mandado da oposição, a ilegalidade não seria menor, mas os petistas teriam algo atrás do que se esconder. Que nada! Como Crasso lutando contra o império parta, botaram a infantaria em campo aberto para enfrentar a cavalaria. Uma cavalaria de fatos.

Terei enorme prazer intelectual em ver Lula perder as eleições — se ele perder, é claro. E meu prazer será ainda maior porque, se isso vier a acontecer, a mistificação operária (que recebe pensão vitalícia paga pelos Francenildos anônimos) terá sido derrotada por um imigrante nordestino e pobre. Será assim como o lema de Samuel Hahnemann para a homeopatia: “Similia similibus curantur” (“os semelhantes curam os semelhantes”), com a diferença de que o caseiro parece ser um “homem do povo” autêntico, não a invenção da uma ideologia esclerosada, amparada na máquina sindical que constitui a nova classe social. Lula nocauteado por um trabalhador é fim de novela mexicana, de dramalhão de quinta categoria, de novela ruim. O Brasil merece rigorosamente isso.

Se o petista que restou tivesse um mínimo de bom senso, dadas as circunstâncias, desistiria de tentar a reeleição. Eu lhe fiz essa recomendação em junho, quando estourou o caso do mensalão. Por que falo isso? Porque a pior coisa que pode lhe acontecer (e ao país, é claro) é ser reeleito. Vai governar com quais forças? Guido Mantega na Fazenda é a evidência de que não há mais quadros. Acabou. Se Lula conquista mais quatro anos nas urnas, vai tentar recuperar a sua credibilidade com a ajuda de quem? De Renan Calheiros e José Sarney?

Sei que, numa análise puramente racional e dado o quadro, a reeleição parece impossível. Lula teria dificuldades até para contratar um caseiro para a Granja do Torto. Sarney não aceitaria. Mas impossível não é. Vem populismo arreganhado por aí. Até porque o Planalto já tem em mãos pesquisas indicando o rombo que Francenildo provocou na reputação do governo. Ocorre que a eleição ainda está um tantinho longe. Assim, a única coisa que as oposições não podem dar ao Apedeuta é trégua. Não desta vez. Se ele for atropelado pela lei antes de ser pelas urnas, tanto melhor.

O Estado de Direito tanto elege como depõe. Com igual legitimidade.
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