VADE RETRO SOCIALISTAS

América Latina, Brasil, governo e desgoverno
CPIs mil, eleições, fatos engraçados e outros nem tanto...

Postby mends » 30 Sep 2006, 17:17

Azevedo

Véspera

No dia 18 de setembro, estive na Casa Mário Quintana, em Porto Alegre, para participar de um bate-papo com o cientista político Francisco Weffort e com o escritor Moacyr Scliar. A propósito: já havia um certo quê pró-Yeda Crusius no ar. Estávamos ali para falar sobre a política e o Brasil contemporâneo, uma das atividades do Projeto Brasil Copesul Cultural, organizado pelo professor Fernando Schüler. Faziam parte do conjunto de eventos, além de dois debates, uma exposição, mostra de cinema e show. Impressionante o grau de mobilização dos porto-alegrenses. Há ainda um livro de ensaios, chamado Brasil Contemporâneo – Crônicas de Um País Incógnito (editora Artes e Ofícios), que integra o projeto. Assino um dos textos. Lembrei-me disso porque Scliar, numa palestra doce e douta, falou que a perplexidade era a marca do nosso tempo.

Concordei com ele, mas observei — e é o gancho deste texto — que, não sabendo jamais ser neutro, repudiando sempre a torre de marfim dos isentos, até a minha perplexidade tem lado. Penso nisso ao constatar que estamos na véspera da eleição presidencial, e só cabe uma postura aos democratas e aos que defendem o Estado de Direito: o voto contra Lula. E isso é ter lado. Mesmo que o voto contra Lula não seja um voto a favor de Alckmin, Heloísa Helena ou Cristovam. E aí está a perplexidade. É um tanto assustador nos darmos conta de que, no prazo de 15 meses, dois grandes escândalos puseram a nu o governo, revelaram a sua essência autoritária, expuseram a carranca de um projeto de poder que é a negação da democracia representativa, da tolerância, da alternância de poder, da convivência com o outro.

O cinismo, a desfaçatez, a trapaça política assumem dimensões inéditas. O Brasil já teve o “rouba, mas faz” — mas ainda não havia conjugado esses dois verbos na primeira pessoa: “Roubo, mas faço”. O Brasil já teve gente sem nenhuma vergonha no poder. Os sem-vergonhas, no entanto, tinham vergonha de não ter vergonha. Hoje, a sem-vergonhice se jacta de sua esperteza, é vista como ato de resistência. Antes, acuados por denúncias, muitos inocentes, talvez por isso mesmo, se deixavam intimidar. Hoje, os culpados, flagrados, saem acusando, com o dedo em riste. Olhem o caso da divulgação das fotos da dinheirama. Submetida a investigação ao descarado e confesso interesse eleitoral, o ministro Tarso Genro não se vexa de vir a público para denunciar uma conspiração dos adversários.

Sim, estamos todos perplexos. Uma perplexidade que já é longa. Que já voltou a sua face indignada contra a própria oposição para indagar: “A aí? Por que vocês são tão lentos? Por que não se mexem? Por que não fazem política com mais clareza, unidade, determinação? Por que permitiram que chegássemos aqui e não denunciaram antes que o rei estava nu?” Sim, todas essas são perguntas pertinentes, são indignações justas. Mas nada supera o fato de sabermos que as instituições estão se vergando sob o peso da baixa esperteza, da malandragem, do sofisma, do mau-caratismo. Nada supera o asco de sabermos que a miséria, mantida cativa do assistencialismo e do eleitoralismo, é o combustível da máquina que tentou e tenta assaltar o Estado de Direito.

Os golpistas denunciam o golpe.
Os conspiradores denunciam a conspiração.
Os ladrões das esperanças alheias (também delas) denunciam o roubo da esperança.
Os trapaceiros denunciam a trapaça.
Os imorais denunciam a imoralidade.
Os vigaristas denunciam a vigarice.

Estamos perplexos, todos nós. Mas, nessa disputa, é preciso ter lado.Tentaram governar sem oposição. Tentaram fraudar a vontade das urnas. Tentaram transformar inocentes em culpados. Tentam agora transformar os culpados em vítimas de injustiças que seriam históricas, só reparadas com a intervenção de um demiurgo, no comando de um partido redentor. Digam a si mesmos e a todo mundo: quem deu anuência à operação do dossiê fajuto é capaz de qualquer coisa. As instituições são hoje reféns do autoritarismo, da irresponsabilidade, da vilania. Por perplexos que somos, certamente pensamos coisas distintas. E nem sempre são minudências, detalhes desprezíveis. Mas isso fica, com efeito, para depois.
Agora, interessa constatar: a sr. Luiz Inácio não deveria ter sido candidato. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, que tome posse se a lei permitir. Empossado, devemos recorrer às instâncias legais para impedi-lo de governar. Não, a gente não é Carlos Lacerda. Nem Lula é Getúlio Vargas. Essa farsa histórica também não vai vingar.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 04 Oct 2006, 08:27

declaração do Alckmin na Folha:

O Lula está mais à minha direita porque não tem o apreço pela democracia


Errado. Começou falando merda - e mostrando o seu viés populista :mad: a bosta é que não tenho escolha a não ser votar nesse outro imbecil :merda: .

Quem não tem apreço pela democracia é a esquerda. Coletivismo é de esquerda, e coletivismo é o ANTÔNIMO de democracia.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 06 Oct 2006, 16:26

azevedo, com dicordância minha (!)

O PT tem de acabar

A hipocrisia continua com a novela Ricardo Berzoini. O homem vai ou não se afastar? Está se tentando encontrar um peixe graúdo para dar uma satisfação à sociedade e ao processo político. Mas parece que Berzoniev está resistindo em ser um bom soviético, o que me decepciona um pouco. Qual é, camarada? Você está ai para proteger o Guia Genial dos Povos. Não tem essa de querer. A sua vontade é a vontade do partido. A graça é que Hamilton Lacerda e Jorge Lorenzetti pediram desligamento. É uma injustiça obviamente. Eles e o PT se merecem . Por que os dois não podem pertencer ao mesmo clube de Ideli Salvati? Por que não podem habitar a mesma casa de Lula? Agora já sabemos que essa história do dossiê era um golpe de grande alcance. Visava a destruir a oposição, garantindo ao Apedeuta o poder absoluto. Imaginem só: reeleito no primeiro turno, com um Congresso desmoralizado e uma oposição na defensiva. É o sonho de qualquer ditador bananeiro. Vai demorar, eu sei. Mas o fato é que a democracia brasileira tem de expelir o PT de suas fileiras. Como? Na urna e, se for o caso, na Justiça. As franquias da democracia não podem ser oferecidas a quem quer destruí-la.

Desconcordo. Essa é a principal razão pela qual o capitalismo e a democracia são superiores ao socialismo/totalitarismo: no capitalismo, se você arranjar alguém que financie sua idéia, por mais maluca que seja, ela vai a "mercado", ela ganha difusão. se as pessoas "compram", ela se torna pervasiva. Não há censura, a não ser a do "mercado", no sentido de que se o mercado não concorda, se vota - e o mercado vota a todo instante - contra algo, ele não vinga.

Agora, no socialismo: suponha que você escreveu um panfleto capitalista. precisa de internet? hmmm, é do governo. Papel? hmmmmmmmm, governo? Emprego?? ah, governo!!! Isso se voc~e não for preso. :lol:

Aliás, finalmente entendi porque a zelite vota na Heloísa Helena. Nossa zelite é formada por muitos altos funcionários públicos, professores universitários (de universidade pública, que pertence ao....governo!), recebem auxílio do governo, fazem filme com dinheiro do governo, ou com renúncia fiscal do governo, fazem shows pras secretarias da cultura dos governos....viu só quanta gente nóis sustenta?

a zelite não tá preocupada com menos estado, porque ela já vive pelo estado! por isso, pra ela, mais estado é a solução. nós, os "elite wanna be" é que queremos capitalismo, meritocracia e oportunidade.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby Danilo » 06 Oct 2006, 17:20

Não sei porque perco tempo em comunidades que vão tentar massacrar meus argumentos... Agora fui parar na Nós votamos LULA Presidente 13, mais de dez vezes maior que a outra que eu estava, pra falar no tópico "lembram do apagão?".

Eu escrevi:
Ficamos auto-suficientes em petróleo, mas podemos ficar sem engergia em 2008! Seja quem for eleito, espero que não tenhamos que ver outro apagão. Só mesmo mantendo o atual crescimento econômico ridículo, não teremos problemas.
Nossa pesada carga tributária bloqueia incentivos à construção de hidroelétricas. Pra piorar grupos ambientalistas procuram, na justiça, embargar a obra acusando falta de Estudo de Impacto do Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA).


Um cara respondeu:
"Pra piorar grupos ambientalistas procuram, na justiça, embargar a obra acusando falta de Estudo de Impacto do Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA)."
Com esse comentário, percebemos o nível de idiotice e descomprometimento dos defensores de chu chu com o bem estar social.
Estes estudos devem ser feitos SIM! De preferência, estudar desenvolvimento de tecnologias para energia limpa, sem impacto ambiental.


Tréplica danilista:
Sandro, não defendo o Alckmin não, apesar de achá-lo menos pior que o Lula.
Tais estudos necessários de impacto ambiental são feitos e, por vezes, comprova-se que a obra pode continuar. Não satisfeitos com resultados positivos grupos ambientalistas invadem o local da usina ou a sede da empresa responsável pela obra.
"Ou o governo dá um soco na mesa e libera os projetos do setor de energia ou esse povo do meio ambiente vai parar o Brasil”, disse recentemente o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos.


Nessa hora queria ter sido um pouco melhor aluno na Poli pra apresentar argumentos técnicos melhorzinhos...
:|
User avatar
Danilo
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 3230
Joined: 10 Sep 2003, 22:20
Location: São Paulo

Postby mends » 06 Oct 2006, 18:57

auto-suficiente em petróleo? só porque a gente não cresce.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 08 Oct 2006, 23:27

Azevedo

Clivagem: Lula divide o país entre pobres e pobres

Há uma reportagem interessante na Folha deste domingo. Mais pelo que acaba escondendo do que pelo que acaba revelando. Ficamos sabendo, em texto de Flavia Marreiro e Rafael Cariello que “são os eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos que garantem a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante de Geraldo Alckmin (PSDB)”. E continua o jornal: “Se Lula, no total de entrevistados, tem 50% das intenções de voto contra 43% das preferências para Alckmin, ele no entanto só mantém a dianteira em apenas uma das quatro faixas de renda pesquisadas. Entre os que têm renda mais baixa, o petista registra 59% das intenções de voto, contra 34% para Alckmin. Já entre os eleitores que compõem a faixa dos 2 aos 5 salários mínimos, o tucano aparece com 49%, e Lula, 45%. Entre 5 e 10 salários mínimos, o candidato do PSDB tem 51%, e o do PT, 41%. Na faixa dos que têm renda de mais de 10 salários, Alckmin aparece com 69%, contra 24% de Lula.” A tentação de dizer que Lula é o candidato dos pobres, e Alckmin, dos ricos, é enorme.

Trata-se de uma empulhação formidável — não da reportagem, mas de interpretações que andam por aí. Imaginem vocês: um salário mínimo vale R$ 350. Na faixa dos que ganham 2,5 mínimos — a fabulosa soma de R$ 875, antes dos descontos —, a liderança já é do candidato tucano. Não, calma! Falemos dos “ricos” que ganham cinco mínimos (R$1.750, o suficiente para morar em dois cômodos na periferia): Alckmin lidera com 10 pontos percentuais de vantagem.

Desconsidera-se que no total dos que ganham “ATÉ” dois mínimos, estão os beneficiários do Bolsa Família, que chega 11 milhões de famílias — estima-se que perto de 40 milhões de pessoas. Quantas são eleitoras? Esse voto vale menos? Não. Mas é preciso qualificar o debate. Onde parece haver o candidato dos “ricos” contra o candidato dos “pobres”, há o candidato dos pobres, sim, mas também da indústria da miséria, contra o candidato dos “ricos”, sim, mas também dos pobres. O texto da Folha, que procura ser seco e informativo, não evita a tentação e crava: “De certo modo, Lula tinha razão ao dizer que pode ‘andar pelas pernas’ do povo.” É..., só “de certo modo”, mas muuuuuuito de “certo modo”. A menos que passemos a chamar "ricos" a massa de assalariados que recebe, por exemplo, R$ 1 mil por mês (antes dos descontos...).

Os números servem antes para evidenciar a falsa clivagem que Lula criou no Brasil, típica de modelos de governo populistas, com forte sotaque autoritário — esta segunda parte se percebe menos, embora eles tentem; é que são atrapalhados. A matéria serve a reflexões mais amplas. Já demonstrei aqui, em outras ocasiões, como o “modelo Lula” contribuiu para elevar o poder de compra dos salários mais baixos, mas como condenou, igualmente, o país à mediocridade. Com o crescimento pífio, diminuem as chances de os pobres “andarem pelas próprias pernas”, já que são obrigados a sustentar o "peso Lula". Tornam-se cativos da assistência.

Esse é o modelo que a esquerda aplaude. Eu nunca duvidei que um esquerdista autêntico quer mesmo é escravizar os miseráveis. O jornal lembra que Lula nega querer dividir o país entre pobres e ricos. Eu acho que Lula fala a verdade. Até agora, o que ele conseguiu foi dividir o país entre pobres e pobres. Os muito ricos, especialmente os com-banco, estão com o PT. São tão poucos que não aparecem nas estatísticas. Nada ilude tanto a verdade quanto uma mentira posta em números.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 09 Oct 2006, 08:42

riam. ou chorem...

Em defesa da nossa soberania
OSCAR NIEMEYER


--------------------------------------------------------------------------------
Tinha de me manifestar, e apresentei um motivo, a meu ver, suficiente, para justificar a permanência de Lula no poder
--------------------------------------------------------------------------------



NA ÚLTIMA terça-feira, como fazemos há mais de quatro anos, assistimos às aulas do nosso amigo, o físico Luiz Alberto Oliveira, nas quais são debatidos os problemas da vida, da filosofia, deste estranho mundo em que vivemos.
Nessa noite, prevaleceu em nossa conversa a notícia, divulgada pela imprensa, de que o Prêmio Nobel de Física tinha sido concedido a John Mather e George Smoot. E, durante meia hora, Luiz Alberto discorreu sobre a matéria, entusiasmado com a descoberta daqueles cientistas que apuravam a teoria do Big Bang, há tantos anos adotada.
Interessados, acompanhamos as explicações do nosso amigo sobre o assunto. E foi já tarde, pelas 23h, que o problema do segundo turno das eleições presidenciais nos ocupou, cada um expondo o que pensava sobre o que poderá ocorrer, todos a apoiar Lula.
E no calor da discussão comentou-se a campanha odiosa levantada contra ele durante todo o período que precedeu as eleições.
Tinha de me manifestar também, e apresentei um motivo -a meu ver, suficiente- para justificar a defesa que fazemos da permanência de Lula no poder.
Insisti em que ele seria indispensável para o movimento de protesto contra o imperialismo norte-americano que se espalha pela América Latina. Movimento para o qual o Brasil se faz fundamental, por ser o país mais importante deste continente em que estamos.
Outro presidente menos interessado no problema, mais preocupado em atender às pressões dos Estados Unidos -esquecendo-se da nossa Amazônia, tão ameaçada-, romperia esse movimento em defesa da América Latina que o Brasil, a Venezuela, a Argentina e a Bolívia vêm sustentando corajosamente.
Precisamos não nos iludir com o argumento de que a política violenta do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, começa a declinar. Quem sabe se, diante do que ocorre, ela não vai se tornar mais cruel ainda -e o inesperado surge de repente?
Vivemos em um momento no qual a defesa da pátria e da sua soberania entre nós não pode ser esquecida. E, para isso, a integração de todos os países que compõem a América Latina se faz essencial.
Nas discussões políticas, a crítica quase sempre é levada a voltar atrás para descobrir erros cometidos no passado.
Nós, que estamos a favor de Lula, gostaríamos que isso ocorresse para comprovar que ele sempre permaneceu solidário com aqueles que lutam pela defesa da América Latina -de mãos dadas com Hugo Chávez, Néstor Kirchner e Evo Morales.



--------------------------------------------------------------------------------
OSCAR NIEMEYER , 98, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Suas obras estão edificadas em diversos países, entre os quais Alemanha, Argélia, EUA, França, Israel, Itália, Líbano e Portugal.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 09 Oct 2006, 18:19

REACIONARISMO

Ludwig Von Mises

Hitler, Stalin e Mussolini comumente proclamavam que eles haviam sido “escolhidos” para trazer a Salvação ao mundo. Eles se proclamavam os líderes da juventude criativa, preocupada com o próximo, que devia lutar contra o “velho”: a velha sociedade, os velhos valores, o passado. Eles trazaim do Oriente a cura para os males do Ocidente, e queriam dar o golpe final no liberalismo e no capitalismo: queriam suplantar o “egoísmo capitalista” pelo altruísmo, a sociedade de classes pelo Estado, a democracia pelo “controle social”, a economia de mercado pelo socialismo, marxista ou não. A guerra que eles engendraram era menos uma guerra de conquista territorial que uma guerra por “um mundo melhor”. E eles estavam certos da vitória, pois haviam nascido sob o signo da “nova onda”, do “futuro”. Toda ideologia totalitária versa sobre o futuro, um mundo melhor onde vicejará o “Novo Homem”. Ideologias totalitárias não têm passado a oferecer. Para alcançar o “Novo Mundo”, o “Novo Homem” deveria trocar suas “idéias velhas” pelas Boas Novas. Quem resistir a isso tem um só nome: REACIONÁRIO.

Essa mentalidade fez com que Hitler alcançasse vitórias impensáveis: os dinamarqueses e os checos capitularam sem lutar! Noruegueses convidaram o exército alemão a entrar no País, holandeses e belgas ofereceram resistência mínima. Os franceses tiveram a audácia de celebrar a destruição de sua independência como o “renascimento da Nação”. Nunca na História desses países...

Hitler não tinha nenhuma arma secreta à sua disposição. Ele não deveu suas vitórias a um soberbo trabalho de inteligência, a estrategistas geniais, aos “quinta-colunas”. ELE VENCIA PORQUE SEUS OPONENTES NUTRIAM SIMPATIA POR SUAS IDÉIAS.

Cabe lembrar também que os trabalhadores alemães foram a principal fonte do poder de Hitler. O Nacional-SOCIALISMO (Nazi) os ganhou por ter virtualmente eliminado o desemprego e reduzido o papel dos hábeis empreendedores e capitalistas a meros gerentes (Betriebsfuher). Os capitalistas apoiavam Hitler? Só se considerarmos que a escolha que tinham o comunismo, provavelmente teriam-os condenado à morte. Entre a morte e a existência na servidão, preferiram a segunda opção. Os capitalistas não gostam de ser exterminados, como qualquer outra pessoa.

A terminologia política, a glossolalia de nossos tempos, é idiotice pura: o que é esquerda, e o que é direita? Por que Hitler é considerado de direita e Stalin de esquerda se ambos foram déspotas sádicos, chefes de regimes coletivistas totalitários, com o controle dos meios de produção nas mãos do Estado? O que faz Hitler diferente de Stalin, se ambos eram SOCIALISTAS?

Quem é reacionário e quem é progressista? Reação contra a escravidão não pode ser condenada, assim como progresso pelo caos não pode ser estimulado. A ninguém é dada a faculdade de atingir o Bem por meio do Mal. Nada deveria se aceito só porque é novo, radical e está “na moda”. Ortodoxia não é um mal em si.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 16 Oct 2006, 14:42

Coréia do Norte...

Fome dos anos 90 criou mercado negro e enfraqueceu poder de Kim
Korea Central/News Agency - abr.2006
O ditador Kim Jong-il posa ao lado de soldados: poder do regime passou a se apoiar no Exército


MARCELO NINIO
DA REDAÇÃO

O país que assustou o planeta nesta semana ao ampliar o clube das potências nucleares tem o regime mais fechado, a sociedade mais militarizada e o governante mais excêntrico do mundo. Assim como a verdadeira potência da bomba atômica que explodiu a 100 km da fronteira com a China, o regime stalinista da Coréia do Norte permanece um mistério até para os especialistas, que passaram a semana tentando apontar os motivos que levaram o ditador Kim Jong-il a ordenar o experimento neste momento.
A sensação de insegurança do regime, que aumentou depois que o país foi incluído no "eixo do mal" de George W. Bush, em 2002, é o principal incentivo para a obsessão atômica de Kim. Mas fatores domésticos também ganharam peso nos últimos anos. Hoje, o poder do regime se apóia no Exército, que mantém praticamente uma economia paralela para suprir suas necessidades.
A grave crise que atingiu o país nos anos 90 mudou sensivelmente a estrutura da economia norte-coreana, que deixou de operar sob controle total do governo. Estima-se que 3 milhões de pessoas tenham morrido de fome, cerca de 10% da população na época. O impacto foi tão grande que fez surgir um mercado negro, que o governo tolerou para tentar diminuir a extensão da crise humanitária.
"O velho sistema comunista começou a desmoronar e simplesmente perdeu a capacidade de prover o povo de comida. Como conseqüência desse colapso, vários setores da sociedade se lançaram em empreendimentos para obter alimentos. Afinal, quem seguia as regras morria de fome", explica Marcus Noland, do Institute for International Economics, com base em Washington.

Desigualdade
O aparecimento de bolsões de conforto em meio à miséria dividiu uma sociedade que, antes da crise, era economicamente homogênea. Os mais prejudicados são os que não têm acesso a moeda estrangeira e que dependem do governo para comer. "A falta de alimentos afeta principalmente a população urbana de áreas de baixa industrialização, que depende dos cupons do governo", indicou o Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) em seu último relatório.
Como esperado, a mudança da dinâmica econômica operou uma transformação política no país, ao quebrar o monopólio do governo sobre o mercado. Para tentar recuperar o poder, o regime tomou algumas medidas nos últimos anos. Uma delas atingiu o PMA, um dos poucos órgãos estrangeiros autorizados a funcionar no país, que teve de reduzir sua presença significativamente.
Mas a decisão mais importante foi a criminalização dos mercados autônomos de alimentos. O mercado negro de grãos não sumiu, mas agora funciona na completa ilegalidade, sujeito à repressão de um Estado que costuma ser tirânico com quem ousa desafiá-lo.
O país conseguiu sair do fundo do poço, mas continua crescendo em ritmo lento (1% ao ano), e a maior parte de seu parque industrial é obsoleto. Segundo um novo relatório do International Crisis Group, organização que analisa conflitos, os estoques de grãos estão atualmente estáveis, porque a última safra foi razoável, apesar das enchentes que destruíram plantações e mataram centenas de pessoas no ano passado.
Isolada e falida, a economia norte-coreana tem três fontes de renda principais, aponta Noland, que está prestes a lançar um livro sobre o país. A primeira é o comércio legal -os principais produtos de exportação são minerais, produtos naturais como ginseng e manufaturados de pouca tecnologia. A segunda é a ajuda internacional, principalmente da China, da Coréia do Sul e do PMA.
A terceira principal fonte são as atividades ilegais, como o tráfico de drogas e de espécies ameaçadas de extinção e a falsificação de dinheiro, todas com envolvimento do governo. A redução da ajuda externa e do fluxo de moeda estrangeira para o país aumentou o peso das atividades ilícitas na economia.

Além da excentricidade
O ditador Kim Jong-il, com seu penteado bufante, enormes óculos e sapatos plataforma, para disfarçar a baixa estatura, costuma ser apresentado pela imprensa ocidental como um psicopata excêntrico e infantilizado, mas é bem mais que isso, observa Robert Kaplan, da revista Atlantic Monthly. "Ele já foi um playboy. Hoje é um operador habilidoso", diz.
O jornalista britânico Michael Breen, autor de uma biografia do ditador, concorda, classificando de "superficiais" as análises americanas que descrevem Kim como um "narcisista maligno". "A vida é mais complexa que isso. Embora ache que ele deveria ser levado a julgamento pelo sistema maligno que governa, não o vejo como um homem mau ou pessoalmente violento", diz Breen, que associa o temperamento de Kim ao "Juche", modelo marxista-leninista que implantou, marcado pela animosidade a qualquer coisa estrangeira.
A inclinação militarista e a sensação de insegurança do país podem ser medidas em números. Com uma população de 23 milhões, o regime mantém um Exército de 1,2 milhão de homens, o que faz da norte-coreana a sociedade mais militarizada do mundo. Até 1980, 40% desse efetivo estava posicionado perto da fronteira com a Coréia do Sul. Em 2003 a porcentagem pulara para 70%.
Os desejos da sociedade acompanharam a tendência militarista. "Uma história que ouvi em Pyongyang ilustra bem essa mudança", diz o economista Noland, que foi duas vezes ao país. "Há duas décadas, todos queriam um genro do governo ou do partido. Hoje o genro dos sonhos é um oficial do Exército ou empreendedor."
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 19 Oct 2006, 16:50

TENDÊNCIAS/DEBATES

Somos irmãos
EVO MORALES

Com toda a sinceridade, quando penso no Brasil, penso num irmão maior, num povo alegre que, como o boliviano, quer viver bem

OUVI DIZER que os meios de comunicação brasileiros disseram que a Bolívia teria "humilhado" o Brasil. Pode o povo irmão boliviano humilhar o povo irmão brasileiro? É aceitável que, em pleno século 21, estejamos pensando em termos de "humilhação", de "submetimento" ou de "subordinação" quando os destinos de todos os povos sul-americanos estão indissoluvelmente ligados para derrotar a fome, o esquecimento e o colonialismo externo?
Devo lhes dizer com toda a sinceridade que, quando penso no Brasil, penso em um irmão maior, em um povo alegre e dinâmico que, como o boliviano, quer "viver bem", quer acabar com a pobreza e quer ser dono de seu futuro.
Quando, no dia 1º de maio, decretamos a nacionalização de nossos hidrocarbonetos, o fizemos para recuperar um recurso natural que foi inconstitucionalmente privatizado pelos governos neoliberais. Para a Bolívia, não existe futuro sem a recuperação do controle sobre todos os nossos recursos naturais e as empresas estatais privatizadas. Não queremos fazê-lo de maneira negativa, atropelando ou ofendendo. Por isso, propusemos a renegociação de novos contratos com todas as empresas estrangeiras, para que os ganhos sejam distribuídos de maneira mais justa e eqüitativa.
Não queremos abusar de ninguém, não queremos nos aproveitar de ninguém... só o que nós queremos é um trato justo, para que não sobrem migalhas em nosso país e para que possamos começar a construir um amanhã diferente.
Se cheguei à Presidência de meu país, foi graças à luta de muitos anos de meu povo pela nacionalização de nossos recursos naturais. Por isso, a primeira coisa que fiz no governo foi satisfazer esse anseio, atender a esse clamor. Sei que alguns poderosos se sentiram surpreendidos, contrariados e incomodados. Sinto muito, mas já era de começar a chover para todos.
A nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia não tem porque provocar incertezas no Brasil. Mesmo nos momentos mais difíceis de nossa história, nós mantivemos nossas exportações de gás ao Brasil, e vamos continuar fazendo o mesmo. As modificações que estamos negociando não têm porque afetar o consumidor brasileiro, já que são extremamente pequenas, levando em conta que a receita da Petrobras em 2005 foi 24 vezes maior que todas as exportações mundiais da Bolívia no mesmo ano.
Em meus oito meses de governo, aprendi que os grandes ricos e os novos conquistadores não dão a cara a tapas para enfrentar o povo. Não! O que fazem é provocar disputas entre pobres, para nos enfraquecer, para nos desunir, para nos distanciar uns dos outros. Por isso, me entristece muito quando procuram distanciar e provocar um confronto entre os povos irmãos da Bolívia e do Brasil.
Eles, os que sempre estiveram em cima, sabem que em nossa união está a força, que, juntos, somos invencíveis. Por isso a insídia, por isso a mentira, por isso a calúnia. Por isso essa retórica que procura nos converter em seres egoístas que pensamos apenas em nós mesmos, em nosso bem-estar individual, nos esquecendo de que compartilhamos um mesmo continente, um mesmo planeta.
A sorte do Brasil é a sorte da Bolívia, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai e de todos os países da região. Em nossos tempos, já não podemos pensar unicamente em termos de país. Juntos, precisamos nos apoiar, precisamos colaborar, precisamos nos compreender uns aos outros.
Entre povos irmãos, precisamos compartilhar, e não competir, precisamos nos complementar e fortalecer nossa unidade sul-americana. Essa é nossa agenda para a próxima reunião da Comunidade Sul-Americana de Nações que terá lugar em Cochabamba, Bolívia.



--------------------------------------------------------------------------------
EVO MORALES AYMA é o presidente da Bolívia.
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 21 Oct 2006, 21:02

Azevedo sobre Cony

Cony precisa voltar a ser cronista de pet shop

Muitos leitores se perguntam por que Lula está sendo reeleito, mesmo com toda a óbvia roubalheira havida nestes quatro anos. É claro que há razões de ordem econômica — ou paraeconômica. Lula transformou o assistencialismo em máquina eleitoreira. Mas não é só isso. Conta também com prosélitos na classe média, os chamados intelectuais. Dois artigos na Folha de hoje dão conta da delinqüência intelectual que toma conta do debate. Um deles é de Carlos Heitor Cony, de que falo primeiro.

Escreve o homem na página 2: “A questão das privatizações voltou ao debate político, trazida pelo PT, que encontrou em seu adversário eleitoral, o candidato Geraldo Alckmin, um único pecado realmente grave: é do PSDB, partido que no governo desastrado de FHC privatizou empresas e só não vendeu o Pão de Açúcar porque não encontrou comprador. Em principio, não sou contra as privatizações, algumas delas eram necessárias e trouxeram benefícios à economia nacional. Contudo, o processo que presidiu as privatizações foi um escândalo dos maiores de nossa história. Os intermediários, corretores, conselheiros e economistas ganharam fortunas vendendo na bacia da almas alguns nacos do patrimônio nacional.”

Cony tinha uma cadela sobre a qual costumava escrever textos líricos. Infelizmente, a bichinha morreu. Fazendo crônicas para agradar velhinhas de pet shop, ele era bem mais divertido. Chato é que lhe dêem um espaço nobre no jornal — a nobreza possível hoje em dia — para exercer a sua ignorância ligeira. O gracejo sobre o Pão de Açúcar é uma pilantragem intelectual. Isso é que ganhar dinheiro fácil (arte em que Cony é mestre) com imagem vagabunda!

Ah, mas ele não quer parecer um velhinho atrasado! Isso nunca! Não é contra as privatizações — “em princípio”, é claro. Segundo diz, “algumas” (não fala quais) eram necessárias, mas depois fala de escândalos e da venda do patrimônio público “na bacia das almas”. É mentira que as estatais brasileiras tenham sido vendidas a preço baixo. As empresas do sistema Telebrás valiam em bolsa, algum tempo depois, muito menos do que o valor pelo qual foram privatizadas. Ignora-se que, à esteira da privatização, houve investimentos de mais de R$ 100 bilhões, o que não teria acontecido se fossem estatais.

Mas é daí? A especialidade de Cony é fazer prosopopéia sobre cadelinhas. Só escreve sobre privatizações quando está sem assunto e ninguém fez xixi no tapete. Depois Cony se mete a falar de forma desastrada sobre o tamanho da dívida pública, confundindo tudo, com se a venda das estatais é que tivesse sido responsável pelo seu aumento. O raciocínio idiota, dele e de outros que pensam como ele, consiste em supor que o único objetivo da privatização era pagar a dívida. Esse era um efeito secundário. Precisávamos das privatizações para ter investimento. Acho que Cony não adotou nenhuma cadela nova. Cabeça desocupada é a morada do capeta.

Outra coisa: indecente é receber a indenização mensal que ele recebe — próxima de R$ 20 mil, se é que já não foi corrigida — por ter sido uma suposta vítima da ditadura. E não foi só, não, leitor amigo: ele levou ainda R$ 1,5 milhão numa bolada só. Por quê? Ah, porque sua carreira de jornalista teria sido interrompida pelo golpe militar. O jornal em que ele trabalhava não existe mais. Ele foi premiado como se, sem o movimento militar, pudesse ter atingido o topo da carreira: diretor de redação, suponho — duvido que os herdeiros do dono do jornal estejam tão ricos quanto ele. Ah, coitadinho! Cony foi demitido e ficou na rua da amargura, é isso? Que nada! Virou homem forte de Adolfo Bloch, no grupo Manchete, então muito forte, e jamais teve problema para comprar papa fina para suas cadelas. Escrevia crônicas lindas sobre o mármore rosa de sua sala...

referindo-se a casos como o seu, o ministro Gilmar Mendes, do STF, observou que se trata de uma "verdadeira distorção ou patologia, que muito se aproxima de um estelionato". É o que eu também acho. Cony deveria doar a dinheirama do “patrimônio público” aos desdentados e voltar a enganar velhinhas de pet shop com texto sobre cadelinhas amorosas.

Ah, sim: os que não gostarem deste texto tenham a bondade de enviar e-mails de solidariedade pra ele em vez de e-mails de protesto pra mim.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 06 Nov 2006, 08:57

isto é socialismo:

A turma do contra | 02.11.2006
Um grupo de sete pessoas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança barra o avanço da biotecnologia no país


Digital J.F. Diorio / AE Colheita de algodão: sementes ilegaisPor Gustavo Paul
EXAME Nos últimos dez anos, a biotecnologia tornou-se uma das principais vanguardas da produção científica mundial e a mais poderosa alavanca para a produtividade agrícola dos grandes países produtores. A cada ano, as multinacionais do setor -- como Syngenta, Basf, Bayer CropScience, Monsanto, Dow Agroscience e Pioneer -- investem 4,4 bilhões de dólares para desenvolver novas sementes, capazes de produzir mais com menos insumos. Sementes geneticamente modificadas, ou transgênicas, diminuem em até 15% os custos de produção e economizam cerca de 6% em agrotóxicos. É por isso que competidores como Estados Unidos, Índia, Austrália, União Européia e Argentina já plantam, consomem e exportam produtos transgênicos. Por incrível que pareça, o Brasil, um dos pesos pesados da agricultura mundial, ainda terá de vencer a resistência de sete pessoas antes de poder adicionar tais ganhos à produção do campo. Esse grupo integra a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão do governo criado em 1995 para analisar a segurança de produtos oriundos da biotecnologia e aprovar seu uso. Formado por professores e cientistas, o grupo, apelidado de G7, destila má vontade em relação aos transgênicos e tem conseguido barrar qualquer liberação das sementes no país. "É inacreditável, mas um setor que emprega 17 milhões de pessoas e exportou 44 bilhões de dólares no ano passado está à mercê de um grupo com aversão à tecnologia", diz João Almeida Sampaio, presidente da Sociedade Rural Brasileira.

O grupo se formou com a aprovação da nova lei de biossegurança, de março de 2005. A lei ampliou de 18 para 27 o número de membros da CTNBio para poder incluir especialistas da sociedade civil e de novos ministérios criados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva -- ao mesmo tempo que excluiu da comissão o representante do setor industrial. Com as mu danças, os especialistas em biossegurança apontados pela comunidade científica deixaram de ter a maioria na CTNBio. Ainda assim, o G7, com menos de um terço da comissão, não deveria causar maiores transtornos. Na prática, no entanto, os sete têm tido poder de veto nas decisões do órgão. O grupo ficou fortalecido desde que um decreto assinado no final de 2005 por Lula -- redigido sob inspiração do Ministério do Meio Ambiente -- determinou que são necessários dois terços dos 27 membros da CTNBio para autorizar a comercialização de sementes transgênicas no país. Como a média de presença nas reuniões tem sido de 21 participantes, os votos do G7 são uma espécie de fiel da balança em questões polêmicas -- e uma barreira compacta contra os transgênicos. O grupo é constituído em sua maioria por representantes dos ministérios do Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Aqüicultura e Pesca -- comandados pelas tendências mais à esquerda do PT. Os membros mais destacados do G7 são Rubens Nodari, Fábio Kessler dal Soglio e Magda Zanoni.

Graças à atuação do grupo, o fato é que nenhum dos dez pedidos de liberação comercial de sementes transgênicas que acumulam poeira nos escaninhos da CTNBio -- o mais antigo é de 1998 -- foi analisado nas nove reuniões realizadas neste ano. Por enquanto, apenas dois tipos de semente -- de soja e algodão -- já passaram pelo crivo da CTNBio, em ambos os casos antes de existir o G7. Impacientes com as restrições, agricultores têm usado variedades contrabandeadas da Argentina, o que pode levar o Ministério da Agricultura a ter de destruir até 2% da produção brasileira de algodão. Não contentes em barrar a aprovação de outros tipos de semente, os sete membros agora batalham para reverter uma das aprovações já feitas. Na reunião mais recente da comissão, realizada em meados de outubro, apesar de as liberações comerciais terem voltado à pauta -- após quatro meses de ausência --, avançou-se muito pouco. Apenas um processo, referente a semente de milho resistente a herbicidas, entrou em discussão. Mesmo com 11 pareceres científicos favoráveis à sua liberação, o G7 pediu mais dois estudos de ecologistas. Com isso, a decisão final deve se arrastar sabe-se lá até quando.

Também a pesquisa nacional tem sido afetada. Dos 96 pedidos de pesquisa de campo feitos por empresas e instituições científicas, 30 nem sequer foram analisados. "São necessários até dez anos para as pesquisas serem concluídas e então podermos pedir a liberação comercial", diz Fernando Reinach, presidente da Alellyx, empresa do grupo Votorantim que no ano passado solicitou autorização para testar uma variedade de cana-de-açúcar mais produtiva, um eucalipto com qualidade superior de madeira e uma cana-de-açúcar resistente a vírus -- as três foram recentemente liberadas. A liberação de testes, contudo, é apenas uma primeira etapa. O passo seguinte é a aprovação para produção e comercialização -- que também depende da CTNBio. "As empresas brasileiras estão perdendo competitividade científica, tecnológica e econômica", diz Alda Lerayer, secretária executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia. "Nosso trabalho não evolui porque há um grupo que trabalha contra", afirma, em tom de desânimo, o bioquímico Walter Colli, presidente da CTNBio e membro da ala de oposição ao G7. "Transformaram a comissão numa assembléia que não funciona."

Esse clima de assembleísmo foi explicitado na primeira reunião deste ano, ocorrida em fevereiro. Na ocasião, o professor Dal Soglio, indicado como especialista em agricultura familiar, leu e distribuiu uma carta de integrantes da Campanha por Um Brasil Livre de Transgênicos criticando a CTNBio por ter feito "liberações açodadas". O recado de Dal Soglio resumiu o pensamento do G7: não há por que ter pressa na aprovação de sementes transgênicas. Embora não exista nenhuma pesquisa científica séria indicando risco à saúde por parte dos transgênicos, apesar de já ter passado mais de uma década das primeiras lavouras geneticamente modificadas, a resistência dos ambientalistas se baseia na crença de que um dia, afinal, o mal virá.

A lentidão provocada pelo G7 despertou a ira dos ministros do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e da Agricultura, Luiz Guedes Pinto, que forçaram a convocação em agosto do Conselho Nacional de Biossegurança, composto de 11 ministros. Os trabalhos até que ganharam velocidade desde então, mas o grande teste da comissão ainda está para ocorrer, quando os processos de liberação comercial forem julgados. Obter 18 votos para aprovar a comercialização de transgênicos, e assim derrotar o G7, será uma façanha. "O Brasil é uma potência agrícola, mas precisa urgentemente de um salto tecnológico para não perder competitividade", diz Reinach.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 07 Nov 2006, 07:35

Azevedo

Por que Vanucchi não fica calado?

Paulo Vannuchi, ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos não sabe o que diz. Por essa razão, talvez não lhe dêem bola. Se for levado a sério, as coisas se complicam um tanto. Ninguém duvida de que o Brasil passou por uma ditadura. E que ela, como exceção e não como regra, matou pessoas ao arrepio da lei. Por isso, muitas famílias de mortos receberam indenização. Por isso, muitas pessoas foram indenizadas em vida. Em alguns casos, como é o de Lula, a reparação é uma indecência. Mas está aí. O companheiro é considerado uma “vítima” da ditadura militar e recebe pouco mais de R$ 4 mil por mês. Mas vítima mesmo é Carlos Heitor Cony, que recebeu R$ 1,5 milhão mais pensão mensal de R$ 20 mil...

O que quero dizer com isso? A punição do Estado que chegou a matar gente que estava sob a sua guarda – e isso é inadmissível – abriu espaço para muitos aproveitadores. Mas ninguém, até agora, havia tido a idéia iluminada de revogar a Lei de Anistia. Vannuchi teve. E deveria ser mandado para casa. Mas, é claro, não vai.

Explico: segundo informa o Estadão on Line, ele “participou nesta segunda de cerimônia que marcou o início, no Rio, da coleta de amostras de sangue de parentes de desaparecidos políticos, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O material colhido vai integrar um banco de DNA que permitirá a realização de exames para identificar mortos e desaparecidos políticos no País.“

Depois do evento, como quem não quer nada, disse que não daria prioridade à punição dos militares – como se ele pudesse fazê-lo se quisesse. E argumentou: se acenasse com isso, não receberia ajuda. Entenderam o raciocínio? É como se as Forças Armadas só aceitassem colaborar com a garantia da impunidade. Mas há mais: depois que elas colaborarem, quem sabe ele possa se entregar à revanche...

Ocorre que não há impunidade nenhuma: a mesma lei que anistiou os militares anistiou aqueles que pegaram em armas para derrubar o regime e, pois, praticaram atos que podem ser considerados terroristas. José Genoino ou Dilma Rousseff, a juízo de Vannuchi, devem responder pelo fato de terem se armado para fazer a luta que chamavam revolucionária?A Lei de Anistia foi uma costura firme e paciente de quem comandou o processo de transição. Aprovada em 1979, deixou de fora os responsáveis pelos chamados “crimes de sangue”. Mas se dava o primeiro e importante passo. Até a anistia total.

O que me incomodou na fala de Vannuchi hoje foi a provocação idiota, gratuita: “Acho que o que o governo faz reflete o ambiente social. Se a imprensa, a universidade e os movimentos sociais fizerem pressão e o País achar que a anistia não foi recíproca, você cria possibilidade de ter algo semelhante ao que ocorreu no Argentina e no Chile." Este senhor está querendo levar desordem onde há ordem. Ademais, a comparação é estúpida sob qualquer critério que se queira: a ditadura da Argentina, que tem menos de um quarto da população brasileira, matou 30 mil pessoas; a verde-amarela, menos de 500, incluindo os que morreram na luta armada.

Certo, dirão: não deveria ter morrido uma só pessoa nas mãos do Estado depois de rendida. É o que eu também acho. Como não acredito que se possa sair por aí matando pessoas para fazer Justiça. Os militantes de então queriam derrubar a ditadura militar para pôr em seu lugar uma ditadura comunista – muitos já sonhavam com isso desde o governo Jango, como é claro e notório. Se tivessem conseguido, os mortos, em vez de menos de 500, se contariam às dezenas de milhares. Como sei? Tomo como padrão todas as ditaduras comunistas havidas no mundo. Por que a nossa seria diferente?

Dou atenção a Vanucchi porque, afinal, ele é um ministro de Estado. Sei que isso, a cada dia, requer menos gravidade nas palavras. Mas vá lá. Quase 30 anos depois e na plena vigência da democracia, este senhor quer revogar uma lei que nos rendeu a mais pacífica das transições de que se tem notícia de uma ditadura para uma democracia. Na melhor hipótese, deveria ficar calado. Na pior, juntar-se a Waldir Pires e criar uma crise militar. Afinal, como a gente vê, a oposição não está criando dificuldades para Lula. O espaço está livre para os petistas.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 08 Nov 2006, 15:31

Azevedo

Ao leitor que pensa ser marxista. Com açúcar, com afeto

Huuummm. Mais um petralha metido a alfabetizado. Este, ao menos, tem nome: João Paulo. A propósito da referência que fiz ao livro A Ideologia Alemã, de Marx, ele me manda estas simpáticas palavras, que seguem em azul. Gosto que tentem me assustar com vocabulário pseudo-acadêmico. Essa gente realmente não me conhece. Vamos lá:

Você nunca leu Marx, não é mesmo? Se lesse, saberia que ele nunca formulou, por exemplo, uma teoria do Estado (até por que o marxismo é estruturalmente incompatível com tal reflexão). Sequer pensou na Revolução, ou em como se daria a transição para a sociedade socialista. Logo, afirmar que na obra dele está alguma indicação sobre Gulags e processos sumários, é cretinice intelectual.
Assim sendo, para continuar a usar seu linguajar, culpar Marx por, sei lá, Stalin, é uma indigência histórica. É como culpar Jesus ou os Apóstolos, pelo genocídio na América, ou pelos Pogroms, ou ainda pela escravidão africana. A homologia é perfeita, não é mesmo?

Ele consegue falar em “teoria do Estado” e usar expressões como “estruturalmente incompatível” — o que demonstra que foi vítima da embromação submarxista na universidade (pior: embromação althusseriana: Althusser, sim, confessou que, de fato, não houvera lido Marx; depois matou a mulher...) — mas não sabe a diferença entre “por que” e “porque”. Muito típico. “Não sabem governar sua cozinha/ e querem governar o mundo inteiro” – Gregório de Matos. Vejam como ele nega com autoridade as coisas que eu não disse (em tempo: é “nem sequer” que se escreve). Onde escrevi que Marx pensou a transição para a sociedade socialista ou que havia indicação de “Gulags e processos sumários” em sua obra?

Não escrevi, mas a “indicação” das duas coisas é bem fácil de encontrar, embora eu não tenha escrito nada disso. A fraude socialista — e seu posterior desmoronamento — se devem à “Teoria do Valor”, de Marx, onde fica visível um misto de fascínio e horror pelo mercado. Tanto que Lênin é obrigado a aposentá-la nos primeiros anos da revolução. Só o Adedeuta Bigodudo, que se queria muito sabido (by Simon Sebag Montefiore), tentou aplicá-la a ferro e fogo. E foi o horror que se viu. Quanto à visão totalitária de mundo e da política, esta é parte constitutiva da obra de Marx, que via a questão social como uma espécie de evolução da natureza, de que o socialismo seria um ponto de chegada — ele, sim, buscou decretar a morte da história. João Paulo acha que me assusto com esse “pseudismo” universitário. "Homologia"??? Pfui... No mais, a comparação o trai: ele acredita mesmo que Marx fundou uma religião. Quando, à moda do Apedeuta, tenta encontrar um correspondente histórico "do outro lado" para o socialismo, recorre logo ao cristianismo... Pronto. Ganhou um presentinho do Tio Rei. Agora chega.
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

Postby mends » 10 Nov 2006, 12:21

Estado de Direito, vigência das leis e tortura

A decisão da Justiça que permite que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra seja processado sob a acusação de tortura, quase 30 anos depois da Lei da Anistia, que é de 1979, é um equívoco político. De grave irrealismo político. O processo, ademais, tem um caráter, vamos dizer, puramente simbólico. Não há como ele ser punido. O coronel nega a acusação. As pessoas que se dizem suas vítimas não têm dúvida de que ele é o responsável pelas agruras que passaram. Ainda que seja mesmo: creio que a devida expiação já está feita. A partir de agora, só há riscos.

A tortura é, em princípio, inaceitável. A sua gratuidade, no Brasil, só agrava a sua essência maligna. Trata-se de um crime abominável. Ainda que, sob certas circunstâncias — e elas NÃO estavam dadas durante o regime militar, destaque-se —, possa, sim, fazer parte de uma lista de procedimentos. Se um terrorista é preso e se as autoridades têm como certo que uma informação sua pode salvar algumas centenas de vidas, o que a nossa moral nos recomenda diante de tal dilema? Nessa hora, é preciso pôr quem você mais ama no avião ou no ônibus escolar. Estamos tratando de situações-limite. Sei: melhor não pensar nisso. Ou fazer como fizeram os EUA e Israel, que convivem com o problema: regulamentar. Pior, muito pior, acontece nas ditaduras árabes ou nas cadeias brasileiras onde estão os presos comuns: a tortura é prática corriqueira, embora ilegal.

Só avanço em tal terreno espinhoso para demonstrar que não estamos lidando com idéias puras. Há uma horrível dimensão concreta em tudo isso. Aqueles que recorreram à tortura no Brasil o fizeram ao arrepio de qualquer lei e sem que estivessem cuidando da “segurança do Estado”. O regime tinha forças regulares para enfrentar o raquítico movimento subversivo e/ou guerrilheiro.

Acontece que a Lei de Anistia integra o conjunto de normas do Estado de Direito no Brasil. E ela foi fundamental na pacificação do país. Certa esquerda gosta de pensar que se travava da luta de santos contra demônios. Não é verdade. Alguns esquerdistas egressos daqueles tempos demonstram que, até hoje, ainda não aceitaram a democracia como valor inegociável. Podem não empunhar mais armas, mas nem por isso respeitam as regras da convivência democrática. Se o PC do B tivesse vencido a batalha, os mortos não seriam pouco mais de quatro centenas, mas muitos milhões — a exemplo do que os comunistas fizeram mundo afora. Verdade ou mentira? A tortura é imoral. Mas a luta comunista também tinha uma moralidade a ser considerada.

Preocupante é quando esse processo se dá sob os auspícios de um Secretário Nacional de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, que especulou sobre uma revisão da Lei de Anistia desde que haja uma cobrança da sociedade, como ele disse.

Se Ustra foi o torturador das pessoas que o acusam, elas têm todo o direito de jamais esquecê-lo. Mais: têm o dever. Jamais simpatize com seu algoz. Nunca! Mas não dá para deixar de pensar no caso em questão sem transformá-lo numa questão geral: o conjunto dos brasileiros sairá ganhando abrindo essa caixa de horrores, generalizando o procedimento? Uma Lei de Anistia, parece, vale para todo mundo. Até para Ustra. Ou teremos de refazer a nossa história.
Estamos lidando com uma coisa abominável — a tortura — e com a melhor garantia da civilização: o Estado de Direito numa democracia.

R. Azevedo
"I used to be on an endless run.
Believe in miracles 'cause I'm one.
I have been blessed with the power to survive.
After all these years I'm still alive."

Joey Ramone, em uma das minhas músicas favoritas ("I Believe in Miracles")
User avatar
mends
Saidero MegaGoldMember
Saidero	MegaGoldMember
 
Posts: 5183
Joined: 15 Sep 2003, 18:45
Location: por aí

PreviousNext

Return to Política

Who is online

Users browsing this forum: No registered users and 0 guests

cron