Série de ataques em São Paulo deixa 52 mortos e 50 feridos
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da Folha Online
A maior série de ataques contra forças de segurança de São Paulo deixou, desde a noite da última sexta-feira (12), 52 pessoas mortas no Estado. O número inclui policiais civis, militares, guardas metropolitanos, agentes penitenciários, civis e suspeitos. Segundo balanço divulgado pelo governo estadual na manhã deste domingo, no total, cerca de 50 pessoas ficaram feridas.
A violência também chegou a penitenciárias e CDPs (Centros de Detenção Provisória). Desde sexta, foram registradas rebeliões em 36 unidades do Estado. Muitas começaram entre a madrugada e manhã deste domingo. Há reféns.
As ações são orquestradas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), em retaliação à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção. Na quinta-feira (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), com a intenção de coibir ações promovidas pela facção.
Na sexta, oito lideres do PCC foram levados para depoimento na sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), na zona norte de São Paulo. Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.
Ataques
Desde a noite de sexta, foram registrados cem ataques contra forças de segurança em todo o Estado.
De acordo com o balanço do governo, foram 42 na cidade de São Paulo --cinco no centro, oito na zona norte, cinco na zona oeste, nove na zona sul e 15 na zona leste--, 17 na Grande São Paulo, dez no litoral e 31 no interior.
Além das 52 mortes --sendo 35 entre policiais civis, militares, integrantes de guardas metropolitanas e agentes de segurança de penitenciária--, cerca de 50 pessoas ficaram feridas: 24 PMs, cinco policiais civis, cinco guardas, dois agentes penitenciários, oito civis e seis suspeitos.
Rebeliões simultâneas
Presos rebelados mantêm, neste domingo, mais de cem reféns. Os motins começaram na tarde da última sexta-feira (12), em Iaras e Avaré. Depois se alastraram para outras unidades.
Em 2001, uma megarrebelião orquestrada pelo PCC atingiu 29 unidades no dia 18 de fevereiro. Os líderes do grupo conseguiram organizar o movimento e dar a ordem para o início dos motins se comunicando por meio de telefones celulares. O dia escolhido foi um domingo --quando os presídios estavam cheios de parentes e amigos dos detentos que faziam a visita semanal.
Governo
No sábado, o governador Cláudio Lembo (PFL) disse que o governo sabia, na quarta (10), que as transferências trariam "conseqüências". "Pensamos em todas as possibilidades e também nos riscos que nós poderíamos correr. Mas era preciso combater o que estava ocorrendo e acontecendo."
"Nós não estamos com bravatas nem com timidez. Estamos com a segurança de quem cumpre a lei e o Estado de Direito", disse o governador.
O comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, afirmou que a corporação estava em alerta, com equipes de prontidão, para possíveis reações. Ele disse acreditar que, devido ao alerta da polícia, o número de mortes "foi bem menor" em relação ao que poderia ocorrer.
Em entrevista que contou com a cúpula da Segurança no Estado, o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, descartou uma possível falha do governo na estratégia de isolar a liderança do PCC.
"Acho que a medida que o governo tomou era necessária, ainda que tenha ocorrido esta resposta, porque o governo tem que agir, tem que cumprir a lei e ser firme em suas ações."